90 anos de histórias

Em comemoração ao aniversário de nove décadas da Universidade Federal de Minas Gerais, o Cedecom – TV UFMG produz a série “90 anos de histórias”. Os episódios apresentam depoimentos de pessoas marcadas pelas experiências vivenciadas na Universidade e que nela também deixaram a sua marca. Até o dia 6 de setembro de 2017, véspera do aniversário, serão exibidos 90 vídeos, que terão a participação de professores, estudantes, funcionários, comunidade externa da UFMG e contarão as histórias de mudanças na paisagem universitária.

  • Universidade das mulheres

    Magda Neves graduou-se em Serviço Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, cursou mestrado em Ciência Política na Universidade Federal de Minas Gerais e doutorado em Sociologia na Universidade de São Paulo. No período da repressão, Magda foi expulsa do mestrado em virtude de sua militância política. Posteriormente, já como professora, participou da fundação do Nepem – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher, vinculado à Diretoria da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. O núcleo, em atuação há mais de trinta anos, colabora para que as mulheres tenham cada vez mais espaço de promoção e empoderamento.

  • História da universidade

    Maria Efigênia Lage é professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais. Suas pesquisas concentram-se nas áreas de História e Culturas Políticas, Ensino de História e Documentação. De forma particular, tem-se dedicado, ainda, a estudos e pesquisas sobre a história da UFMG. Em sua trajetória, foi Chefe do Departamento de História, Vice-diretora da Fafich, Coordenadora do Programa de Pós-graduação em História e Chefe de Gabinete da Universidade Federal de Minas Gerais. A professora comenta que, durante o reitorado de Cid Veloso, foi responsável pela administração dos documentos referentes ao período da ditadura militar, trabalho de muita confiança que Maria Efigênia assumiu com a incumbência de guardar, preservar e acessibilizar.

  • Conhecimento e cultura

    Berenice Menegale, pianista, estudou no Brasil, na França, na Suíça e na Áustria, país onde se diplomou pela Academia de Música de Viena. Criou a Fundação de Educação Artística e participou de diferentes projetos culturais e artísticos na Universidade Federal de Minas Gerais. Para Berenice, a sua maior realização foi fazer parte da criação do Festival de Inverno da UFMG, em 1967, que, desde o início, destacou-se na cena cultural brasileira. Professora da Universidade Federal de Minas Gerais entre 1975 e 1999, Berenice acredita que conhecimento e cultura são indissociáveis.

  • Mudar o mundo

    A instabilidade política vivenciada na República Democrática do Congo fez Louison Mbombo se mudar para o Brasil em 2013. Seguindo os passos do pai, decidiu cursar Medicina e escolheu a Universidade Federal de Minas Gerais para se profissionalizar. O estudante acredita que as aulas e as experiências na iniciação científica foram fundamentais para que ele encontrasse o seu lugar no mundo. Em 2017, Louison foi selecionado pela Unesco para participar da Youth Citizen Entrepreneurship Competition, com o trabalho de prevenção às mortes de crianças por malária, em Gungu, na República Democrática do Congo. E esse é apenas um dos projetos do estudante, que, aos 23 anos, traça novas estratégias para viajar por diferentes países, propagando melhorias para a saúde das pessoas e salvando vidas.

  • Relação afetiva

    Gerson Antônio Pianetti é graduado em Farmácia pela UFMG, mestre em Análise, Síntese e Controle de Qualidade de Medicamentos, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e doutor na área de Controle de Qualidade de Fármacos pela Universidade de Paris XI. Professor Titular da Universidade desde 1976, Pianetti foi diretor da Faculdade de Farmácia por duas gestões. Sua trajetória expande fronteiras: o professor já trabalhou no Ministério da Saúde, esteve à frente da Comissão da Farmacopeia Brasileira, atuou como membro observador da Pharmacopée Europeénne em Strasbourg, na França, e também como consultor da United States Pharmacopoeia. É membro eleito das Academias Brasileira e Francesa de Farmácia. O idealizador e atual coordenador do Projeto de instalação do Centro de Memória da Farmácia ressalta que a Universidade é, sobretudo, um lugar de formar cidadãos.

  • Inspiração de liberdade

    Fábio Lucas graduou-se em Direito e doutorou-se em Economia e História das Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Na Faculdade de Ciências Econômicas, foi professor de História da Renda e Repartição da Renda Social. Durante o período da ditadura militar, sofreu perseguições, quando lhe retiraram a Cadeira em que lecionava, em 1969, e teve de partir para o exterior. Membro da Academia Mineira e Paulista de Letras, Fábio é autor de 40 obras de crítica e ciências sociais e de diversos livros ficcionais. Durante a nossa entrevista, a palavra liberdade é repetida algumas vezes pelo professor, mas pronunciada sempre com leveza e inspiração.

  • Mundo de possibilidades

    Fernanda Takai formou-se em Relações Públicas pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1993. A cantora, compositora e cronista teve do pai (geólogo) e da mãe (enfermeira) estímulos para seguir os estudos no ensino superior e considera o seu ingresso na UFMG uma grande realização pessoal e familiar. Aos 18 anos, quando iniciou os estudos em Comunicação Social na UFMG, Fernanda deixava a banda da escola e se inteirava da cena musical mineira. Nesse contexto, ao lado de Bob Faria e de John Ulhoa, que era estudante da Escola de Belas Artes, formou a banda “Assustados por um gesto”, que viria a ser, anos mais tarde, a “Pato Fu”. Naquela época, a música era uma brincadeira para a cantora. Fernanda se dedicava à carreira como RP e diz ter aproveitado ao máximo as oportunidades que a Universidade oferecia, em diferentes cursos e experiências de estágio, que foram importantes para a sua formação. Filha ilustre da UFMG, Fernanda Takai considera a Universidade como um mundo de possibilidades.

  • Uma grande paixão

    Maria de Lourdes está há 34 anos na Universidade Federal de Minas Gerais, onde construiu uma segunda família. Uma das transformações que marcaram a sua trajetória foi a mudança da Faculdade de Odontologia, no ano 2000, para o campus Pampulha. De acordo com a servidora, a nova sede proporcionou mais conforto para a comunidade, com instalações adequadas à demanda do público, e lhe possibilitou a oportunidade de trocar experiências com servidores de toda a Universidade. Maria de Lourdes quer permanecer ainda por um bom tempo atuante e presente na UFMG, sua grande paixão.

  • Direito à educação

    Miguel Arroyo, professor Emérito da Faculdade de Educação, sempre apoiou práticas de ações afirmativas, ao longo dos seus 40 anos de atuação na UFMG. Ele sempre acreditou que todos os movimentos sociais tinham direito à educação e que o conhecimento produzido pelos setores populares também deveria ser reconhecido como conhecimento. Em sua atuação na Universidade, ele defendeu a criação de iniciativas que valorizassem a inclusão social, como o curso “Pedagogia da Terra” (2005), que tinha o objetivo de atender os militantes do Movimento sem Terra, e os cursos de formação de educadores indígenas (2006) e de educadores do campo (2009), que favoreceram a inclusão de movimentos quilombolas e indígenas no espaço universitário.

  • Compromisso com o social

    Nilma Lino Gomes já era professora quando decidiu se graduar em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, na década de 1980. Na sua opinião, o contexto nacional de redemocratização política lhe permitiu ter contato com leituras críticas sobre a realidade social e a sua própria história. Ela fez mestrado na Faculdade de Educação, onde se tornou também professora e coordenadora do programa de Ações Afirmativas. Nilma é doutora pela USP, com  pós-doutorado pela Universidade de Coimbra. Foi reitora pró-tempore da UNILAB e ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, entre 2015 e 2016. Na UFMG, suas pesquisas focam a confluência entre temas como diversidade, relações étnico-raciais, educação, políticas educacionais e movimentos sociais, com ênfase na atuação do movimento negro brasileiro.

  • Atuação política

    O que mais marcou a trajetória acadêmica de Antônio Maria Claret Torres foi a sua atuação política em diferentes segmentos da Universidade Federal de Minas Gerais. Servidor técnico- administrativo por dois anos na Instituição, ingressou como professor da Escola de Veterinária da UFMG em 1980, por meio de contrato, e, em 1989, por concurso público. Para ele, essa década foi marcante para os servidores técnico-administrativos porque foi a época em que os trabalhadores saíram da condição de “serviçais” e começaram a lutar para mostrar a força de atuação deles na Universidade. Antônio Claret fala sobre o poder de transformação que os servidores da UFMG têm para construir um ensino público de qualidade.

  • A casa da Glória

    Marcos Roberto fez parte da primeira turma do Instituto de Geociências da UFMG, em 1968. Como professor, teve uma atuação importante na incorporação da Casa da Glória pelo Instituto, hoje reconhecido pelo estudo de mapeamento geológico e por seu pioneirismo na América Latina e visitado por diversos estudantes de várias universidades do Brasil. Marcos atuou também na criação da CAC, das Moradias Universitárias, da Praça de Serviços, entre outras. Essa dedicação à Universidade rendeu-lhe uma vida de realizações e a construção de um sólido vínculo com a UFMG.

  • Saber transdisciplinar

    Britaldo Silveira Soares Filho liderou a criação do Centro de Sensoriamento Remoto e da pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais da UFMG. Solucionar problemas ambientais é o cerne dos estudos desenvolvidos nesses espaços, que têm como princípio a utilização dos saberes transdisciplinares. Diversas áreas do conhecimento, como a biologia, a ecologia, a engenharia, a ciência da computação, as ciências sociais, entre outras, unem-se para impulsionar a melhoria dos problemas ambientais e a criação de formas sustentáveis de lidar com o meio ambiente. São pesquisas que abordam, sobretudo, impactos das mudanças climáticas e políticas públicas associadas.

  • Nunca é tarde

    Ivone da Silva Lage decidiu voltar a estudar aos 78 anos. Cheia de entusiasmo e com o apoio da família, concluiu o ensino fundamental no Centro Pedagógico da UFMG em 2005, pelo Programa de Educação Básica de Jovens e Adultos (Proeja). No mesmo ano, iniciou os estudos no Projeto de Ensino Médio (Pemja), pelo Colégio Técnico da Universidade. Mesmo depois de formada, retornou várias vezes à Instituição para contar sua experiência e motivar outros estudantes a retomar a vida escolar. A idade nunca foi obstáculo para os sonhos de Dona Ivone. Aos 92 anos, ela faz questão de ressaltar que conhecimento não tem idade e que a UFMG lhe deu essa oportunidade.

  • Olhar sustentável

    Eliane Aparecida Ferreira cuida da Universidade Federal de Minas Gerais com prazer. Funcionária da Pró-reitoria de Administração desde o fim dos anos 1980, desenvolveu um olhar diferenciado para os serviços oferecidos no campus. A servidora conta que a Universidade mantinha projetos isolados de sustentabilidade e que, por isso, era necessário institucionalizar essas ações por meio de uma gestão estratégica. Assim, foi criado o Departamento de Gestão Ambiental, para que diversas modificações fossem implementadas. Hoje, há um programa de gestão de resíduos, de gestão de áreas verdes e a gestão de uma infraestrutura sanitária para a correta destinação de esgoto e economia de água. Eliane acredita que é papel da Universidade multiplicar ações sustentáveis a fim de que as pessoas entendam que cuidar do nosso ambiente é também cuidar do mundo.

  • Universidade do Mundo

    Vilma Botrel Coutinho de Melo fez parte da primeira Assessoria de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais que formalizou contatos com instituições de ensino estrangeiras, antes feitos isoladamente por cada unidade da UFMG. A assessoria, criada na gestão de Cid Veloso (1986-1990), tornou-se um modelo para diferentes universidades brasileiras. Foram estabelecidas parcerias com países da Europa e da América do Norte para intercâmbio de estudantes e professores e para transferências de tecnologias e equipamentos. Vilma conta orgulhosa que aquele grupo de 10 pessoas foi uma semente para o que hoje é a Diretoria de Relações Internacionais (DRI) da UFMG.

  • Festival no corpo

    Rodrigo Pederneiras começou a dançar ainda muito jovem, aos 15 anos, mas não sabia qual caminho profissional iria seguir. Foi em 1972, no Festival de Inverno da UFMG, que tudo se transformou. Durante uma oficina, Rodrigo encontrou o bailarino argentino Oscar Araiz, que foi o seu maior mestre. A convite de Araiz, Rodrigo morou em Buenos Aires, onde começou a dançar profissionalmente. Em 1975, a ideia de criação do Grupo Corpo estava consolidada. Hoje, são 42 anos de um grupo que é referência nacional e internacional. Rodrigo ressalta a importância fundamental do Festival de Inverno da UFMG como espaço de fomento às novas produções artísticas, principalmente das ambições próprias da época da juventude.

  • 1975 - Criação da Fundep

    José Alberto Magno de Carvalho é professor emérito da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais e referência nacional em Demografia. Além de ter participado da criação do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), o professor foi membro do Conselho Universitário por oito anos e esteve à frente da comissão de criação da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), na década de 1970. José Alberto destaca a importância da Fundep para a integração de projetos acadêmicos, para captação de recursos e para a institucionalização e o desenvolvimento da pós-graduação na Universidade.

  • Tudo pela educação

    Foi o Colégio Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais que despertou em José Francisco Soares o desejo de ser pesquisador. Chico Soares, como é conhecido, graduou-se em Matemática e, aos 23 anos, já era professor da UFMG. Sua formação acadêmica foi dedicada a estudos no campo da Estatística, mas o seu olhar sensível para a realidade social levou-o para a Educação, área em que construiu uma sólida carreira. Focado na produção de pesquisas para os grandes problemas da sociedade, seus principais esforços se concentram na produção de instrumentos e parâmetros que possam quantificar e qualificar o aprendizado das crianças e jovens na escola. Chico reconhece a importância da Universidade na sua formação e se entusiasma com as pesquisas mais recentes que defendem uma educação inclusiva e cada vez mais diversa.

  • Ensinar de coração

    Cláudio Gelape é médico-cirurgião, especialista em cirurgia cardiovascular, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde também se tornou mestre, doutor e professor. Ele exerce a chefia de todo o serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular do Hospital das Clínicas da UFMG e já realizou mais de 100 transplantes de coração. O professor leva os estudantes para acompanhar as cirurgias, ciente da importância dessas experiências para a formação dos futuros médicos. Cláudio se orgulha de dedicar uma grande parte de sua vida à Universidade, retribuindo, de alguma forma, tudo o que adquiriu da Instituição.

  • Universidade Federal

    Ângela Vaz Leão exerceu diversos cargos ao longo de sua trajetória na UFMG. Foi professora, pesquisadora, diretora e membro de vários órgãos da administração. Ângela tem uma das carreiras mais produtivas no campo dos estudos de linguística e filologia no Brasil. Com uma memória cristalina, a professora, aos 94 anos, rememora o período da federalização da Universidade, um momento único salvo neste registro histórico em forma de depoimento vivo.

  • Ideal de uma era

    O cientista José Israel Vargas se formou em Química, em 1952, na Universidade de Minas Gerais. Apaixonado pela física e pela energia nuclear, o mais novo professor catedrático interino participou da criação e desenvolvimento do Instituto de Pesquisas Radioativas da Universidade (IPR, atual CDTN), que, de acordo com o professor, era, para a sua geração, uma esperança de se produzir energia barata para sanar as desigualdades no mundo. Assim, o IPR se tornou um dos polos precursores na produção de pesquisas e na internacionalização da UFMG. Vargas se tornou PhD pela Universidade de Cambridge e participou do Centro de Estudos Nucleares de Grenoble, na França. Além disso, foi secretário de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais e duas vezes ministro de Ciência e Tecnologia.

  • Conhecimento novo

    Sérgio Danilo Pena estudou no Colégio Universitário antes de iniciar os estudos na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. O professor titular da Unidade é hoje referência internacional em medicina genética. É professor do ICB, diretor do Laboratório de Genômica Clínica da Faculdade de Medicina e fundador do GENE – primeiro núcleo de genética médica da América Latina. As pesquisas desenvolvidas na UFMG contribuíram para o entendimento da diversidade genética presente em todos os seres humanos. A Universidade, para ele, é o lugar de produção do conhecimento novo.

  • Colégio Universitário

    Magda Becker Soares chega a afirmar que está presente na Universidade Federal de Minas Gerais desde quando se encontrava no útero materno. Sua mãe era professora da Faculdade de Letras, e o seu pai, da Fafich. Magda afirma que a Universidade foi sua vida, um lugar que exigia seu crescimento, mas que, sobretudo, fomentava sua resistência. Ela se diz movida pelo objetivo de transformar o resultado de pesquisas em ações. Foi protagonista na criação da Faculdade de Educação da UFMG, do Centro de Estudos sobre Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), do Colégio Técnico e participou ativamente de importantes momentos da Universidade. Autora de diversos livros sobre educação, incluindo renomados livros didáticos, Magda continua, atualmente, trabalhando para o avanço da educação no Brasil.

  • Cultura da inovação

    Evando Mirra de Paula e Silva é um dos precursores da modernização tecnológica brasileira. Graduado em Engenharia Mecânica e Elétrica pela UFMG e doutor em Ciências pela Universidade de Paris, Evando foi professor, pró-reitor e vice-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais. Com tato aguçado para perceber as dificuldades e as demandas sociais, assumiu a missão de criar novas tecnologias e projetar a Universidade no cenário nacional como líder na produção desse conhecimento novo. Hoje, o professor emérito da UFMG rememora os marcos dessa transformação na cultura da inovação.

  • Dedicação e cumplicidade

    João César de Freitas Fonseca cresceu e se formou na UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, como estudante e servidor. Do ensino primário no Centro Pedagógico ao curso de Doutorado e de servidor técnico-administrativo a Pro-reitor Adjunto de Recursos Humanos, o servidor coleciona experiências marcantes na Universidade em várias áreas do conhecimento. Hoje, o psicólogo atua na Escola de Engenharia e comemora 30 anos de trabalho dedicados à UFMG, marcados por uma trajetória de cumplicidade, na qual se destaca uma relação de mão dupla: ensinar e aprender a todo momento.

  • Laboratório vivo

    A rua foi laboratório de Munir Chamone durante período em que o professor de Imunologia do ICB – Instituto de Ciências Biológicas da UFMG envolveu-se em projeto de hidratação oral com soro caseiro na região metropolitana de Belo Horizonte. Nessa experiência, ele encontrou outras ações de extensão da UFMG e que também tentavam melhorar as condições de vida da população. Desde então ele passou a se dedicar ao estudo sobre desnutrição Infantil, que o levou a criar o “Pão forte”, composto alimentar de alto teor nutritivo que se transformou num poderoso instrumento de combate à subalimentação em comunidades carentes de Minas Gerais. A fórmula do pão forte foi resultado da soma de conhecimento e sensibilidade de um pesquisador dedicado a transformar a realidade da sua região.

  • Ciência da Diversidade

    Um dos maiores especialistas brasileiros em políticas públicas educacionais, Carlos Roberto Jamil Cury é membro do Comitê Científico do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares, do Conselho Superior da CAPES e do Conselho Nacional de Educação da Sociedade Brasileira para Ciência (SBPC). Também fez parte da Câmara de Ciências Humanas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Na UFMG, atuou também como pró-reitor adjunto de pesquisa. Em seu depoimento, Cury rememora com orgulho importantes reformulações da Universidade.

  • Ampla atuação

    Antônio Emílio Angueth de Araújo teve atuação ampla na Universidade Federal de Minas Gerais, que extrapolou a carreira de professor do Departamento de Engenharia Elétrica. Foi coordenador da COPEVE (Comissão Permanente do Vestibular) entre 2000 e 2004, época em que participou tanto do processo de isenção da taxa de inscrição para o vestibular quanto das discussões sobre a expansão dos cursos noturnos na UFMG. Atuando no âmbito do Conselho de Ensino, Antônio esteve envolvido no processo de flexibilização curricular e relata que o contato com outras áreas do conhecimento e as discussões nas diferentes etapas de criação de uma política acadêmica contribuíram para o seu entendimento do que é uma Universidade.

  • Sempre verde

    Geraldo Mota é diretor da Divisão de Áreas Verdes da Universidade Federal de Minas Gerais. “Cuidar” é a palavra que ilustra o trabalho da equipe que monitora os campi universitários. O grupo é responsável pela manutenção, pelo rastreamento e pela composição de novas áreas de jardinagem. Recentemente, a equipe passou a ser responsável também pelos aceiros – ruas periféricas dos campi criadas para evitar os incêndios que ocorriam antigamente e atingiam as vegetações naturais. ”O verde transforma as pessoas e tem enorme relevância no cotidiano”, afirma Geraldo.

  • Riqueza semeada

    Quando Flaviano Oliveira Silvério ingressou no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, a Unidade ainda não estava num ritmo satisfatório de pesquisa, pois havia muitos problemas ainda sem solução. Pouco tempo depois, o ICA sofreu transformações que possibilitaram a implantação de laboratórios com equipamentos de ponta. Atualmente são quatro laboratórios que trabalham o solo, a água e o ar, além de uma equipe de professores e profissionais altamente especializados. Tudo isso tornou possível o desenvolvimento de pesquisa mais aprofundada no campus Montes Claros. Hoje, a pós-graduação do Instituto oferece uma formação completa ao estudante da UFMG.

  • Ciência da Informação

    Paulo da Terra Caldeira entrou para a Universidade Federal de Minas Gerais como servidor, no início da década de 1960, época em que a Universidade começava a se mudar para o campus Pampulha. Trabalhava no quinto andar da Reitoria e ficava encantado com a movimentação que havia no piso superior, ocasionada pelos alunos do curso de biblioteconomia, que estava abrigado no sexto andar. Naquela época, o público era predominantemente feminino, e ele o chamava carinhosamente de “as pupilas do senhor reitor”. Foi assim que o servidor decidiu pelo seu destino no ramo da Ciência da Informação: Paulo se formou na UFMG e se tornou professor. Esteve à frente da biblioteca universitária no início dos anos 90, quando ocorreu a informatização dos acervos da Universidade.

  • Norte universitário

    Emilson Dias Costa faz parte de uma cooperativa que engloba a associação de produtores familiares na região do Norte de Minas Gerais. Ao todo, são 200 agricultores associados responsáveis por 60% da produção de hortaliças do município de Montes Claros. Emilson destaca a importância do trabalho em conjunto com a UFMG, primordial para o compartilhamento de informações e tecnologias para o homem do campo. ”O papel da Universidade é relevante para o aumento e o modo correto de produção”.

  • Referência Nacional

    Georgino Júnior conta que aprendeu muito durante os 30 anos em que lecionou direito agrário. Foi no contato com professores e estudantes de ciências agrárias que entendeu a complexidade e, ao mesmo tempo, a simplicidade da natureza. Georgino destaca que o campus Montes Claros é uma referência nacional e reafirma que ser professor é também um processo de aprendizagem, pois foi na Universidade, com esse povo ligado ao campo, que aprendeu a “ser gente”.

  • Aberta ao mundo

    Jaciara Pankararu saiu de Pernambuco para estudar Agronomia no Instituto de Ciências Agrárias da UFMG, em Montes Claros. Dentro da Universidade, o conhecimento científico se aliou aos saberes que a estudante desenvolveu na aldeia. Como terreno fértil, a troca de experiencias é fundamental para o aperfeiçoamento de técnicas e desenvolvimento de novas tecnologias. Jaciara acredita que pode agora contribuir muito mais com a sua comunidade com tudo o que aprendeu na graduação. Para ela, a UFMG não se restringe a Minas, está aberta ao mundo.

  • Degraus de crescimento

    Otaviano Pires entrou para o Instituto de Ciências Agrárias – ICA em 1977 e participou de importantes transformações da Universidade, desde os tempos em que o Instituto era um colégio agrícola de formação técnica. Posteriormente, a unidade se tornou o Núcleo de Tecnologia em Ciências Agrárias e, finalmente, com a criação dos cursos superiores, passou a Instituto de Ciências Agrárias. Em 2008, o ICA deixou de ser uma unidade especial da UFMG, vinculada à Reitoria, e passou ao status de unidade acadêmica. Em 2009, deu-se a implantação de quatro novos cursos de graduação: Administração, Ciências de Alimentos, Engenharia Agrícola e Ambiental e Engenharia Ambiental. Otaviano foi diretor do ICA por dois mandatos e afirma que cada conquista era um momento de alegria e comemoração.

  • União que transforma

    Júlia Maria de Andrade ingressou na Universidade Federal de Minas Gerais em 1976, como estudante do curso tecnólogo em Bovinocultura. Durante sua trajetória, pôde acompanhar diversas transformações do que é hoje o Instituto de Ciências Agrárias. Foram muitos momentos marcantes, a exemplo da ocasião em que os docentes da unidade de Montes Claros, com receio de que ela fosse fechada, viajaram de trem até o campus Pampulha para conversar com o reitorado. Em todas as suas histórias, o que se destaca é o espírito de união entre docentes, discentes e servidores. Dos 38 anos de presença na Universidade, Júlia estreitou laços de amizades que extrapolam a sala de aula. Em qualquer lugar que passa, os alunos sempre a reconhecem: “Julinha, minha professora da UFMG!”

  • Cria da Universidade

    Manoel Martins Siqueira chegou ao campus da UFMG em Montes Claros juntamente com a sua família em 1967. Eles foram convidados para trabalhar no extinto Colégio Agrícola de Montes Claros, onde hoje é o Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. Moraram durante 40 anos na Universidade. Nessa época, seu pai era vaqueiro, a irmã trabalhava na cozinha, e o irmão ajudava os pais. Em 1975, Manoel foi chamado para trabalhar na Universidade, na área de Serviços Gerais. Posteriormente, em 1978, foram criados diversos setores na unidade – Manoel passou a trabalhar no Laboratório de Análise de Solos e ali está até hoje. Ele diz que sua história está fortemente atrelada à do ICA – os dois caminharam juntos e cresceram juntos.

  • Ciência em expansão

    Renato Las Casas é professor do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais. Apaixonado pela Astronomia, coordena há 30 anos o Grupo de Astronomia da UFMG – Observatório Astronômico Frei Rosário –  e tem-se dedicado ao ensino e à divulgação científica. Em 2008, recebeu do Governo do Estado de Minas Gerais o prêmio “Prof. Francisco de Assis Magalhães Gomes”, por seu trabalho em prol da popularização da ciência. Las Casas acredita que uma das coisas mais importantes que a UFMG faz, realmente, é promover uma cultura de integração entre as pessoas.

  • Presença musical

    Mauricio Freire Garcia afirma que sua relação com Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais é visceral. Maurício é professor de flauta da Escola de Música, onde também foi diretor por dois mandatos. Um dos momentos mais importantes para ele foi a mudança da unidade do centro para o campus Pampulha. Houveram apresentações de grupos e diversas intervenções que vieram mostrar onde seria a nova sede. Maurício relembra o tema: “ A Escola de Música está chegando, venha nos conhecer”. E ainda destaca que essa mudança foi fundamental para que a escola estreitasse as relações com as outras unidades.

  • Faculdade do Samba

    Aos 78 anos de idade, Juarez Araújo participa toda semana de reuniões no Centro Cultural UFMG com a Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte. Há 18 anos o grupo se encontra no espaço. Para Juarez, um dos momentos mais marcantes da trajetória do grupo foi um carnaval realizado durante o Festival de Verão da UFMG. Ficaram 2 meses se preparando e apresentaram maravilhosamente bem, ao ritmo das marchinhas antigas. “Venha viver parte do samba, venha fazer parte da faculdade do samba…”, canta com orgulho por pertencer à Universidade.

  • Visão de Universidade

    Maria Lúcia Malard ingressou na Universidade Federal de Minas Gerais aos 18 anos. Formou-se em Arquitetura e passou a trabalhar na construção arquitetônica da Universidade, em 1969. Atuou em projetos de diversos edifícios: Instituto de Ciências Biológicas, Escola de Educação Física e Terapia Ocupacional, Faculdade de Letras, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, entre outros. Durante a formação estrutural da UFMG, Maria Lúcia diz ter vivido experiências muito ricas, “numa espécie de simbiose com a Universidade”. Mais tarde, tornou-se docente e a primeira professora da Faculdade de Arquitetura com curso de Doutorado. Assumiu a coordenação do projeto Campus 2000, a partir do qual os projetos da Faculdade de Ciências Econômicas, Farmácia e Engenharia ganharam forma. Com todo esse trabalho, a professora pode assegurar que não se construíram apenas prédios, mas a visão de Universidade.

  • Teatro e Medicina

    Jota Dangelo mesclou a carreira acadêmica em Medicina com a sua paixão pelo Teatro. Natural de São João del Rey, mudou-se para Belo Horizonte em 1950 para estudar na Universidade de Minas Gerais. Participou da reestruturação do Diretório Acadêmico de Medicina e da criação da primeira semana de arte da Faculdade. Foi neste contexto que, em 1954, nasceu o Show Medicina, um espetáculo humorístico que aborda os temas da área da saúde, dirigido e encenado pelos estudantes da Unidade. Dangelo foi diretor do grupo até meados da década de 1960, e professor de Anatomia até 1985. Hoje, orgulha-se da força do Show medicina, do espaços conquistados e por ter se tornado uma “manifestação cultural única do corpo discente da Universidade”.

  • Compromisso com satisfação

    Darcy Valério de Sousa deixou o trabalho no campo na década de 1970 para tentar outras oportunidades em Belo Horizonte. O seu primeiro emprego foi na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e Letras, quando ainda estava localizada na rua Carangola, bairro Santo Antônio.  Sempre disposto a ajudar, atuou em vários setores: primeiro como faxineiro e depois como técnico da gráfica. Com a transferência, em 1983, para o campus Pampulha, Darcy começou a trabalhar em serviços gerais. Atualmente, é servidor aposentado, mas ainda atua na instituição e tem muito orgulho do seus 45 anos de trabalho na Universidade Federal de Minas Gerais.

  • Reforma universitária

    Ramayana Gazzinelli iniciou os estudos em 1951, no curso de Engenharia Civil da UMG. Apaixonado pela Física, formou-se e foi trabalhar no Instituto de Pesquisas Radioativas da Universidade Federal de Minas Gerais, o que é hoje o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). Fez carreira como docente e hoje é Professor Emérito da UFMG. Atuou em cargos de gestão da Universidade, e sua maior bandeira foi a luta pela Reforma Universitária, um projeto de reestruturação acadêmica para extinção das cátedras e para criação de departamentos e desenvolvimento das pesquisas. Ramayana esteve à frente da implantação da Pós-Graduação na Universidade e participou da criação do curso de Mestrado em Física da UFMG, classificado com nota máxima pela CAPES.

  • Universidade educadora

    A história de Maria Lisboa de Oliveira na Universidade Federal de Minas Gerais vem desde a infância, pois seus pais foram professores catedráticos da Instituição. Sua mãe, Alaíde Lisboa, foi professora da Faculdade de Educação e é conhecida do grande público pela autoria de clássicos infantis como A bonequinha preta e O bonequinho doce. Seu pai, José Lourenço de Oliveira, além de advogado e escritor, foi um dos fundadores da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade, a FAFICH. Envolvida pelo sentimento de pertencimento à Universidade, Maria Lisboa atuou em diferentes frentes e, além de professora da Faculdade de Educação, ocupou cargos de gestão e coordenou projetos importantes de reestruturação acadêmica, após a Reforma Universitária. A professora acompanhou as transformações da UFMG e diz que se transformou junto. “A Universidade foi minha grande educadora”.

  • Conhecimento global

    A Universidade Federal de Minas Gerais é muito mais que o local de trabalho do argentino Andrés Zarankin. Há 11 anos em Belo Horizonte, o professor diz que a Instituição se tornou um espaço de conquistas pessoais e profissionais, principalmente para o desenvolvimento de suas pesquisas. Zarankin publicou mais de uma dúzia de livros e mais de 50 artigos, em revistas nacionais e internacionais. Desde 1995 coordena um projeto internacional para estudar as primeiras estratégias humanas de ocupação da Antártica. Atualmente, é coordenador do Laboratório de Estudos Antárticos em Ciências Humanas da FAFICH-UFMG.

  • Atuação Política

    Fábio Wanderley Reis participou ativamente da criação do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais, inaugurado em dezembro de 1965. Sobre esse período, há muitas histórias que marcaram a formação do DCP UFMG, que ocorreu em meio ao regime da Ditadura Militar. “É possível falar de um certo efeito positivo que o regime autoritário criou ‘perversamente’, por assim dizer, e que tem a ver com o fato de que as condições pouco propícias ao debate político geral criavam certo estímulo especial nos centros acadêmicos dedicados aos problemas sociais e políticos”, relembra o professor, que teve uma contundente atuação política na Universidade.

  • Caminhada de formação

    A trajetória do professor e farmacêutico Duílio de Paiva Lenza se mescla com a história da Faculdade de Farmácia e Odontologia da UMG. Duílio prestou vestibular em 1952, último ano em que a seleção foi feita por prova oral na qual os estudantes eram arguidos por professores do curso. Ele chegou a estudar por um semestre na Unidade situada na Praça da Liberdade, porque a escola em seguida foi transferida para a nova sede, na rua Conde de Linhares, no Cidade Jardim. Ali se formou e se tornou professor do curso de Farmácia. Observou o desenvolvimento dos laboratórios e o aprimoramento da pesquisa na Faculdade. As mudanças foram acompanhadas por uma nova instalação na Avenida Olegário Maciel, onde se aposentou. É com orgulho que o professor relembra os momentos desta caminhada.

  • Testemunho para o futuro

    Pintora, gravadora, desenhista e muralista, Yara Tupynambá participou da criação da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, onde foi professora de Gravura e diretora. Realizado na década de 1960, o mural sobre a Inconfidência Mineira localizado na reitoria é considerado pela artista a obra mais importante de sua trajetória. O painel descreve cenas do movimento mineiro e foi finalizado com a frase “Condição primeira para cultura é liberdade”. Yara nos conta como foi executar esse trabalho em meio à ditadura e a importância desse trabalho, que ela considera um testemunho para o futuro.

  • Encontro com a diversidade

    Laura Nazareth estudou o ensino médio no Colégio Técnico e, atualmente, cursa Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Minas Gerais. Laura ressalta que a UFMG sempre foi um espaço aberto, que a ajudou em sua construção pessoal. Principalmente, na construção da mulher, pois o seu processo de auto descoberta e transformação ocorreu na passagem pela Universidade desde o ensino médio. Não que ela tenha se tornado outra pessoa, mas com certeza, a estudante vivenciou coisas muito diferentes.

  • Campus público

    Carlos Henrique Maciel começou a correr aos 40 anos. Vizinho do campus Pampulha, corria com frequência em ruas asfaltadas. Um dia, passando por uma das portarias da Universidade Federal de Minas Gerais, ficou encantado pelo campus e perguntou se poderia entrar. “Pode” –  respondeu o segurança afirmativamente. Desde então, todos os dias, Carlos percorre 18 quilômetros pelas trilhas que integram a Universidade. “Eu me considero um guardião deste lugar”, comenta o corredor, que faz questão de contribuir para a preservação do espaço público como se fosse parte de sua própria casa.

  • Espaço de conquistas

    Carlito está finalizando a graduação em Letras na Universidade Federal de Minas Gerais – realização de um sonho que surgiu ainda na infância. As suas experiências acadêmicas lhe abriram os horizontes, e seu maior objetivo, agora, é escrever um romance. Carlito tem consciência dos desafios da vida, mas considera a universidade um espaço de conquista. Na UFMG fez muitos amigos e ainda teve a oportunidade de estudar francês, o que sempre desejou. Não quer pensar na despedida, ainda aproveita cada semestre do curso como se fosse o primeiro e com a intensidade de quem vive o último.

  • Presença constante

    Joaquim Martins Ferreira Neto estudou na Escola Superior de Veterinária na década de 1940. O curso estava sediado na Gameleira, onde atualmente está instalado o Parque de Exposições. Quando a Unidade foi incorporada pela UMG, em 1961, o senhor Joaquim já lecionava na Escola. Como professor, cumpriu diversas funções, entre as quais, a chefia dos Departamentos de Patologia e de Clínica e Cirurgia. Foi diretor da Escola e membro das Comissões de Regimento, Legislação e de Finanças da Faculdade. Dirigiu o Hospital Veterinário e também fez parte da criação do Programa de Pós-graduação. Com presença sempre constante na vida universitária, orientou mais de 30 alunos de mestrado e doutorado. Senhor Joaquim Martins foi editor da revista Arquivo Brasileiro de Veterinária e Zootecnia e publicou mais de 120 artigos científicos.

  • Construção da Universidade

    Podemos dizer sem meias palavras que João Dimas ajudou a erguer grande parte da Universidade Federal de Minas Gerais com as próprias mãos. Atuou na construção e manutenção da maioria dos prédios da Instituição desde o início dos anos 1970. São muitos trabalhos desafiadores e marcantes, mas um, em especial, orgulha-o muito: “A impermeabilização da laje da Reitoria foi um trabalho que eu abracei. Foi difícil, mas entrar hoje no saguão principal e ver a obra da Yara Tupinambá intacta e o teto do auditório sem nenhuma marca d’água é uma satisfação muito grande”, relata. É por isso que João Dimas defende que temos que cuidar da UFMG como se fosse a nossa segunda casa.

  • Galpão de histórias

    Eduardo começou a fazer teatro no movimento estudantil, quando estudava Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais. No ano de 1982, durante uma oficina de Teatro de Rua do Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina, ele e outros oficineiros deram início ao Grupo Galpão. Sob direção de participantes da Companhia do Teatro Livre de Munique, atuaram na montagem de “A alma boa de Setsuan”, de Bertolt Brecht, primeira montagem que deu origem à formação do grupo. A ligação com a Universidade se perpetuou ao longo do tempo, de várias formas: nos ensaios, com a guarda de cenários e vestuários, na frequente participação nos Festivais de Inverno e nas apresentações no campus Pampulha – relações frutíferas que promovem o constante retorno à sociedade.

  • Retribuição de carinho

    Maria Carmen formou-se em Odontologia na Universidade Federal de Minas Gerais em 1987. Dezesseis anos mais tarde, retornou à UFMG como professora da Unidade. “Não há satisfação maior do que ser acolhida novamente”, conta a docente, que teve o apoio da Fump quando ainda era aluna. O auxílio foi fundamental para a sua formação e, na primeira oportunidade, pôde retribuir esse gesto da Instituição. Maria Carmem se tornou madrinha da Fundação, e as suas doações se reverteram em bolsas de estudos para estudantes da Faculdade. “Todos os anos a FUMP divulga uma lista com o nome do estudante que eu ajudei naquele ano. Eles não sabem que sou eu, mas eu sei quem são eles”, declara orgulhosa pela dedicação dos alunos beneficiados.

  • O show anatomia

    Murilo começou a estudar Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais em 1973. Durante a graduação, chegou a ser diretor cultural do Diretório Acadêmico Alfredo Balena. Recorda dois períodos distintos que marcaram sua rotina no Campus Saúde: um de ditadura, marcado por repressão e medo, e outro de entusiasmo, na fase do movimento de abertura política, no qual, como ele lembra, “o clima era de alegria, os estudantes faziam muitas festas e havia muito namoro, muita curtição”. Um dos momentos mais especiais vividos pelo médico foi a sua participação no Show Anatomia. Inspirado no tradicional Show Medicina, o espetáculo era uma oportunidade para os alunos do terceiro período matriculados na disciplina de Anatomia contarem as experiências vividas durante o semestre. As aulas eram ministradas pelos professores Carlos Américo Fattini e Jota Dângelo. “O Show Anatomia era um sucesso, lotava o auditório da faculdade. Havia muitas histórias divertidas”, conta.

  • De corpo e alma

    Mineiro de Santana dos Ferros, Júlio Varella é uma das figuras mais importantes da cena cultural Belo Horizontina. Na Universidade, chegou a ocupar diversas funções ao mesmo tempo. Dividia-se entre a Pró-reitoria de Extensão da UFMG, o Ars Nova, a Orquestra Sinfônica da Universidade, a Fundação de Arte de Ouro Preto, o Teatro Universitário. Ele conta com muita satisfação que foi a pessoa que levou o grupo Giramundo pela primeira vez aos palcos. Trabalhava, em média, 14 horas por dia. Júlio se diz realizado com sua trajetória. “Fui o primeiro produtor cultural de Minas Gerais. Todos me reconhecem como aquele que idealizou o que é atuar nessa área”, orgulha-se.

  • Troca de saberes

    Otávio Júnior é estudante da Escola de Enfermagem da UFMG. Ele é da etnia Kaxixó, grupo indígena que habita o município de Martinho Campos, a 220 km de Belo Horizonte. Otávio decidiu fazer o curso de graduação para colaborar com sua comunidade, uma vez que lá os recursos são escassos. Na Universidade, surgiram oportunidades para ele mostrar sua história, participando de seminários, projetos de extensão e pesquisa, que lhe possibilitaram esclarecer às pessoas o que é ser indígena.

  • Grandes conquistas

    Natural de Diamantina, Manoel Galdino queria ser padre e foi para o Seminário. Um certo dia, teve a oportunidade de assistir a uma sessão do Tribunal do Júri da sua cidade e se encantou pela advocacia. Mudou-se para Belo Horizonte e foi aprovado no curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Fez carreira como professor, começando pelo trabalho de orientação no DAJ – Divisão de Assistência Judiciária da UFMG. Entre os anos de 2003 e 2008 esteve na direção da Faculdade de Direito, o que para ele foi uma grande realização. Galdino também fez carreira na vida forense, como juiz de trabalho e procurador do Estado. É muito agradecido à Universidade, pois foi onde teve espaço para trabalhar, encontrar amigos e realizar grandes conquistas.

  • Descoberta mais importante

    Professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais,  Ângelo Machado é médico, ambientalista, entomólogo, dramaturgo e escritor. Ângelo foi responsável pela criação do Centro de Microscopia Eletrônica e concebeu o Laboratório de Neurobiologia do ICB, Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Descreveu cerca de 100 espécies de libélulas, participou, ao lado de Jota Dângelo, da criação do Show Medicina, publicou mais de trinta livros infantis, escreveu peças de teatro, em 64 anos de UFMG. São muitas histórias para contar, mas  Ângelo faz questão de dizer sem titubear qual foi descoberta mais importante que fez na Universidade.

  • Viver plenamente

    Raul Capistrano entrou para o curso de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais no primeiro semestre de 2016. Mas antes de iniciar a graduação, já participava de oficinas e discussões relacionadas à diversidade e gênero. Fez parte também da comissão que discutiu as normas da resolução 09/2015 do Conselho Universitário da UFMG, sobre a regulamentação do direito de inclusão do nome social nos registros, documentos e atos da vida funcional acadêmica, aos docentes, técnico-administrativos, discentes e demais usuários dos campi e das unidades da Universidade. Raul não tinha ideia que um dia faria parte desse universo de possibilidades, sem ninguém questionar algo que nem ele julgava ser tão importante, o próprio nome.

  • Movida por desafios

    Wanda Fernandes entrou na Universidade Federal de Minas Gerais com o cargo de Agente de Portaria da Escola de Educação Física Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Movida por desafios, ela buscou ampliar sua área de atuação. Tornou-se secretária do diretor da Unidade e, mais tarde, foi responsável pela reabertura do CENEX – Centro de Extensão da Escola. Em mais de trinta e três anos de trabalho, Wanda coleciona histórias de afeto e superação. Atualmente, sente-se realizada e com dever cumprido por ter feito sempre o seu melhor.

  • No timbre certo

    Cláudio Urgel teve seu primeiro contato com a Universidade Federal de Minas Gerais durante um projeto de extensão oferecido pela Escola de Música, ainda sediada no Conservatório da UFMG. A experiência despertou interesse para sua graduação em Violoncelo. Alguns anos mais tarde, prestou concurso para técnico-administrativo e, posteriormente, tornou-se professor. Ao todo, foram 40 anos dedicados à vida universitária.

    Durante a gestão como diretor da Escola, o professor realizou um fórum informal de diretores para aproximar as diferentes Unidades Acadêmicas da UFMG. Uma oportunidade para conhecer a produção das diferentes áreas do conhecimento, como para estreitar os laços e fazer grandes amizades.

  • Filho da Universidade

    Aos quatro anos de idade, André Chrispim veio de Congonhas para morar no terreno da Universidade Federal de Minas Gerais. Seu pai foi contratado para trabalhar nas obras da cidade universitária e trouxe a família para viver numa casa de pau a pique dentro da antiga Fazenda Dalva. Chrispim começou cedo a trabalhar na Universidade. Varreu, serviu café, foi motoboy e trabalhou no setor de compras do Departamento de Administração, onde atuou até se aposentar. Mesmo morando em outra cidade atualmente, o vínculo com a UFMG continua forte. O campus é sua casa, e ele, um filho da Universidade.

  • Estrada de afetos

    Edson trabalha na Universidade Federal de Minas Gerais desde 1994 e nela construiu, segundo ele, sua trajetória com muita satisfação e muito orgulho. Começou no setor de vigilância, fazendo a ronda noturna no campus Pampulha. Mais tarde, foi transferido para a Biblioteca Central, onde era responsável pelo trânsito de malotes de livros entre as bibliotecas universitárias. Hoje, é motorista do Instituto de Geociências e, na Unidade, criou vínculos de amizade e respeito com os professores e estudantes que viajam com ele para trabalhos de campo em todo o país. De ônibus, van, ou carro, cada experiência na estrada é uma história para contar.

  • Extensionista de coração

    Sônia Queiroz ingressou na UFMG, como professora, em julho de 1983. Seu primeiro trabalho foi no Festival de Inverno que ocorreu em Diamantina. A partir de então, nunca deixou de trabalhar nas edições posteriores do evento.

    Sônia se define como extensionista de coração e nos conta, com emoção, um episódio que presenciou num dos festivais de que participou. Hoje, a professora continua se dedicando aos temas que desde o início a tocaram: oralidade e escrita, poesia, conto, canto, transcriação, memória e cultura afrobrasileira.

  • Parceiras na luta

    Quando Luciana chegou à ocupação Dandara, em 2009, precisou construir um “barraco” rapidamente para tentar assegurar sua permanência naquele espaço. Assim como ela, muitas famílias da comunidade estavam com suas construções inacabadas, cheias de irregularidades. As melhorias vieram com a iniciativa de Carina Guedes e o projeto “Arquitetura Na Periferia”. A estudante de Arquitetura da UFMG compartilhou técnicas de planejamento de obras com as mulheres da ocupação, para que elas tivessem autonomia para fazer reformas em suas casas. Luciana participou do primeiro grupo e hoje é gestora do projeto. Casada e mãe de três filhos, conta que outros estudantes e professores da Universidade Federal de Minas Gerais abraçaram a Dandara e foram parceiros nessa luta.

  • Carinho alimentado

    Jurema começou a trabalhar na UFMG em 1979, como auxiliar de laboratório. Pouco tempo depois ocupou o cargo de assistente administrativo no Centro Pedagógico. Muito dedicada e atenta à rotina dos estudantes, a servidora sentiu a necessidade de incrementar a alimentação oferecida na Unidade. Foi uma das pessoas que investiu esforços para que fosse implantado o programa de merenda escolar para as crianças na Universidade. Jurema se dispôs a aprender diferentes receitas e técnicas de preparo dos alimentos para diversificar o cardápio, até que fosse possível contratar uma nutricionista. Sua dedicação é reconhecida no sorriso aberto e no rosto corado das crianças alimentadas com carinho.

  • Nosso compositor

    Artista plástico e motorista aposentado da Escola de Engenharia, Antônio Augusto Neto sempre conciliou a profissão com a arte. Durante a semana, viajava com professores e estudantes para trabalhos de campo no interior de Minas e ficava atento às paisagens para representá-las em seus quadros, nas horas vagas. Estudou Artes Plásticas nos anos 1950 e foi colega de artistas como Yara Tupinambá e Jarbas Juarez. Por seu estilo, foi considerado um fiel seguidor de Guignard.

    Aneto, ao longo dos 33 anos como motorista, fez muitos amigos e participou de momentos importantes da história da Universidade. Até hoje se lembra do hino que compôs em homenagem ao aniversário de 61 anos da Escola de Engenharia.

  • Direito das pessoas

    Letícia é mestranda em Direito e, antes de entrar para a Universidade Federal de Minas Gerais, conheceu a cultura do povo Krenak e se encantou. O reencontro entre eles ocorreu após o desastre na barragem de Mariana, em 2015. Para dar suporte à comunidade, a estudante propôs um projeto de extensão no âmbito do Direito, pois ela sabia do vínculo afetivo e familiar dos Krenak com o rio.

    Ciente de que poderia ajudar as pessoas com o conhecimento adquirido na Universidade, Letícia não imaginava que essa experiência agregaria tanto à sua formação. “Quando entramos no projeto, pensávamos que estávamos abrindo as portas da Universidade para as comunidades de Mariana, porém, foi o oposto: eles é que abriam suas portas para a gente”, conta a estudante.

  • Eterno otimista

    Nívio Ziviani ocupou diversos cargos administrativos relevantes no Departamento de Ciência da Computação da UFMG e teve forte liderança na criação dos cursos de graduação e de pós-graduação da Unidade. Ao longo de sua carreira acadêmica, teve notória atuação na relação academia-indústria, desenvolveu diversos protótipos que deram origem a várias empresas de alta tecnologia.

    Em setembro de 2005, já aposentado, mas sem deixar de lado as suas atividades de ensino e pesquisa na UFMG, recebeu o título de Professor Emérito do Instituto de Ciências Exatas da UFMG. Nos anos seguintes, foi agraciado com a Medalha de Honra da Inconfidência Mineira, admitido na Ordem do Mérito Científico na classe de Comendador e eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

  • Saudades de tudo

    Edgard Carvalho Silva se formou na Faculdade de Odontologia da Universidade de Minas Gerais (UMG) em 1946. Lecionou por trinta e cinco anos na Faculdade de Odontologia, ocupando o cargo de Diretor entre os anos de 1986 e 1989. Amante da profissão e pesquisador aplicado, tornou-se muito conhecido em Minas Gerais pelas cirurgias buco-maxilo-faciais que corrigem a posição de dentes e ossos da face.

    Além da coleção de títulos e destaques ao longo da carreira, Doutor Edgard se tornou querido e admirado pela comunidade acadêmica. Foi professor voluntário durante quatro anos e incentivador das políticas de inclusão da Universidade, chegando a ser padrinho e conselheiro da FUMP – Fundação de Apoio ao Estudante. Mestre dos filhos e netos que seguiram sua profissão, Doutor Edgard trabalhou assiduamente até os noventa anos de idade.

  • História da casa

    Kátia Rodrigues é a primeira integrante da sua família a concluir o ensino superior. Natural de Cordisburgo, transferiu-se para Belo Horizonte ao ser aprovada no vestibular para o curso de Gestão de Serviços de Saúde, da Escola de Enfermagem da UFMG. Para a realização desse sonho, recebeu o apoio da Assistência Estudantil e foi viver na Moradia Universitária.

    Kátia não imaginava que formaria uma nova família na “Casa das Pretas”, nome que as amigas atribuíram ao novo lar. Em 2016, veio a conclusão do curso e a despedida da moradia, mas as amigas encontraram um jeito de retornar e celebrar a história da casa.

  • Encontros diários

    A Universidade Federal de Minas Gerais começou a fazer parte da rotina do Pedro em 1985, quando ele veio trabalhar na banca de jornal localizada atrás da Reitoria. Naquela época, a clientela era bem diversificada, com muitas pessoas circulando o prédio da administração central, e ainda não havia no campus a Praça de Serviços. As transformações físicas foram acompanhadas de mudanças de hábitos nas relações das pessoas com o papel e o advento do digital. Mesmo lamentando por não ter conseguido acompanhar tantas mudanças, Pedro reconhece que os amigos permanecem e que a sua banca é um local de encontros diários.

  • Conhecimento transformador

    A pesquisa é importante para Élvio desde a infância, quando descobriu que o estudo poderia mudar a realidade das pessoas. Graduou-se em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Minas Gerais em 1964 e investiu na sua carreira de pesquisador. Sempre foi um professor bem-humorado, que chamava a atenção dos estudantes ao aliar os conhecimentos da Veterinária aos da Literatura, História e Filosofia, por exemplo. Para ele, todos precisam passar por uma formação ampla, porque “antes de ser um profissional, você é um cidadão”.

    Élvio foi Diretor da Escola de Veterinária e idealizador da Fundação de Estudos e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia. Em 2012, recebeu o título de professor emérito da UFMG.

  • Espírito universitário

    Ângela Pezzuti se mudou de Araxá para Belo Horizonte em 1964 com o sonho de trabalhar na Universidade Federal de Minas Gerais, desejo realizado no ano seguinte, quando foi contratada como secretária pelo extinto Escritório Técnico, sediado no prédio da Faculdade de Direito da UFMG. Com o desenvolvimento das obras na Pampulha, Ângela e toda a equipe passaram a ocupar o 8º andar da recém-inaugurada Reitoria, onde trabalhou até 1991.

    Para ela, “havia uma união de sentimentos que contribuía para o trabalho conjunto, porque todos compartilhavam o desejo de construir uma cidade universitária”. Ângela lutou contra o regime militar e acredita que esse espírito universitário foi responsável por manter a autonomia da Instituição e a resistência ao período da ditadura.

  • Sentido de Universidade

    O dia 5 de outubro de 1968 ficou marcado na história da Universidade Federal de Minas Gerais como um dos mais célebres momentos de resistência política da Instituição à ditadura. E um dos protagonistas desse episódio foi Waldo Silva, estudante de História e presidente do Diretório Acadêmico (DA) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), que, na época, ficava na rua Carangola, no bairro Santo Antônio em Belo Horizonte. Ele e seus colegas organizavam uma viagem ao Congresso da União Nacional de Estudantes (UNE) quando os militares cercaram o prédio a fim de prender o líder estudantil. Os professores e estudantes impediram a invasão. Dias depois, Waldo foi encontrado em outra cidade, junto com cerca de outros mil estudantes. Permaneceu preso até 1970. Obrigado a deixar o país, ele concluiu o curso superior na França, mas foi na UFMG que descobriu o sentido de Universidade.

  • Outros mundos

    Os livros passaram a fazer parte da rotina de Fernanda aos 12 anos. Uma vez por semana, a menina enfrentava a jornada de quase dois quilômetros para chegar ao Carro-Biblioteca – o segundo mais antigo programa de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, desenvolvido pelo Centro de Extensão da Escola de Ciência da Informação. O automóvel, que ficava estacionado no terreno descampado do distrito de São Benedito, levava a Santa Luzia os romances policiais de que Fernanda tanto gostava.

    A literatura lhe abriu outros mundos: hoje ela é pós-graduada em História e, em 2016, publicou seu primeiro livro de poesia, chamado Desancoragem, no qual dedica um agradecimento carinhoso ao Carro-Biblioteca.

  • Espaço de descobertas

    Marcony descobriu a Universidade Federal de Minas Gerais muito cedo, aos 13 anos, quando, curioso por informações sobre algumas peças antigas que havia achado no sítio da família, em Sete Lagoas, procurou o professor André Prous. Tendo sido bem-recebido, o adolescente encontrou incentivo para estudar bastante, e o interesse pela arqueologia crescia cada vez mais. Em 2012, iniciou os estudos em Antropologia na UFMG, e o seu trabalho de conclusão de curso teve a orientação do mesmo professor que, anos atrás, recebeu-o com os objetos antigos. Hoje, Marcony faz mestrado em São Paulo e é colaborador do Centro Especializado em Arqueologia Pré-histórica do Museu de História Natural (MHN) da UFMG.

  • Autor de mudanças

    Márcio Quintão Moreno iniciou a vida acadêmica na Faculdade de Filosofia da UFMG, em 1951. De aluno a professor, atuou em defesa da reforma universitária, um projeto de reestruturação acadêmica que tinha como um dos pilares a implantação de institutos básicos na Universidade. Neste contexto, Quintão lutou pela construção do ICEX, Instituto de Ciências Exatas, onde lecionou até se aposentar, em 2004. Além das atividades de ensino, exerceu várias funções de direção no Instituto e na Reitoria da UFMG. Hoje se orgulha de ver os seus esforços materializados no nível de excelência atingido pelo Departamento de Física.

  • Amor passional

    José Osvaldo acredita que seu vínculo com a UFMG transcende a questão técnica do ensino. Para o professor, a “UFMG é tipo um vício”, um lugar em que o “dia a dia é mais gostoso que penoso”. Há 37 anos na Universidade, foi estudante, monitor, fez iniciação científica, estágio e nela iniciou a carreira docente.

    O Laboratório de Extra Alta Tensão é um dos seus lugares preferidos, um grande galpão de alumínio, carinhosamente chamado por ele de “mal assombrado”. É esse o cenário para uma das melhores lembranças que o professor guarda do seu tempo de Universidade.

  • 50 anos de dedicação

    Darcy Ferreira dos Santos não passa despercebido na história da Universidade Federal de Minas Gerais. Sempre atuou no Departamento de Fisiologia do ICB, desde os tempos em que funcionava nas instalações da Faculdade de Medicina, na década de 1960. Ele era o responsável pela montagem, preparação e manutenção de materiais utilizados em aulas práticas de Fisiologia e Biofísica, mas sobrava disposição para trabalhos extras e para ajudar quem precisasse. Assim, ganhou o carinho e o respeito dos estudantes e professores com quem trabalhou.

    Em 2008, tornou-se o primeiro funcionário do corpo administrativo da Universidade a ser agraciado com o Prêmio Fundep, criado para homenagear pesquisadores de destaque da UFMG.

  • Universo de emoção

    Regina estudou ballet clássico na Fundação Palácio das Artes em 1975 e, desde então, atua como bailarina e professora. Assim como muitos bailarinos da mesma geração, nutria o sonho de aprimorar a sua formação no ensino superior. A realização desse desejo ocorreu em 2009, quando a Universidade Federal de Minas Gerais abriu as inscrições para o primeiro vestibular para graduação em Dança. Aos 47 anos, Regina voltou com entusiasmo para a sala de aula e se orgulha em dizer que faz parte da primeira turma de Licenciatura em Dança da UFMG.

  • Paisagem Universitária

    A Reitoria foi a primeira unidade a despontar no campus universitário. O edifício foi projetado pelo Escritório Técnico da Universidade de Minas Gerais em 1957, sob o comando do arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior, com a colaboração dos arquitetos Gaspar Ferdinando Garreto e Ítalo Pezzuti.

    Influenciado pela estética do modernismo progressista, o projeto foi resultado do movimento contra a proposta neoclássica do Plano Pederneiras para a cidade universitária. A sua inauguração ocorreu em 26 de outubro de 1962, quando a UMG se transferiu simbolicamente para o campus. A Reitoria foi reconhecida em 2003 como um símbolo da arquitetura moderna mineira pós-Pampulha e incorporada ao conjunto de obras do Patrimônio Histórico e Cultural de Belo Horizonte.

  • Vontade de viver

    Olavo Fróes tinha uma vida sedentária. Jornalista aposentado, convivia com a diabetes, o alcoolismo e não tinha muita disposição para mudar sua rotina. Em 2007, uma vizinha o convidou para participar do projeto Educação Física para 3ª Idade, na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFETO) e, desde então, comparece diariamente à Escola.

    Olavo já não bebe mais, resgatou a autoconfiança e participa de várias atividades. Também faz parte do Grupo de Dança Sarandoso, assiste aos seminários e palestras oferecidos na Unidade e já considera a UFMG sua segunda casa.

  • Pedido especial

    Beatriz Coelho é pernambucana e mudou-se para Belo Horizonte no fim dos anos 1950, acompanhada do marido, o professor Marcelo de Vasconcelos Coelho, Reitor da UFMG no período de 1969 a 1973. Beatriz concluiu sua formação na Escola Guignard e foi convidada para ser professora de Xilogravura na Escola de Belas-Artes.

    Ocupava a vice-diretoria da Escola, quando, em 1976, viu-se diante de um pedido especial do Reitor Eduardo Osório Cisalpino: desenvolver um trabalho de restauração – palavra, até então, pouco conhecida entre os professores de Belas-Artes; mas que passou a ser a sua nova paixão.

  • Colecionador de histórias

    Desde a década de 1940, quando os primeiros prédios do campus Pampulha começaram a ser projetados, os arquitetos e engenheiros da UFMG habituaram-se a fotografar o progresso das obras. No entanto, não havia uma norma que orientasse a indexação dessas imagens.

    Foi José Domício Sobrinho que a partir de meados da década de 1990, encantado pelas imagens antigas, começou a separar as fotografias que o Departamento de Planejamento Físico e Obras (DPFO) acumulava. O interesse pelo acervo foi crescendo e hoje o arquivista de projetos se tornou um colecionador de histórias.

  • Abraço de gratidão

    André Luiz Souza foi criado com muita dificuldade financeira no aglomerado Vera Cruz, em Belo Horizonte. O pai, motorista de ônibus, e a mãe, manicure, não acreditavam que a UFMG era uma possibilidade para o filho. No entanto, a determinação e a disciplina levaram André para bem longe.

    André, hoje, tem o título de PhD e atua como professor e pesquisador do departamento de Psicologia da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos. Na UFMG, cursou Letras, apaixonou-se pela literatura, tornou-se um dos melhores alunos da graduação e cultivou grandes amigos. Por tudo isso, traz consigo um eterno sentimento de gratidão.