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Projeto do Cecor conserva obras do Grande Hotel de Araxá

Centro de Restauração da Belas-Artes recupera acervo de pinturas do Complexo do Barreiro

Os turistas que visitarem o novo Complexo do Barreiro, em Araxá, talvez não venham a saber, mas a recuperação desse patrimônio mineiro teve uma contribuição significativa da UFMG. É que nos últimos três anos todas as pinturas das Termas e do Grande Hotel foram restauradas pelo Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas-Artes (EBA). "O estado dos quadros de pintura-mural e das pinturas de cavalete era lastimável e algumas obras sequer poderiam ser retiradas das suas molduras, sob o risco de se desfazerem nas mãos dos restauradores", diz a professora Gislaine Randazzo Teixeira, diretora do Cecor e coordenadora da equipe de sete profissionais que trabalhou na recuperação. O acervo de obras restauradas inclui pinturas de Genesco Murta e de Joaquim da Rocha Ferreira.

Segundo Gislaine, o que agride uma obra não é só a exposição a condições extremas de temperatura e umidade, mas principalmete as mudanças bruscas. No Complexo do Barreiro, todas essas agressões foram observadas. Durante anos, os quadros foram submetidos a uma alta taxa de umidade, devido ao funcionamento das termas. Mas, em 25 de fevereiro de 1994, o Grande Hotel foi fechado, já que vinha funcionando fora dos padrões mínimos de segurança e sobrecarregando o Tesouro do Estado, segundo o comunicado oficial do governo na época.

A queda brusca na umidade do local, devido à inatividade das Termas, provocou vários problemas, como a formação de bolhas atrás da camada de tinta das obras. Vários quadros apresentavam riscos de cima a baixo. A análise de amostras da substância no laboratório do Cecor, em Belo Horizonte, indicou que se tratava de uma resina usada pelo autor das pinturas. "Com a absorção dos vapores das termas, essa resina se liquefazia e escorria pelas telas", lembra Gislaine.

O primeiro passo para restaurar uma obra é fazer o diagnóstico correto dos problemas sofridos e dos materiais utilizados pelo artista. "Restauração é como cuidar de um paciente. Envolve o diagnóstico, a intervenção e, ainda mais importante, o cuidado para que o desgaste da obra se dê da forma mais lenta possível", compara Gislaine. Por isso, o Cecor entregará à Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig), nova proprietária das Termas, um relatório sobre os serviços executados, que inclui propostas para a conservação das obras.

 

Curso ensina a preservar obras do Jequitinhonha

Como é melhor prevenir do que remediar, o Cecor finaliza, para implantação ainda este ano, um projeto de educação para a conservação preventiva de obras de arte no Vale do Jequitinhonha. O público do curso, que terá quatro semanas de aulas, será composto principalmente de funcionários de igrejas e museus da região. A idéia é conscientizar esses profissionais para a necessidade de se fazer a climatização, o transporte e o manuseio das obras de maneira adequada, evitando os danos causados por acidentes e pela exposição a condições climáticas agressivas. Além de assitir a aulas expositivas, os alunos do curso farão uma visita a um monumento histórico e artístico para aprender in loco as condições de conservação de um conjunto de obras. "Sabendo detectar os problemas mais freqüentes de degradação que afetam as obras, essas pessoas estarão aptas a acionar os profissionais restauradores, antes que o problema se agrave", informa a professora Gislaine.

O curso tem ajuda financeira da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e atenderá a cerca de 20 pessoas do Vale do Jequitinhonha. Segundo a diretora, outros Estados já tomaram conhecimento do projeto e demonstram interesse na atuação do Cecor, como Ceará e Goiás.