m apenas dois anos, o
número de internações hospitalares de pacientes com doenças respiratórias em Belo
Horizonte caiu 22%. Esse resultado foi conseqüência de um convênio pioneiro em todo o
país firmado entre o departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e a
Secretaria Municipal de Saúde, em vigor desde 1997.
A idéia do convênio surgiu um ano antes, quando o departamento de Pediatria verificou o
despreparo dos centros de saúde da capital para lidar com as novas tecnologias de
tratamento das doenças respiratórias, principalmente a asma. "Era necessária uma
reciclagem na formação dos profissionais de saúde para melhor diagnosticar as doenças
e ministrar os novos medicamentos aplicados por inalação", diz o professor Paulo
Augusto Camargos, coordenador do convênio pela UFMG. A participação da Secretaria
Municipal de Saúde foi estimulada pelo então prefeito Patrus Ananias, que se
sensibilizou com o problema e aprovou a assinatura do convênio, agora renovado pelo
prefeito Célio de Castro.
O projeto busca capacitar os profissionais de saúde da PBH ligados à assistência
infantil. Até o momento, foram treinados todos os 243 pediatras e um terço dos 133
enfermeiros lotados nos 130 centros de saúde mantidos pela administração municipal. Os
outros dois terços serão capacitados até o final deste ano, quando termina o convênio.
"Os pediatras e enfermeiros da PBH vão ao setor de Pneumologia do Hospital das
Clínicas para acompanhar o atendimento de seis professores do departamento de Pediatria
às crianças com problemas respiratórios", explica Camargos, ele próprio um dos
orientadores.
Além de minorar o sofrimento das crianças - principais vítimas desse tipo de doença -
e de suas famílias, o projeto beneficiou diretamente a Prefeitura, que passou a
economizar dinheiro com a redução do número de atendimentos. Em 1996, último ano antes
da implantação do projeto, a Prefeitura gastou R$ 5,5 milhões no tratamento de
pacientes respiratórios. No ano seguinte, mesmo tendo investido R$ 300 mil a mais na
compra de medicamentos e no treinamento de pessoal, a economia foi de R$ 600 mil e, em
1998, de R$ 1 milhão.
Repercussão internacional
Os bons resultados alcançados com a parceria entre a UFMG e a Prefeitura já estão
repercutindo internacionalmente. De acordo com Camargos, o projeto foi elogiado por Yehuda
Benguigui, responsável pelo setor de doenças respiratórias da Organização
Pan-Americana de Saúde, divisão da Organização Mundial de Saúde para as Américas.
Benguigui esteve em Belo Horizonte em maio do ano passado, quando conheceu o programa.
Além da capital, os municípios de Betim e Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana,
também estão sendo beneficiados pelo projeto. O Ministério da Saúde está cogitando
adotá-lo em outras cidades do país.
Além de Camargos, pela UFMG, o convênio é coordenado pelas médicas Maria Cecília
Accioly, Laura Lasmar e Neuza Soares. Os professores do departamento de Pediatria
envolvidos são José Augusto Rubim, Maria Jussara Fontes, Maria Teresa Mohallen, Maria
Beatriz Bedran e Mary Elizabeth Rodrigues. |