Lagear cria CD-ROMs para empresas e governos

Projeto mais recente expõe alargamento da avenida Antônio Carlos

Ana Carolina Fleury

 

linguagem multimídia que, como o próprio nome sugere, emprega recursos de todas as mídias, ainda é muito recente, desafio que estimula pesquisadores a buscar formas de melhor utilizá-la. Na UFMG, algumas das mais bem-sucedidas experiências na área vêm sendo desenvolvidas pelo Laboratório Gráfico para o Ensino de Arquitetura (Lagear), vinculado à Escola de Arquitetura. No local, alunos e professores produzem sites, cartazes e CD-ROMs interativos, que dão suporte a atividades de ensino e extensão e a trabalhos encomendados por empresas e órgãos públicos, como a Acesita e a Prefeitura de Belo Horizonte.

A última "cria" do Lagear é o CD-ROM Avenida Antônio Carlos ­ Século 21, que expõe o projeto de alargamento da Avenida, encomendado pela Secretaria Municipal de Planejamento e que será apresentado a investidores nacionais e estrangeiros. Composto por mapas, histórico do logradouro, estatísticas e preço dos terrenos, o CD-ROM conduz o usuário a uma interessante viagem. Ela remonta à época de construção da avenida ­ através de fotos antigas ­ e permite visualizar alterações em sua estrutura urbanística. O CD é bilíngüe, com versões em Inglês e Português, e apresenta opção de navegação não-interativa, através de um vídeo de 10 minutos, que concentra as mesmas informações de forma li-near. Formada por dez pessoas, entre alunos e professores da Unidade, a equipe criadora de Avenida Antônio Carlos ­ Século 21 contou com a colaboração do Grupo Grivo, que compôs a trilha sonora do CD-ROM.

Para a Prefeitura, ainda foram elaborados CD-ROMs de apresentação dos projetos Rua da Bahia 24 Horas (nas comemorações do centenário da cidade), das modificações urbanísticas na Praça Milton Campos, do Shopping Popular de Belo Horizonte (Camelódromo) e da remodelação feita nas avenidas Paraná e Santos Dumont. Tantos pedidos, segundo o professor José Cabral, coordenador do laboratório e vice-diretor da Escola de Arquitetura, devem-se à sua capacidade de oferecer respostas rápidas sem perda de qualidade: "Já fizemos CDs para a prefeitura em quatro dias".

Em 1995, o CD-ROM Arquitetura Barroca em Minas Gerais, produzido pela equipe do Lagear, foi premiado no Festival Internacional de Multimídia, no Rio de Janeiro, e no Festival Prix Mobius International, de Paris. No momento, o laboratório está desenvolvendo o site da revista canadense de arquitetura Chora, da MacGill University, de Montreal. Além disso, a equipe do laboratório foi convidada pelo arquiteto Alberto Pérez-Gómez a criar o CD do livro Polyphilo or The Dark Forest Revisited: An Erotic Epiphany of Architecture, editado pelo MIT Press.

Ultrapassando limites

O objetivo principal do Lagear é explorar o uso do computador, unindo expressão técnica e artística. "Em geral, os arquitetos usam o computador de forma muito limitada. Aqui, o equipamento é visto como instrumento que interage profissionais e clientes", define José Cabral. Para isso, os pesquisadores apostam na experimentação de interfaces, utilizando variados programas de som e multimídia e tratamento de imagem para buscar uma comunicação mais lúdica, que comporte certa produção de sentido. A ordem é explorar e divulgar novas possibilidades da linguagem multimídia. A interface também é utilizada como metáfora da arquitetura, pois os espaços de sites e CDs são pensados e adequados às especificidades da linguagem, como na elaboração detextos, que precisam ser menores e mais diretos, e nos mapas, que permitem investigação do usuário. Desse esforço, nascem maneiras mais prazerosas de acesso à informação. "O usuário pode explorar o CD em seu próprio ritmo, pois cada um possui envolvimento diferenciado com as informações e se interessa por assuntos diversos", diz Cabral.

 

Formação de alunos é prioridade

Democratizar o acesso às novas mídias, através da capacitação do maior número possível de alunos. Esta é uma das propostas do Lagear, criado em 1993, a partir de workshop dado por um professor inglês. Sete anos depois de sua inauguração, é considerado um dos melhores laboratórios de arquitetura do Brasil. Seus alunos acompanham de perto iniciativas de ponta desenvolvidas no Brasil e no exterior, graças a um projeto que convida artistas para, durante uma semana, desenvolverem trabalhos específicos no laboratório. Já participaram do programa a fotógrafa Rosângela Rennó e a artista plástica Mabe Bethônico, atuando na linha de pesquisa em linguagem, ao lado dos bolsistas do laboratório.