Curta Minas consagra talentos da UFMG

Seis projetos da Universidade foram premiados por entidade que estimula cinema mineiro

Letícia Orlandi

 

escritor Murilo Rubião transformado em personagem de desenho; a biografia de um técnico em aparelhos cinematográficos, e estranhos que se encontram na rodoviária. Esses personagens foram reunidos no primeiro Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem Mineiro, promovido pela Associação Curta Minas, e fazem parte de projetos de professores, alunos e funcionários da UFMG, premiados em setembro. O Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem Mineiro é o primeiro do gênero em Minas Gerais, tendo sido realizado em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e patrocinado pela Cemig.

Os projetos Ãgtux, de Tânia Anaya, DuraLex SedLex e O bloqueio ficaram entre os seis escolhidos na categoria finalização, que reúne roteiros com imagens prontas em formato digital e vídeo. O prêmio, de R$10 mil, viabilizará, por exemplo, a transposição do material para a película, a inserção de trilha sonora e a edição de imagens. Já na categoria produção, Selenita acusa, Françoise e Clandestinos, que concorreram com outros 130 trabalhos, receberão o prêmio de R$ 60 mil e iniciam agora a criação de imagens.

DuraLex SedLex tem direção de Henrique Luiz da Silveira e Luciana Tanure e produção de Cynthia Parreira Zaniratti, alunos do curso de Comunicação Social. Participaram do projeto Marília da Rocha Siqueira e Bruno Pacheco. O curta é um documentário sobre a vida de José Uemoto, técnico que teve um papel importante no desenvolvimento do cinema em Minas Gerais.

O bloqueio, de Cláudio Luiz de Oliveira e Fernando Rabelo, formados pela Escola de Belas-Artes (EBA), faz uma adaptação do conto homônimo do escritor Murilo Rubião para o cinema de animação. Seu protagonista é Gérion, único morador de um edifício que ouve misteriosos barulhos oriundos de outros andares e passa a questionar se está vivendo numa construção ou desconstrução.

Outra adaptação é Françoise, projeto do professor Rafael Conde, do Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema da EBA. A história, baseada no conto do escritor mineiro Luiz Vilela, descreve uma trama de encontros e desencontros de dois estranhos na rodoviária de Belo Horizonte ­ um senhor de meia-idade e uma menina de 17 anos.

Selenita Acusa é uma animação em computação gráfica, protagonizada por uma cientista-maluca assistente. O roteiro é do professor Luiz Nazário, chefe do Departamento de Fotografia e Cinema da Escola de Belas-Artes. O filme é a segunda parte de uma série expressionista, a Trilogia do Caos.

Clandestinos, da professora Patrícia Moran Fernandes, também do Departamento de Fotografia e Cinema, é um documentário que mostra, numa cela, a situação enfrentada por presos políticos que sonhavam com a liberdade de outras pessoas durante a ditadura brasileira.

Núcleo de animação

Segundo o professor Luiz Nazário, o fato de vários filmes de alunos e professores da UFMG terem sido premiados demonstra a consolidação de um núcleo de animação em Minas Gerais, que se concentrou na EBA e revelou vários talentos.

Dono de uma visão crítica da produção cinematográfica mineira ("falta base dramatúrgica e literária aos nossos filmes"), Cláudio de Oliveira, de O bloqueio, elogia a iniciativa: "Ao incentivar a produção de filmes, o prêmio contribui para aperfeiçoar o nosso cinema".

Já Patrícia Moran acredita que o prêmio contribuiu para "mostrar um jeito mineiro de fazer filmes, sem os sotaques carregados de erres e esses".