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Nº 1360 - Ano 28 - 01.08.2002

Festival de Inverno valoriza cultura local
e democratiza acesso a oficinas

Carla Maia

34º Festival de Inverno da UFMG chegou ao fim, após três semanas de arte, cultura, reflexão e pesquisa. Foram 56 oficinas, que tiveram quase que a totalidade de vagas preenchidas, mais de 60 eventos, entre peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, mostras, palestras e exposições.

"Está consolidada a integração da cidade com o Festival", declara o professor Fabrício Fernandino, coordenador geral do evento. A primeira semana do evento foi voltada para projetos destinados à população da região. A oficina Memória do Garimpo - Contos Orais de Extração, ministrada por duas professoras diamantinenses, Iara Cardoso e Vera Lúcia Dias Gomes, teve como público-alvo crianças e adolescentes de Extração, que ouviram moradores antigos resgatarem histórias do lugar. Outro exemplo dessa proposta foi a oficina Arte Nata, Arte, da professora Maria Tereza Baldoni, que contou com a participação de dois artesãos da região, Ulisses Mendes, de Itinga, e Maria Pires, de Minas Novas.

Na linha de de valorização da cultura local, destaque (foto) também para o miniespetáculo Vissungos: a poesia dos cantos rituais dos negros do Serro e Diamantina, produzido pelo grupo Tambolelê, com a participação de dois integrantes do grupo Catopé do Milho Verde, Seu Ivo e Seu Crispim. "Viemos não só para ensinar, mas para aprender, numa nítida relação de mão dupla com a cidade", garante Fabrício Fernandino.

Democratização

Outro aspecto relevante foi a democratização do acesso ao Festival, através da oferta de bolsas. O programa Fump, por exemplo, concedeu 100 bolsas a alunos regularmente matriculados na UFMG e cadastrados da Fundação Universitária Mendes Pimentel. Também foram distribuídas 170 bolsas para oficinas de áreas consideradas prioritárias dentro da proposta do Festival de formar artistas, como musicalização infantil, dança, teatro e circo. Esta última, aliás, foi um sucesso: ministrada pelo Circo de Todo Mundo, ofereceu a mais de 60 jovens a possibilidade de aprender malabarismo, equilibrismo e acrobacias, e distribuiu cerca de 50 bolsas, que beneficiaram crianças de entidades assistenciais de Diamantina. Por fim, o programa Adote um bolsista, em sua primeira edição, buscou sensibilizar empresários e comerciantes de Diamantina a bancar bolsas para estudantes. "Foi dado o passo inicial. Nas próximas edições, o resultado será ainda mais satisfatório", afirma Fabrício Fernandino.

A democratização também se fez presente nos eventos, uma vez que a maioria deles foi aberta ao público nas ruas, praças, escolas e igrejas da cidade. "Não buscamos eventos de massa. Nosso propósito é dar visibilidade às ações inovadoras", explica o coordenador. Grandes nomes da música se apresentaram nos palcos de Diamantina, como Yamandú Costa e Toninho Horta.

O Festival também deu destaque à arte contemporânea, através de simpósios, oficinas e projetos especiais que valorizaram a metodologia e a pesquisa nessa área. Um exemplo foi o I Concurso Jovens Intérpretes de Música Contemporânea. "Foi uma bela iniciativa, já que não há no país nenhum festival voltado para a produção musical contemporânea", afirma Guida Borghoff, coordenadora da área de Música. Outro destaque foi o Simpósio Reflexões sobre a Arte e a Cultura Contemporânea, que, em sua terceira edição, englobou a produção artística nas diversas áreas. "O simpósio abordou questões essenciais e discutiu ações de ponta desenvolvidas pelos artistas e professores em suas pesquisas pessoais", diz Fernandino, para quem "o encontro foi o embrião de um amplo seminário que pretendemos realizar na UFMG".

Além disso, o Festival permitiu que alunos, professores, funcionários, artistas e moradores de Diamantina trocassem idéias, produzissem e se divertissem juntos. "É nesse encontro que a cultura e a produção artística são transformadas", afirma o professor Fernandino.

Toda a produção intelectual e artística do 34º Festival de Inverno deverá constar em catálogo, a ser lançado em 2003. O objetivo, segundo o coordenador, é "valorizar ainda mais a publicação, ampliando o espaço destinado a textos de forma a contemplar todas as oficinas, simpósios, palestras e seminários, além de inserir um CD com as músicas e imagens produzidas durante o evento". O catálogo deverá ter caráter histórico, já que pretende resgatar, em um único volume, as propostas e registros de edições anteriores do Festival.