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Nº 1373 - Ano 29 - 07.11.2002

A flor de Krajcberg

Escultura do artista plástico polonês que será exposta na UFMG denuncia a violência contra o meio ambiente

Ana Siqueira

rans Krajcberg mora numa casa em cima de uma árvore, em Nova Viçosa, na Bahia. Vive só, mas, ao contrário do que possa parecer, não desistiu do mundo nem das pessoas, apesar de se dizer às vezes um pouco cansado deles. O escultor e fotógrafo, que nasceu na Polônia há 81 anos e vive no Brasil há mais de 50, mantém-se em atividade intensa e faz de seu trabalho um instrumento de denúncia, de questionamento da relação entre ser humano e meio ambiente, de discussão da sobrevivência diante das respostas incisivas da natureza à degradação. O trabalho de Krajcberg e o debate por ele gerado chegam agora à Universidade em exposição que integra as comemorações dos 75 anos da UFMG.

A exposição vai de 13 de novembro a 13 de dezembro, no Espaço Expositivo da Reitoria, localizado no saguão do prédio. A mostra é composta por duas séries de fotografias e uma escultura de grande porte, medindo 12 X 8 metros e 5 metros de altura. Denominada Flor do Mangue, a escultura foi construída a partir de resíduos de árvores de manguezais destruídos pela especulação imobiliária. Uma das séries fotográficas, intitulada Revolta, exibe 32 imagens de destruição do meio ambiente pelo fogo. "São fotos das queimadas na Amazônia e da destruição de florestas tropicais brasileiras", explica Fabrício Fernandino, diretor de Ação Cultural e curador da exposição. A outra série, batizada de Minas e constituída por 31 fotografias, versa sobre as belezas naturais da paisagem mineira e exibe imagens da interferência humana na topografia através da mineração.

A relação de Frans Krajcberg com a Universidade iniciou-se em 1998, quando o Festival de Inverno da UFMG, então realizado em Ouro Preto, abrigou exposição de seu trabalho. O escultor voltou a expor em 2000, em Diamantina, também na programação do Festival, e parte da exposição foi posteriormente exibida no Centro Cultural UFMG. Segundo Fabrício Fernandino, o trabalho de Krajcberg estabelece discussões muito ricas no âmbito acadêmico "ao sensibilizar e direcionar o olhar para questões ambientais e discutir nossa sobrevivência através de procedimentos criativos".

Para ampliar o debate, está programada para a abertura, às 19h30, mesa-redonda sobre ambiente e vida, sob a ótica do artista, no auditório da Reitoria. "Queremos enriquecer ainda mais a exposição e abrir espaço para vários pontos de vista, ao reunir profissionais de áreas diferentes", diz Fernandino. A mesa será composta por Frans Krajcberg, pelo paleontólogo Cástor Cartelle Guerra, professor da UFMG, pelo engenheiro Luiz Augusto Barcellos Almeida, da Cemig, e pelo próprio Fabrício Fernandino.

Escultura: Flor do mangue
Autor: Frans Krajcberg
Local: Espaço Expositivo (Reitoria)
Abertura: 13/11, às 18 horas
Período: 13/11 a 13/12