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Projeto do Crisp reduz criminalidade no Morro das Pedras
redução pela metade do número de homicídios na região do Morro das Pedras, uma das áreas mais violentas de Belo Horizonte, é o principal resultado do projeto Fica Vivo, desenvolvido pelo Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da UFMG (Crisp). O projeto baseia-se em parcerias com as polícias Militar e Civil de Minas Gerais, Polícia Federal, Ministério Público, Prefeitura de Belo Horizonte, Sebrae, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), organizações não-governamentais, movimentos sociais e comunidade.
O Fica Vivo foi implantado em agosto de 2002 e, nos seus primeiros cinco meses, registrou uma redução de 50% no número de homicídios, tentativas de homicídios, roubos e assaltos a padarias e supermercados. As mortes caíram de 17, no período de março a julho, para nove nos meses de agosto a dezembro. No mesmo período, a taxa de homicídios em Belo Horizonte aumentou em 11,6%. "É uma idéia inédita no Brasil. Muito já foi feito em termos de mobilização social para reprimir o crime, mas o diferencial do projeto é que ele consegue integrar todos os atores envolvidos", enfatiza o pesquisador Róbson Sávio Reis Souza, um dos coordenadores do projeto.
Área-pilotoA partir de diagnóstico, que revelou um crescimento de 100% no número de homicídios entre 1997 e 2001, em Belo Horizonte, o Crisp elaborou um plano de intervenção para redução da criminalidade em vilas e favelas. O Morro das Pedras foi escolhido como área-piloto pelos altos índices de criminalidade _ é uma das seis favelas mais violentas da capital mineira _ e por dispor de grupos sociais organizados.
O projeto foi dividido em duas frentes de trabalho. A primeira, voltada para ações de repressão ao crime, é formada por profissionais do sistema de justiça criminal que agem de maneira articulada para inibir a criminalidade na região. Envolvidos nesta frente estão as polícias Civil, Militar e Federal, o Ministério Público, o Poder Judiciário e o Sistema Penitenciário, que realizam reuniões semanais para preparar diagnósticos e planejar ações. "Assim, é possível agir de maneira integrada", explica Róbson Sávio.
A segunda, direcionada a ações de mobilização social, une o poder público e a sociedade organizada. São os casos da Prefeitura de Belo Horizonte, que administra os serviços de assistência social e infra-estrutura urbana da comunidade; a CDL, que oferece bolsas profissionalizantes para os jovens; o Sebrae, que abre oportunidades de trabalho a grupos da comunidade, como associações de moradores, rádios comunitárias, escolas, igrejas, além do Crisp, que elaborou e implantou o projeto. Segundo Róbson Sávio, essa frente é responsável pela organização de discussões, produção de programas de rádios, colônias de férias e oferta de serviços, como impressão de documentos. Para ele, ações como essas favorecem a adesão da comunidade ao projeto. "A idéia é mostrar às pessoas que elas também são cidadãs e têm direitos. Quando percebe que está obtendo ganhos concretos, a comunidade transforma-se em parceira", afirma o pesquisador.
Apesar do pouco tempo de implantação do projeto, a comunidade local já comemora os seus primeiros resultados. "Nove bandidos perigosos saíram de circulação. Se não fosse o Fica Vivo, todos estariam soltos", afirma Hermes dos Santos, presidente da Associação Social Cristã do Aglomerado do Morro das Pedras. Ele também destaca a realização de cursos e oficinas, que "tiram os jovens da rua e impedem que eles fiquem expostos à criminalidade" e a integração de todas as instâncias do aparelho judicial e da própria comunidade no combate ao crime. "A comunidade está consciente de que cada um pode contribuir, de alguma forma, para reduzir a violência", diz o líder comunitário.
Projeto: Fica Vivo
Local: Aglomerado do Morro das Pedras
Entidades envolvidas: Crisp, UFMG, polícias Civil, Militar e
Federal, Ministério Público, Prefeitura de Belo Horizonte, Sebrea,
ONGs, CDL, Fiemg e movimentos sociais.
Coordenação na UFMG: Cláudio Chaves Beato Filho(coordenador
geral), Róbson Sávio Reis Souza, Marcelo Ottoni, Bráulio
Figueiredo, Andréa Maria Silveira, Karina Rabelo Leite e Ana Cristina
Murta Collares.
Governo de Minas adotará modelo em 21 regiões
Os resultados do projeto chamaram a atenção do governo de Minas, que resolveu adotá-lo em outras regiões. A ação 14 do Plano Emergencial de Segurança, apresentado pelo governador Aécio Neves no mês passado, prevê a implantação de 21 unidades do Fica vivo no estado. As áreas que receberão o projeto foram mapeadas pelo Crisp. A coordenação dessa nova fase ficará a cargo da Superintendência de Prevenção à Criminalidade, vinculada à Secretaria de Estado de Defesa Civil. A meta do governo mineiro é reduzir em 20% a incidência de homicídios cometidos por jovens nas comunidades selecionadas. |
Morro das Pedras em números* Localização: Região Oeste de Belo Horizonte População: 23.270 pessoas 17% dos domicílios não são servidos por coleta de lixo 24% da população têm renda familiar mensal entre 1 e 2 salários mínimos 10% da população não têm renda salarial mensal 41% da população em idade economicamente ativa estão desempregados
*Fonte: IBGE |