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Nº 1409 - Ano 29 - 25.09.2003


Universidade homenageia ex-alunos de destaque

m 1954, o professor Hilton Rocha realizou o primeiro transplante de córnea no Brasil, no Hospital São Geraldo do Hospital das Clínicas da UFMG. Desde então, a Instituição já fez mais de 12,1 mil transplantes, incluídos fígado, rim, medula e córnea. Sempre pioneiro, o HC/UFMG acaba de realizar o primeiro transplante de pulmão no estado de Minas Gerais.

A cirurgia foi realizada no final de agosto e durou, aproximadamente, cinco horas e meia. A equipe, que envolvia 30 profissionais de diversas áreas, entre cirurgiões, clínicos, psicólogo, enfermeiros e anestesistas, foi coordenada pelo cirurgião torácico do Hospital, professor Sílvio Paulo Pereira. "Nós nos preparamos para a cirurgia durante os últimos quatro anos. Entre outros procedimentos, realizamos até uma cirurgia experimental em um porco vivo", afirma um dos cirurgiões da equipe, Rogério Luís Coutinho Lopes.

Na fila para transplante havia oito meses, Cláudia Aparecida Faustino, de 31 anos, passa muito bem. Ela sofria de uma doença que causa hipertrofia da musculatura lisa dos vasos linfáticos, levando ao entupimento do sistema linfático e das vísceras, incluindo o pulmão. "Esta é uma doença pulmonar crônica progressiva; e em estágio avançado no caso dela, sem resposta a outros tipos de tratamento", afirma Rogério Luís, para quem a paciente, sem o transplante, viveria menos de dois anos. A cirurgia ocorreu sem complicações, e a expectativa de sobrevida de Cláudia Faustino, para o próximo ano, é de 75%.

Histórico

O HC/UFMG está se transformando em um importante núcleo de transplantes no Brasil. O diretor da Instituição, Ricardo Castanheira Pimenta de Figueiredo, afirma que um dos motivos para que os hospitais públicos tenham assumido posição de destaque nessa área é o fato de o SUS remunerar muito bem os transplantes. "Apesar do senso comum desfavorável, existe muito serviço público de qualidade, e o HC é um desses centros de excelência", explica o diretor.

Para realizar transplantes, o Hospital passa por um processo de capacitação bastante rigoroso, que envolve desde a qualificação de profissionais até as reestruturações internas que abrangem aspectos técnicos e tecnológicos. Depois de capacitado, o Hospital deve receber autorização do Ministério da Saúde para realizar a operação. O HC já recebeu sinal verde e prepara-se para realizar seus inéditos transplantes de pâncreas e coração.

Isso com o mesmo entusiasmo de quando realizou o primeiro transplante de rim em Minas Gerais, em 1969. O paciente que recebeu o órgão na ocasião está vivo e é um dos mais antigos transplantados em todo o mundo. Vinte e cinco anos depois, em 94, veio o primeiro transplante de fígado. Desde então, o HC realizou outros 189 transplantes deste órgão. Em 2002, foram quase 50.

No início deste ano, o HC avançou um pouco mais na área ao realizar o primeiro transplante de fígado intervivos em adultos de Minas Gerais. No início da década de 90, a Instituição promoveu o seu primeiro transplante de medula. Em 95, foi criado o Serviço de Transplante de Medula, que realizou 349 operações até agora. Segundo o professor Ricardo, o ritmo de transplantes no HC continua crescendo. "No ano passado, realizamos todos os transplantes que foram possíveis", festeja.

 

Particularidades do transplante de pulmão

A cirurgia de transplante de pulmão é bastante complicada. O prazo decorrido entre a retirada do pulmão do doador e o implante no transplantado deve ser de, no máximo, seis horas. Além disso, o doador do órgão não pode estar conectado a respiração artificial por mais de três dias. "Uma outra restrição é a de que a medida do tórax do doador e do transplantado deve ter uma diferença de, no máximo, 20%", completa Rogério Luís.