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Nº 1478 - Ano 31 - 7.4.2005

A hora e a vez dos jovens artistas

UFMG será "palco" de projeto que discutirá produção cultural contemporânea

Maurício Guilherme Silva Jr.

s críticos especializados têm encontrado dificuldades para definir características exclusivas da arte brasileira contemporânea. Marcadas, nas últimas duas décadas, pela heterogeneidade, muitas das expressões artísticas _ da dança à literatura _ valem-se de técnicas e discursos variados, assim como buscam dialogar com autores e linguagens de períodos distintos. Idealizado com o intuito de estimular o debate sobre os caminhos da arte e da cultura no país, o projeto Jovens Artistas - a universidade recebe a nova geração , apoiado pela Secretária de Educação Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC), terá a UFMG como "palco", em 2005, do programa-piloto da iniciativa.

A primeira edição do projeto, que contará com recursos da Unesco repassados à Sesu, será realizada em três módulos. O evento busca reunir, no ambiente universitário, jovens artistas de áreas diversas _ música, literatura, artes plásticas, dança, teatro, vídeo, cinema, arte eletrônica _, que debaterão suas realizações, idéias e temas como cultura e democracia, arte e mercado, identidades culturais, leitura e cidadania. Em 2004, assim que a UFMG recebeu o convite da Sesu para sediar o evento, a reitora Ana Lúcia Gazzola nomeou a comissão responsável pela concepção do projeto: os professores Fabrício Fernandino, diretor de Ação Cultural da Universidade, Reinaldo Marques e Eneida Maria de Souza, ambos da Faculdade de Letras. "O projeto busca estabelecer um espaço de diálogo a respeito da produção artística recente e discutir as vertentes de ação criativa no Brasil", explica Fabrício Fernandino.


Fabrício Fernandino: espaço de diálogo
Foto: Foca Lisboa

Jovens Artistas será dividido em três módulos, que abordarão diferentes expressões artísticas. Este mês será a vez do cinema. De 18 a 20 de abril, e também no dia 25, às 18 horas, no auditório da Reitoria, haverá mostra comentada dos filmes Narradores de Javé, de Eliane Caffé, Minha vida de menina, de Helena Solberg, Amarelo manga, de Cláudio Assis, e Rio 40º, de Nelson Pereira dos Santos. Os quatro diretores confirmaram presença no evento.

No dia 26 de abril, também às 18 horas, no auditório da Reitoria, os cineastas, tendo Nelson Pereira dos Santos como mentor, participarão da mesa-redonda que discutirá o tema Cinema e culturas locais. No segundo módulo do evento, a ser realizado em maio, Jovens Artistas girará em torno de música e literatura. Já confirmaram presença no debate os poetas Ricardo Aleixo e Antônio Cícero. Um show especial está previsto para a ocasião.

O último módulo de Jovens Artistas, em junho, tratará de questões ligadas às performances contemporâneas. As discussões da mesa-redonda reunirão, entre outros, o videomaker Éder Santos e o diretor Antônio Araújo, do Teatro da Vertigem.

Iniciativa aproxima saberes artístico e acadêmico

A criação do projeto Jovens Artistas baseia-se na idéia de aproximação entre as universidades e os saberes produzidos pelas artes. Segundo os organizadores da iniciativa, apesar de importante para construção de um programa nacional de cultura e cidadania, o conhecimento produzido por "atores" intelectuais, culturais e políticas muitas vezes não é reconhecido pelas instituições acadêmicas. O projeto, de acordo com texto escrito pelos professores Fabrício Fernandino, Eneida Maria de Souza e Reinaldo Marques, apresenta-se "como forma de rasurar as fronteiras que separam o saber acadêmico das múltiplas manifestações artísticas, estimulando a recepção de talentos e valores emergentes".

A primeira versão do projeto será realizada na UFMG, mas, nos anos seguintes, pretende-se levar a iniciativa a outras instituições brasileiras. A expectativa é de que as manifestações artísticas dinamizem a produção da academia. Ao mesmo tempo, através da "estratégia de legitimação dos novos talentos pela academia, ao aliar o estético ao político e social, Jovens Artistas constitui alternativa ao poder do mercado como instância privilegiada de definição de valores".

A organização do evento ressalta que, durante a década de 1990, a relação entre a academia e os artistas limitou-se à realização de eventos específicos, promovidos, por exemplo, por entidades estudantis. "A partir de 2000, torna-se evidente a interlocução entre a universidade, a sociedade e o governo nas várias áreas de conhecimento, notadamente na cultural". Através de Jovens Artistas, cineastas, compositores, poetas, dramaturgos, artistas plásticos e performáticos terão espaço privilegiado no debate com o público universitário.

PROGRAMAÇÃO

Cinema e culturas locais
18 - Narradores de Javé
19 - Amarelo manga
20 - Minha vida de menina
25 - Rio 40º
26 - Mesa-redonda: Eliane Caffé, Helena Solberg, Cláudio Assis e Nelson Pereira dos Santos (mentor)