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Nº 1562 - Ano 33
22.01.2007

Foto: Foca Lisboa
centro cultural

Centro Cultural UFMG abre as portas – e os palcos – para
movimentos que lutam pela inclusão

Tatiana Santos

m grupo se debruça sobre a trajetória da capoeira angola para produzir um DVD capaz de resgatar as particularidades dessa manifestação; outro, formado por profissionais do sexo, subiu ao palco para divulgar os produtos de sua grife de moda; e um terceiro usa a linguagem do movimento hip hop para pregar o respeito às diferenças sexuais, sociais e de gênero. Seus objetivos são díspares, mas todos convergem para o mesmo endereço: a avenida Santos Dumont, 174 – Praça da Estação.

Neste prédio de estilo neoclássico, construído em 1906, reúnem-se grupos que estão bem longe de representar o pensamento sociocultural hegemônico. Entre apresentações de teatro, shows musicais, encontros artísticos e científicos, o Centro Cultural UFMG abre suas portas – e os palcos – para a promoção da cidadania, tendo a cultura como grande catalisador. “O Centro Cultural se transformou em lugar de troca de experiências, expressão e reflexão sobre os problemas sociais, direitos dos cidadãos e prática universitária”, resume a professora Rita Gusmão, diretora da Unidade.

As atividades dos grupos de hip hop, profissionais do sexo e capoeira estão vinculadas ao programa Cultura e Movimento, do qual também fazem parte o Telecentro – que agrega leitura e acesso público à Internet – e as visitas programadas de alunos de escolas públicas de Belo Horizonte, que desde agosto de 2006 levaram mais de 1.100 crianças ao Centro Cultural.

A chama do hip hop

machismoA cultura hip hop não se faz só com música, mas também com intervenções políticas e sociais. É com esse pensamento que um grupo de jovens da periferia de Belo Horizonte decidiu formar, há seis anos, o coletivo Hip Hop Chama, organização político-cultural autônoma que trabalha com questões referentes à sexualidade, gênero e uso e abuso de drogas.

Por meio de oficinas, debates, intervenções comunitárias e outras atividades formativas, o grupo discute relações raciais, machismo, saúde sexual e reprodutiva, orientação para uso seguro de drogas e outras temáticas correlatas, com o objetivo de provocar, interna e externamente, mudanças de postura entre os jovens.
sexualidade
O trabalho de promoção da cidadania inclui a produção de folders e adesivos para campanhas educativas, prática iniciada em julho de 2006. O material é distribuído em escolas, comunidades urbanas e rurais, bailes e eventos de hip hop. “Com as campanhas, pretendemos oferecer subsídios para que os recursos comunicativos sejam acionados para mobilização social”, informa Áurea Carolina, uma das coordenadoras do coletivo.

redução de danosDesde a sua criação, o Hip Hop Chama mantém estreito relacionamento com o Centro Cultural, onde são realizados os encontros, seminários, exposições e demais eventos do grupo. “Esse espaço aberto pelo Centro Cultural a movimentos culturais não convencionais permite que pessoas sem acesso à universidade pública conheçam sua lógica de funcionamento”, analisa Áurea Carolina.

Ilustração: Warley Bonbi, Designer