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Nº 1565 - Ano 33
12.2.2007

Entrevista
Jaime Arturo Ramírez


Éber Faioli
Jaime Ramírez

Crescendo com qualidade

Flávio de Almeida

P

número de alunos na pós-graduação da UFMG cresce a uma taxa de 10% ao ano no doutorado e a 7% no mestrado. Longe de representar inchaço, esse crescimento é sustentado por indicadores que confirmam a qualidade dos programas de pós-graduação da Universidade. “Temos uma das menores taxas de evasão e o menor tempo de titulação do Brasil”, informa o pró-reitor de Pós-Graduação, Jaime Arturo Ramírez.

Nesta entrevista ao BOLETIM, além de revelar como a UFMG chegou a esse estágio, Ramírez aponta novos planos para a pós-graduação, que incluem cooperação mais intensa com universidades latino-americanas e com as Ifes mineiras.

A UFMG concluiu, no final do ano passado, uma extensa auto-avaliação de seus cursos de pós-graduação. Como se deu esse processo?
Em 2005 e 2006, visitamos todos os programas de pós-graduação da UFMG (hoje, são 65 cursos de mestrado e doutorado) para verificar o que eles tinham de bom e deveria ser mantido e detectar os pontos fracos, para que dessa forma a UFMG pudesse corrigi-los e confirmar sua posição de destaque no cenário da pós-graduação brasileira. Acreditamos que ela será ratificada pela próxima avaliação trienal da Capes (referente ao período 2004-2006), que sairá ainda este ano.

Em que estágio encontra-se o conjunto de programas de pós-graduação da UFMG?
Dos 65 programas, incluindo os novos que se iniciam em 2007, 60% têm conceito 5 (referência nacional), 6 ou 7 (destaque internacional). Temos hoje seis cursos com conceito 7, oito com conceito 6, e 23 com conceito 5. A UFMG é a única instituição com programas com conceitos 6 e 7 em todas as oito áreas do conhecimento avaliadas pela Capes. As visitas feitas nos dois últimos anos permitiram observar que todas as unidades acadêmicas da UFMG têm, hoje, pelo menos um curso de mestrado, quadro muito diferente do constatado na última avaliação interna, feita no final dos anos 80.

Como a Universidade age em relação aos cursos que não se encontram tão bem avaliados?
Em relação aos 40% dos cursos com conceito 3 ou 4, trabalhamos no sentido de promover reestruturação acadêmica. Esse processo é necessário porque, com o passar do tempo, muitos cursos passam a funcionar com estrutura que não é a mais adequada do ponto de vista do perfil de suas linhas de pesquisa e da própria grade curricular. Nossas visitas viabilizaram a identificação de quais cursos precisavam ser reestruturados; a maioria deles, inclusive, já foi reformulada. Outro fator que contribui para a qualidade da pós-graduação da UFMG é a nossa gestão interna. No segundo semestre de cada ano, todo curso precisa solicitar à Pró-Reitoria a quantidade de vagas que ofertará no ano subseqüente. Quando as coisas não vão bem com determinado curso, isso fica muito visível na hora em que a Assessoria Acadêmica da PRPG vai fazer a análise da solicitação de vagas para embasar a decisão da Câmara de Pós-Graduação. E é nesse momento que temos a chance de fazer uma política propositiva. Chamamos o coordenador do curso e o incentivamos a reestruturar o curso. Esse procedimento permite acompanhamento quase individual dos programas. Hoje, sabemos exatamente quais são os alunos e quem são os seus orientadores. Quando solicita as vagas para o semestre seguinte, o programa precisa mandar sua relação de alunos e a informação de sua capacidade, o que permite dimensionar quantos estudantes mais ele pode absorver. Se observamos uma grande retenção de alunos, aquele curso acaba não recebendo muitas vagas. Graças a esse acompanhamento, anual, a UFMG tem um dos menores índices de evasão no país. Aqui, há uma evasão para cada 50 estudantes matriculados. Salvo engano, a média nacional é de uma em cada 10. Outro indicador importante é o tempo médio de titulação... Também nesse caso nossos índices são muito bons, os mais baixos do país. Em média, um aluno nosso de mestrado leva 24 meses para se titular nas áreas de ciências biológicas, ciências exatas, engenharias e agrárias. Nas outras quatro áreas, esse tempo varia de 24 a 30 meses. Temos uma pós-graduação que se expande, mas com qualidade. Por ano, a taxa de crescimento no doutorado é de 10% e de 7% no mestrado. Mantendo essa tendência, teremos, até 2010, nove mil alunos matriculados na pós-graduação (atualmente, são sete mil).

O que se descortina no horizonte da pós-graduação da UFMG?
Além de investir nos cursos que não estão consolidados, temos como prioridade, até 2010, transformar os cursos 5, 6 e 7 em referência nacional. Alguns são os melhores do país, por isso queremos fazer deles centros de referência e pólos de atração de pesquisadores. Se são os melhores, devem ser procurados por alunos de todo o país. Apesar de contarmos com cursos de qualidade internacional em várias áreas, a UFMG ainda é uma instituição muito regional. Não conseguimos captar alunos de outros lugares do país. Também temos uma missão a cumprir. Nossos cursos, principalmente os de conceito 7, desenvolvem algum tipo de mestrado ou doutorado interinstitucional com universidades do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Queremos implantar algo do gênero para auxiliar na titulação dos docentes da Ifes mineiras, e, para isso, vamos elaborar um projeto de financiamento e submetê-lo à Fapemig. Temos 14 instituições públicas de ensino superior em Minas Gerais. Metade delas perderia o status de univesidade se a lei da reforma universitária fosse aprovada hoje. Isso porque elas não têm um corpo docente com a tiulação exigida e pelo menos três cursos de mestrado e um de doutorado.

Existem projetos em relação à América Latina?
Essa é outra prioridade. Não podemos perder de vista a cooperação com instituições do Hemisfério Norte, mas temos uma contribuição a oferecer à formação de pesquisadores da América Latina. A UFMG participa, inclusive, de um projeto do Instituto de Estudos Superiores da América Latina e Caribe (Iesalc), que pretende realizar levantamento completo da pós-graduação nos países das duas regiões e de seus sistemas de avaliação. Nossa intenção é trabalhar com essas instituições numa perspectiva de reciprocidade, recebendo e enviando pesquisadores.

UFMG ganha cinco novos cursos de
pós-graduação

A Capes acaba de aprovar mais de 120 novos cursos de mestrado e doutorado no Brasil. Cinco são da UFMG: Lazer, Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável, Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, Ciências Contábeis e Neurociências. “São cursos únicos em Minas Gerais, que contemplam áreas muito carentes do ponto de vista de mão-de-obra especializada em pós-graduação”, afirma o pró-reitor Jaime Arturo Ramírez.

Além disso, três cursos foram reestruturados. Na Escola de Veterinária, a pós-graduação foi dividida em dois programas distintos: ciência animal, com conceito 7 e considerado o melhor do Brasil, e Zootecnia, nos níveis de mestrado e doutorado. Outro curso reestruturado foi o de Sociologia, oferecido na Fafich.

Raio X da pós-graduação na UFMG

Raio X da Pós-Graduação

 

65 programas
7 mil alunos matriculados
2.500 vagas oferecidas anualmente
1.300 alunos se formam no mestrado e 450 no doutorado, por ano