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Nº 1576 - Ano 33
7.5.2007

Foca Lisboa Luva robotizada - Engenharia - UFMG
Daniel Rocha, Kátia de Meneses e Marcos Pinotti trabalham no desenvolvimento da órtese

Pesquisadores da Engenharia Mecânica testarão luva que restaura movimentos

Órtese, que já tem o aval do Comitê de Ética da UFMG, poderá substituir similares importados

Ana Rita Araújo

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Uma luva robotizada, capaz de restaurar os movimentos da mão e do punho de pessoas com lesão no plexo braquial, começa a ser testada em pacientes até o final deste semestre. Desenvolvida por pesquisadores do departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia, a Órtese funcional para mão acionada por dispositivo elétrico já tem o aval do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFMG para o início dos testes clínicos. “Sem os testes, não é possível negociar com grandes empresas que tenham interesse na transferência da tecnologia”, explica o coordenador da equipe, professor Marcos Pinotti Barbosa.

Paralelamente a essa fase da pesquisa, o grupo desenvolve ações complementares, como a finalização do equipamento que será utilizado para treinar os pacientes no uso da luva; estudos de aperfeiçoamento do controle da força exercida pelo usuário; e a miniaturização do sistema de controle da órtese, com o objetivo de reduzir as proporções atuais, de seis para dois centímetros quadrados. Além disso, está prevista a produção-piloto de sete órteses, o que garantirá a realização dos testes clínicos.

A luva, leve e funcional, poderá substituir as similares importadas, acredita o pesquisador. Segundo ele, com a realização dos testes clínicos, a Universidade estará pronta para transferir a tecnologia não apenas para a iniciativa privada, mas também para órgãos públicos que tenham interesse em financiar programa de produção da órtese a baixo custo.

Músculo eletromecânico

Fruto de pesquisas multidisciplinares, o trabalho traz duas inovações na área de órteses: o uso de músculo eletromecânico, que é leve e de fácil controle, e as características estéticas e anti-alérgicas do material utilizado.

O mecanismo, que no final do ano passado foi apontado como o melhor trabalho na categoria Inclusão Social do Prêmio Werner von Siemens de Inovação Tecnológica, consiste em uma luva de material flexível e antialérgico, com fios ligados a um motor que gira para fazer os movimentos de abrir e fechar a mão. O motor obedece a sinais elétricos transmitidos pelos músculos do paciente, por meio de eletrodos de superfície, colocados na parte superior do braço ou das costas. A ponta dos dedos do paciente fica à mostra para que ele possa verificar se a circulação sangüínea está normal ou se foi interrompida pela pressão da luva. O controle é feito pelo próprio paciente, que precisa ser treinado para utilizar a órtese.

Marcos Pinotti explica que a luva foi idealizada para uso de portadores de lesões do plexo braquial, muito comuns em jovens que sofreram acidentes com motocicletas. O mecanismo é contraindicado em quadros de deformação ou endurecimento das juntas, como no caso de pacientes com artrite e artrose.

Pinotti adverte que, embora o pedido de patente nacional tenha sido depositado em 2005, a transformação da órtese em produto comercial depende ainda de uma série de condições, entre as quais os resultados dos testes clínicos. “Um dos objetivos é confirmar que a órtese é indicada para esses casos, o que permitirá que os médicos possam prescrevê-la corretamente”, diz o professor.

Os testes devem começar em julho, no Centro Geral de Reabilitação (CGR), recentemente municipalizado. O grupo de pacientes já foi selecionado. Somente a partir do final de 2007, após a conclusão da primeira fase dos testes clínicos, será possível avaliar a ampliação do atendimento do programa.

Etapas

O projeto da luva funcional envolve equipe multidisciplinar, sob a orientação de Marcos Pinotti. “O trabalho se apóia em tecnologias previamente desenvolvidas no Laboratório de Bioengenharia a exemplo do sistema de interpretação do sinal mioelétrico já utilizado em órtese de membro inferior”, conta o coordenador.

Além de ter gerado trabalhos de iniciação científica e dissertações de mestrado, a pesquisa é objeto de teses de doutorado dos alunos Daniel Neves Rocha, engenheiro mecânico que estuda o músculo artificial eletromecânico, e Kátia Vanessa Pinto de Meneses, terapeuta ocupacional que tem se empenhado na concepção de uma luva que seja leve e ofereça conforto ao paciente. Na opinião de Pinotti, as inovações da órtese de mão surgiram como resultado dessa integração de áreas.

  Projeto: Órtese funcional para mão acionada por dispositivo elétrico, desenvolvida no Laboratório de Bioengenharia, do departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia da UFMG
Coordenador: Marcos Pinotti Barbosa
Financiamento: Capes