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Nº 1655 - Ano 35
1.6.2009

Interação de mídias em Diamantina

Festival de Inverno vai promover diálogo entre linguagens e debater seu próprio futuro

Itamar Rigueira Jr.

A UFMG finaliza os preparativos para mais uma edição – a 41ª – de seu Festival de Inverno, que vai acontecer de 19 a 30 de julho, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, que recebe o evento desde 2000. Idealizado em torno do tema Traduções, o festival está mais enxuto este ano – terá cerca de dois terços do tamanho do evento de 2008. Serão 24 oficinas, com duração de oito dias. O objetivo, além de reduzir custos, é dar mais foco às atividades. Mas o número de vagas para as oficinas não vai sofrer grande mudança: a organização espera cerca de 700 inscrições, que poderão ser feitas a partir de 8 de junho.

Uma das principais novidades da edição que se aproxima é a promoção de dois dias de debate em torno do próprio Festival de Inverno: artistas, gestores e pessoas envolvidas com a história do evento – incluindo alguns pioneiros, como a professora Berenice Menegale – vão refletir sobre o papel do festival e sua viabilidade financeira (veja texto nas páginas 4 e 5).

A ideia que norteia o conteúdo do festival este ano é a de especular sobre como as artes podem conversar entre si. “Num mundo cada vez mais complexo, é necessário saber interpretar e traduzir informações e linguagens de um campo para outro. Sabe-se um pouco de tudo – do vírus de uma nova gripe à evolução da taxa Selic –, mas é importante não consumir esses dados secamente. A mesma coisa acontece com a arte e a cultura”, explica Mauricio Campomori, diretor de Ação Cultural da UFMG e coordenador geral do Festival de Inverno.

Artes integradas

O conceito-base será posto em prática sobretudo no projeto Lugares de Memória, que vai integrar cinco oficinas, uma de cada área que compõe a programação de oficinas do festival – Artes Visuais 1 (artes plásticas), Artes Visuais 2 (audiovisual), Artes Cênicas, Artes Musicais e Artes Literárias –, para elaborar um projeto comum. “Esse projeto terá produção intermidiática e interativa, no estilo ‘trabalho em progresso’. Não temos ideia dos seus resultados”, explica Fabrício Fernandino, curador do Festival de Inverno e coordenador da área de Projetos Especiais.

O projeto Lugares de Memória será dirigido por Fernando Mencarelli, professor de artes cênicas da EBA. Pela manhã, as oficinas vão trabalhar em torno do foco específico, e à tarde elas serão integradas. As atividades serão marcadas por intervenções em Diamantina, envolvendo montagem de cenas, narrativa literária, composição musical, obra de arte para vestir e a procura de imagens na cidade em analogia ao conceito de busca na internet.

Os responsáveis pelas cinco oficinas vão selecionar seus participantes (88, no total) de acordo com os perfis traçados previamente. Algumas vagas serão reservadas para candidatos de Diamantina. A iniciativa simboliza, segundo Fabrício Fernandino, a vocação natural do festival, que é “sair da estrutura acadêmica para buscar novas expressões em arte”.

Aprendendo com a cidade

Além de contemplar aspectos como a participação de crianças e a educação ambiental, a área de Projetos Especiais vai valorizar a relação do festival com a região de Diamantina. Uma das oficinas vai reunir pessoas ligadas a bandas de diversas cidades. Outra pretende orientar formadores nas áreas de patrimônio material e imaterial, habilitando-os, por exemplo, a elaborar projetos de preservação e conscientização. O festival continua investindo nas possibilidades de interação com o Vale do Jequitinhonha. “É uma relação de mão dupla, em que se ensina e se aprende. Levamos a capacidade instalada da Universidade a uma região que tem muito a oferecer, em originalidade e como cultura de resistência”, destaca Fabrício, que é professor da Escola de Belas-Artes e diretor do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG.

A edição de 2009 vai também ampliar o programa de aulas abertas: todas as oficinas que têm potencial para envolver público maior, em espaço aberto, vão oferecer pelo menos uma aula desse tipo. O objetivo, segundo Mauricio Campomori, é “contaminar o dia a dia da cidade, que se emociona e dessa forma convive verdadeiramente com o festival”.

As diversas oficinas serão realizadas da quarta-feira, 22 de julho, à quinta da semana seguinte (dia 30). No domingo, não haverá atividades. A ideia é que os participantes aproveitem esse dia para conviver e trocar informações que vão alimentar a sequência das oficinas. A proposta tem a ver com clima de encontro que marca o evento. “O festival acontece durante 24 horas, e muitas vezes é à noite que surgem grandes projetos”, conta Fabrício Fernandino, com a experiência de 16 anos de Festival de Inverno.

O evento tem custo estimado este ano em cerca de R$ 450 mil, e o processo de captação ainda está em andamento. Informações sobre oficinas, espetáculos e acomodações, entre outras, estarão disponíveis a partir de 8 de junho no site do festival (www.ufmg.br/festival).

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