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Exposição: “Geometrias Emotivas – (des) construção e (de) composição” – Daniela Moser

6 de março de 2020 às 18:00 - 5 de abril de 2020 às 18:00
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O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição “Geometrias Emotivas: (des) construção e (de) composição”, da artista Daniela Moser, na sexta-feira, dia 06 de março de 2020, às 18 horas. A mostra reúne obras que misturam técnicas de pintura, desenho, fotografia e colagem e poderá ser vista até o dia 05 de abril de 2020. Entrada gratuita.

Multiplicidade, espontaneidade e fluidez. Estas são algumas palavras que podem ser associadas ao trabalho da artista mineira Daniela Moser. Misturando técnicas de pintura, desenho, fotografia e colagem, as obras trazem composições pensadas através da modulação de cor, uma das principais assinaturas de seu trabalho. As composições se dão tanto por formas geométricas planas como retângulos e quadrados , quanto por formas orgânicas fluidas; sempre numa proposição de partir do pequeno e, dele, expandir espontaneamente.

A questão da espontaneidade é para Moser uma construção: há um esforço das composições não serem construídas racionalmente, de serem efetivamente formações de um acaso, que surgem como surpresas. Esses acasos formados aparecem primeiramente no papel o principal suporte utilizado , que, pela sua materialidade, permite uma constante modificação das composições e, nisso, uma multiplicidade de recortes e fragmentações; sendo na forma de adensamento, no agrupar de massas de cores, ou na espacialização dos fragmentos aplicados pelo suporte.

A criação das obras, assim, parte de um entendimento da colagem não só como técnica, mas como linguagem, expandindo esta forma artística para além de elementos tradicionalmente associados a ela, como a cola. As duas séries Enxertos e Modulações são obras que levam a colagem para agrupamentos em camadas soltas, permitindo também que o papel aja de acordo com suas próprias características: dobras, entortamentos e eventuais separações que podem acontecer espontaneamente.

Estas séries desdobram noutra obra, que surge na proposta de um contato do espectador com o trabalho. Livros Interativos foi disparado por esta questão, sendo um convite sensorial e criativo, de desde sentir as texturas das páginas até de estar ao folheá-las num ato contínuo de (des)construção de composições, onde retira-se uma forma de um espaço para o outro; cria-se um outro em variações múltiplas, o corpo daquele que manipula sendo uma outra forma orgânica – presente, que instaura uma nova dinâmica.

O orgânico na obra de Moser, aliás, aparece pelo experimento de fotografar anônimos no espaço urbano. Nisso, a artista traçou Cartografia do Corpo II, desenhando sobre os contornos e as curvas de pessoas captadas num momento de lazer; depois sobrepostos e esvaziados de identidade, numa mistura quadriculada, modulada e fluida de corpos relocados. Estas formas perpassam por diversos outros trabalhos, como Corpocidade e (DE)forma, emprestando suas curvas às geometrias emotivas das demais obras, coladas subjetivamente entre si. O mais interessante, entretanto, é como essas formas não podem ser reduzidas à uniformidade são uma diferença que se mantém diferente, em singularidades plurais de multidão; e aqui está a potencialidade do trabalho.

Mosaicos de pequenos mundos

Ao olharmos para a obra de Daniela Moser, podemos perceber como a colagem possibilita uma poética do imaginário, especificamente sobre o corpo e a cidade, que se materializam em mosaicos de composições geométricas. O jornalista e sociólogo Robert Park entende a cidade como um estado de espírito que se constitui a partir dos processos vitais das pessoas que nela vivem. Ou seja, são os sujeitos que a constroem não apenas em sua dimensão física, mas em sua dimensão imaterial, subjetiva. Esse estado de espírito, que é a cidade, é construído a partir da ação de diferentes grupos que nela convivem, configurando-a como “um mosaico de pequenos mundos que se tocam, mas não se interpenetram”, nas palavras de Park.

Nesta perspectiva, as colagens de Moser apontam, em sua multiplicidade, pequenos mundos de diferentes indivíduos que se manifestam e se constroem em interações sutis, que fazem surgir novas variedades; fazendo com que essas cidades coladas sejam constituídas a partir da mistura do entrelaçamento de indivíduos e grupos semelhantes em suas distinções. Esta é a preciosidade da obra.

As combinações, divisões e fragmentações possibilitam reflexões sobre a mistura que constitui a vida urbana e as diferenças que marcam as relações entre os corpos que habitam esses mundos. Num contexto atual de intolerância ao outro e desrespeito às diferenças, obras como Corpocidade e Cartografia do Corpo, resgatam um senso de multidão, tratando a multiplicidade de forma afetiva. Aqui, as singulares estão no quadrado, na curva, na cor; e são participantes adensados de nosso presente comum, junto com quem os observa.

Assim, trabalhar essas questões, reunidas nas nove obras num ambiente expositivo, teria como propósito imaginar esses traços e recortes (literais) de uma pluralidade de existências. Numa aplicação prática da estratégia artística, a arte torna-se, nas colagens de Moser, um dispositivo de pensamento e de proposição simbólica de (re) pensar questões ofuscadas pela sociedade contemporânea, por geometrias afetivas. Resgatando, com elas, a possibilidade da espontaneidade, da coletividade, do convívio e da criatividade.

Sobre a artista

Daniela Moser é Bacharel em Desenho pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006). Participou do Acompanhamento Artístico Individual no Ateliê ESPAI, sob a orientação de Marcelo Drummond (2019); da Oficina Cola-Colagem, coordenada pelo artista Roberto Marques (2018) e da Ocupa_Espai: Residência Artística sob a orientação de Nydia Negromonte e Marcelo Drummond (2018). Integrou as exposições coletivas Um erro inesperado aconteceu, na Periscópio Galeria, com a curadoria de Nydia Negromonte e Marcelo Drummond (2019); Festival Independente de Contagem F5, MG (2015); Arte no Banheiro, BH/MG (2007); Ser-para-a morte, no Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre, RS (2007); Perfumarias e Miudezas, no Centro Cultural de Contagem, MG (2006) e A Poética das Coisas, na Casa da Cultura de Betim, MG (2006). Exposições individuais: Ocupa_Espai, BH/MG (2018) e Transversais, na Galeria BDMG, BH/MG (2005).

Exposição “Geometrias Emotivas: (des) construção e (de) composição”

Abertura: 06 de março de 2020 | às 18 horas

Visitação: até o dia 05/04/2020

Terças a sextas de 10h às 21h

Sábados e domingos de 10h às 18h

Sala Ana Horta

Entrada gratuita

Contato

Daniela Moser

Instagram: @daniela.moser

Facebook: Daniela Moser

(31) 9 8409-4864

danielamoser64@yahoo.com

Serviço
Centro Cultural UFMG
Av. Santos Dumont, 174 – Centro
Belo Horizonte – MG
(31)3409-8290
www.ufmg.br/centrocultural

Detalhes

Início: 6 de março de 2020 às 18:00
Fim: 5 de abril de 2020 às 18:00
Evento CategoryExposições

Local

Local: Centro Cultural UFMG