O ministro da Educação defendeu o papel das universidades na cooperação internacional
Foto: Eber Faioli
A contribuição do intercâmbio entre as universidades para o desenvolvimento social está em pauta na capital mineira. No início da noite desta terça-feira, 6 de julho, a reitora Ana Lúcia Gazzola recebeu, no Conservatório UFMG, o ministro da Educação, Tarso Genro, para abertura do 2º Congresso Euro-latinoamericano de Universidades, que prossegue até o dia 9 de julho, com participação de cerca de 80 reitores e outros dirigentes de instituições brasileiras, latino-americanas e européias. O ministro proferiu a primeira palestra do evento, abordando o tema Universidade: cooperação internacional e diversidade. Durante a cerimônia de abertura, após apresentação da pianista Tânia Mara Lopes Cançado, a reitora Ana Lúcia Gazzola fez um agradecimento especial às 67 universidades e demais instituições que participam do Congresso. No início de seu depoimento, ressaltou a importância da presença do ministro Tarso Genro como manifestação da disponibilidade do governo em discutir a situação da educação brasileira. “Estamos certos de que esta visita indica o apreço com que o governo brasileiro, na pessoa do ministro, vê a educação superior neste país”, disse. A reitora elogiou, ainda, o apoio do ministro ao debate entre as diversas instâncias relacionadas com a mudança dos rumos da educação no Brasil. “Ressalto, de modo particular, os seus esforços na defesa das condições garantidoras da permanente qualificação do sistema público de ensino superior neste país e na criação de um amplo espaço de interlocução”, disse. Em seguida, Ana Lúcia Gazzola comentou a importância de se buscar estratégias para que, como fruto da “persistência por um ideal”, a universidade esteja cada vez mais próxima da sociedade. Em outro momento, a reitora comentou os desafios a serem enfrentados na atualidade, em decorrência da globalização econômica. E reforçou o empenho das universidades na busca por saídas coerentes e solidárias: “Sabemos que não é suficiente o que podem fazer as instituições universitárias nesse cenário. Entretanto, é nas universidades que trabalhamos, é a elas que dedicamos o melhor de nossas energias. Talvez devamos insistir em recorrer ao ethos da instituição universitária e, diante da crise, buscar o melhor que a nossa tradição humanista pode nos oferecer: a disposição de reafirmar o primado da razão de humanidade sobre a razão do Estado”. Quanto ao 2º Congresso Euro-latinoamericano de Universidades, a reitora ressaltou suas expectativas em torno do debate sobre a diversidade e a cooperação. Segundo ela, é preciso que as instituições de ensino superior criem estratégias e dispositivos capazes de ampliar os benefícios decorrentes do conhecimento: “Desejamos que, uma vez mais, nos comprometamos com o dever da esperança”. Ministro Tarso Genro Segundo o ministro, as ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não buscam ruptura, nem seletividade nas relaçõe do Brasil, no plano internacional. “O investimento, na verdade, é na busca de relacionamentos que apontem para a retomada de um projeto nacional”, disse. A partir daí, Tarso Genro lançou indagações sobre a realidade da cooperação entre os estados, a contribuição da democracia mundial para a estabilização dos direitos sociais e o processo de homogeneização política e cultural por que passa o mundo: “De fato, o panorama não é favorável. Por isso, quero apoiar contra-tendências, representadas, muitas vezes, pelas universidades”. Para o ministro da Educação, as instituições de ensino superior, principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, desempenham papel importantíssimo na consolidação da excelência do conhecimento e na construção de um projeto de nação. “Nosso país busca requisitos fundamentais, como, por exemplo, coesão social e controle do território nacional. As universidades, portanto, são vitais na construção de um projeto integrado para nações inconclusas como a nossa”, completou. Mesa de abertura Durante a cerimônia de abertura, o secretário executivo da Associação de Universidades Grupo Montevideo, Jorge Brovetto, comentou os “novos tempos por que passa a América Latina". Segundo ele, as universidades revelam hoje seu grande compromisso com o combate à miséria e à exclusão social. “A educação superior tem muito por dizer. A cooperação internacional das universidades baseia-se na solidariedade e na solução de problemas”, afirmou. Seu colega David Aguilar Peña, presidente da Associação de Universidades Grupo Coimbra, também ressaltou o empenho solidário das instituições de ensino superior. “Trabalhamos dentro da perspectiva da autonomia universitária. Precisamos buscar excelência, reafirmar nosso compromisso social e fortalecer nossas ações de internacionalização do conhecimento. Estamos convencidos da necessidade de um mundo mais solidário”, completou. O Congresso Entre as européias confirmaram presença as universidades ligadas ao Grupo Coimbra, como as de Salamanca (Espanha), Genebra (Suiça), Bergen (Dinamarca), Tartu (Grécia), Galway (Irlanda), Tor Vergata, Bolonha, Siena (Itália) e Leiden (Holanda). Das brasileiras, virão reitores da maioria das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), das universidades católicas de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, além das estaduais paulistas - Usp, Unesp e Unicamp Serão discutidos temas como a defesa do princípio de educação como bem público, as estratégias e instrumentos de cooperação universitária e a identificação de áreas promissoras para a cooperação. De acordo com a diretora de relações internacionais da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, "a cooperação entre as instituições universitárias impõe-se como necessária diante da evidência dos efeitos da globalização predatória e indutora de crescentes desigualdades", Em sua primeira edição, há dois anos, o Congresso foi realizado em Salamanca, na Espanha. Mais informações na página eletrônica do Congresso.
Na palestra de abertura do Congresso, que contou com a presença do reitor da Universidade de São Paulo (USP), Adolpho José Melfi, como moderador, o ministro da Educação, Tarso Genro, “redesenhou” o tema da cooperação internacional e da diversidade entre universidades a partir de três diferentes eixos da atualidade. “Estou falando da redefinição das relações internacionais brasileiras, do combate à fome e da busca de estabelecimento de novo sistema de cooperação. É preciso um debate global acerca da política de subsídios”, afirmou.
Além da reitora Ana Lúcia Gazzola e do Ministro da Educação, Tarso Genro, compuseram a mesa de abertura do Congresso a Secretária de Estado de Educação de Minas Gerais e ex-reitora da UFMG, professora Vanessa Guimarães Pinto; o diretor do departamento de Projetos Especiais de Modernização e Qualificação do Ensino Superior da Sesu, Oscar Acselrad; o secretário executivo da Associação de Universidades Grupo Montevideo, professor Jorge Brovetto; e o presidente da Associação de Universidades Grupo Coimbra e reitor da Universidade de Granada, professor David Aguilar Peña.
Realizado pela UFMG, o Congresso conta, até o dia 9 de julho, com a presença de dirigentes de universidades do Grupo Montevideo, formado pelas universidades de Buenos Aires, La Plata, Rosário, Córdoba, Tucumã (Argentina); República Uruguay (Uruguai); Nacional de Assuncion (Paraguai) e Católica do Chile, além de quatro instituições cubanas.