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Desde que chegou a Diamantina, na última sexta-feira, Sylvio Back tem se desdobrado em múltiplas atividades. Convidado do 36º Festival de Inverno para ministrar a oficina Cinemateca Sylvio Back, logo na chegada o catarinense, dos mais prolíferos e polêmicos cineastas brasileiros, começou participando, junto com o professor Wander Melo Miranda (UFMG), de mesa redonda coordenada pela professora Maria Antonieta Pereira (UFMG), sobre Literatura e cinema no Brasil contemporâneo. No mesmo dia, foi exibido o filme Aleluia, Gretchen, o primeiro da mostra do autor aqui em Diamantina. No dia seguinte foi a vez de Yndio do Brasil, uma colagem de dezenas de filmes nacionais e estrangeiros - de ficção, cine-jornais e documentários - que revelam como o cinema retratou o índio brasileiro desde a primeira vez em que ele foi filmado, em 1912. Seguiu-se Rádio auriverde e, nesta segunda-feria, a mostra será encerrada com a exibição de Cruz e Sousa, o poeta do desterro., baseado na vida e obra do poeta catarinense que foi um dos fundadores da escola simbolista brasileira. Na oficina Cinemateca Sylvio Back, o cineasta discute, a partir da sua própria obra, a história e a atualidade do cinema brasileiro, além da relação deste com a literatura. “Essa relação é conflituosa. Cinema é visibilidade; literatura é invisibilidade, você imagina o que lê”, explica Back. Sobre as adaptações literárias para o cinema, Back - roteirista da maioria de seus filmes - acredita que se deve trair o livro no qual o filme é baseado. “Quanto maior a traição, melhor o resultado. Embora seja muito comum ouvirmos, em adaptações para o cinema, que o livro é sempre melhor que o filme, é preciso entendermos que literatura e cinema são duas linguagens distintas. Não podem ser comparadas”, completa. Recentemente, Syvlio Back adquiriu os direitos de filmagem do livro Angústia, de Graciliano Ramos, e seu próximo trabalho será adaptá-lo para o cinema. “Se Graciliano Ramos não tivesse sido escritor, teria sido cineasta fácil, fácil. Os romances dele são absolutamente cinematográficos”, afirma. (Yara Castanheira)