Um novo projeto destinado a favorecer a troca de conhecimentos entre jovens da Universidade e de comunidades pobres acaba de ser implantado na UFMG. Trata-se do Conexões de Saberes, que pretende ampliar oportunidades a alunos interessados em desenvolver projetos de pesquisa, enquanto estimula sua reinserção na periferia. As atividades serão iniciadas no dia 2 de março. De acordo com os coordenadores, serão oferecidas bolsas com duração de um ano, podendo ser renovadas por igual período. Podem participar estudantes autodenominados negros e pardos, classificados como carentes 1 pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), participantes de movimentos socioculturais, preferencialmente ligados à juventude, e que estejam cursando entre o segundo e o quinto períodos. As inscrições serão realizadas no dia 1° de fevereiro, às 14 horas, no auditório Professor Pompeu, da Faculdade de Educação. Além de preenchimento de ficha de inscrição, os candidatos serão submetidos, na mesma data, a exame de texto, versando sobre sua trajetória sociocultural. O processo de seleção inclui entrevista, de 14 a 18 de fevereiro, com os candidatos aprovados nessa primeira etapa. Serão selecionados 25 alunos, que devem desenvolver projetos em grupo ou individuais nas áreas social, cultural e tecnológica. Eles receberão formação em metodologia de pesquisa e as atividades serão implantadas sob orientação de professores e alunos da pós-graduação. Popular e acadêmico Corrêa observa que programas semelhantes, mas de cunho assistencialista, tornaram-se meros espaços de guarda do sujeito, devido à necessidade de isolá-los de riscos sociais. Através do projeto Conexões, diz o pró-reitor , os participantes podem superar esses limites, pois poderão integrar as atividades propostas em sua rotina e trajetória de vida. Outro diferencial de Conexões, apontado por Juarez Dayrell, que coordena o projeto junto a Nilma Gomes - ambos professores da Faculdade de Educação -, é o desenvolvimento de pesquisa acadêmica. "A atividade permitirá ao aluno aprender a produzir conhecimento", prevê Dayrell, ao observar que a iniciativa destina-se a capacitar o aluno e estimular ações juvenis nas comunidades, permitindo a valorização desses segmentos como sujeitos de um modo de vida. O coordenador explica que os universitários atuarão junto a organizações ou movimentos culturais e educacionais já existentes nas comunidades. Isso permitirá que conheçam experiências de ação coletiva e de inserção na vida pública específicas desses espaços. "Esse é o conceito de saber popular com o qual pretendemos trabalhar", destaca Dayrell. Conexões de saberes é um programa nacional gerenciado pelos ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome. Participam de sua primeira etapa outras quatro universidades federais: Rio de janeiro (UFRJ), Fluminense (UFF), Pará (UFPA) e Pernambuco (UFPE). Oservatório da Juventude, projeto da UFMG coordenado por Juarez Dayrell foi um dos programas que inspirou seu formato. Numa próxima etapa, ele deverá ser estendido para 20 universidades públicas. A decisão depende de ampliação de recursos. Para a fase atual, já foram liberados R$ 200 mil a cada instituição. O valor será destinado para cobertura dos gastos durante os próximos dois anos. A bolsa acadêmica está estipulada em R$ 241,50. A implantação do projeto na UFMG conta com o apoio da Fump e da Pró-Reitoria de Extensão, e ocorrerá sob a coordenação executiva dos pós-graduandos Shirley Miranda, Luiz Carlos Felizardo Júnior e Rodrigo Edmilson de Jesus. Mais informações na página www.fae.ufmg.br/objuventude.
Para o pró-reitor de Extensão, Edison Corrêa, o projeto tem o mérito de oferecer ao estudante a oportunidade de restabelecer vínculos de origens e reconhecer seu próprio papel social e profissional, enquanto realiza sua capacitação técnica. Ele acredita que a originalidade do caminho proposto está em favorecer a conexão entre os saberes acadêmico e popular, através do diálogo entre os jovens.