Peças do compositor brasileiro César Guerra-Peixe serão apresentadas, com entrada franca, nesta sexta-feira, 6 de maio, às 20h30, no auditório Fernando Mello Vianna, da Escola de Música da UFMG. A apresentação faz parte do programa de comemorações dos 80 anos da Escola. Na ocasião, haverá o concerto Oito flautas na música de Guerra-Peixe, em que se apresentam os flautistas César Lacerda, Evandro Archanjo, Fábio Viana, Jonathan Guimarães, Marta Castello Branco, Nilton Moreira, Rafael Ferreira e Shari Simpson, e acompanhados da pianista Euridiana Silva. No espetáculo, os músicos apresentam Melopéia 1, Melopéia 2 e Melopéia 3 (flauta solo), Música (flauta e piano); Allegretto com Moto (flauta e piano), e Quatro Coisas (flauta e piano). O mesmo repertório será interpretado no dia 15 de maio, às 11 horas, na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários), com entrada a R$ 5. O compositor Em 1932, Guerra-Peixe ingressa no então Instituto Nacional de Música - atual Escola de Música da UFRJ - onde começa, de fato, a sua formação teórica: além do violino, estuda harmonia e música de câmera. Foi certamente essa curiosidade instigante que o levou a buscar, em 1944, os conselhos e as informações de um jovem professor alemão radicado no Rio de Janeiro desde 1939 e que revelara o talento criador de outro violinista, o amazonense Cláudio Santoro. Em Hans Joachin, Koellreutter, Guerra-Peixe procurou - e encontrou - "a única pessoa que chegou ao Brasil para nos transmitir informações sobre a música contemporânea da época", escrevia ele mais tarde em suas anotações pessoais. A experiência dodecafônica de Guerra-Peixe deve ser entendida como um capítulo válido no seu processo de assimilação de conhecimentos e de experiências. O gosto pela pesquisa, descoberto em Pernambuco, teria continuidade em São Paulo, onde passaria a residir em 1953, dividindo-se entre o trabalho profissional de arranjador, a composição e as pesquisas de campo, sobretudo no litoral norte - Ilhabela, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba -, que visitou com freqüência como chefe da equipe de pesquisadores da Comissão Paulista de Folclore. Guerra-Peixe preparava-se com ansiedade juvenil para as comemorações dos seus 80 anos em 1994. Morreu no mesmo ano, mas permanece vivo através de seu legado musical e de seu exemplo edificante de fé e confiança nos valores culturais de seu país.
César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, em 1914. Aos 11 anos, matriculava-se na Escola de Música Santa Cecília, em sua cidade natal, para estudar solfejo, piano e violino, e dois anos depois recebia ali o primeiro reconhecimento e estímulo - uma medalha de ouro por seu aproveitamento na classe de violino -, instrumento de que se tomaria professor adjunto e depois catedrático, na mesma escola. O violino também foi o motivo principal de sua transferência para o Rio de Janeiro, onde estuda técnica violinística com Paulina D'Ambrosio.