A festa do baile tomada como pretexto para analisar encontros e desencontros, amores e paixões, ilusões desilusões, a partir da expectativa de sua realização nesse que talvez seja mais glamouroso de todos os eventos sociais foi o mote dos alunos do 7º período do curso de Artes Cênicas da UFMG para a montagem da peça teatral Hoje tem baile!, que estréia nesta sexta-feira, 24, em Belo Horizonte. O local da apresentação não poderia ser mais adequado: a Casa do Baile, no conjunto arquitetônico da Pampulha, prédio projetado na década de 1940 por Oscar Niemeyer e que ostenta a aura de local representativo daqueles anos dourados. A Casa do Baile é hoje um Centro de Referência de Arquitetura e Design e pertence a Fundação Municipal de Cultura da Prefeitua Municipal de Belo Horizonjte. O espaço foi cedido para este trabalho de Artes Cênicas. Espetáculo Foram também realizados estudos sobre as sensações dominantes de cada aluno-ator no período da montagem e suas possíveis ligações com o tema do amor. A partir disso foram realizados trabalhos de composição de partituras de movimentos e ações físicas, com o estudo paralelo de textos de Nélson Rodrigues, Arnaldo Jabor, Vinícius de Morais. A professora Bya Braga, responsável pela concepção e direção cênica, diz que "a encenação na Casa do Baile busca, em primeiro lugar, a descentralização da produção artística na cidade e sua veiculação em espaços alternativos, não hegemônicos do teatro". Segundo Bya, "a encenação é inédita na casa pensando-se no seu formato de encontro e interação com o público, buscando inquietar, indagar e subverter a recepção deste. A expressão onírica se dá como um elemento afirmativo para uma criação estética diferenciada, performática, e aberta ao jogo de improvisação cênica". Diálogo Tratando-se de pesquisa do evento "baile", a preparação técnica dos atores foi fundada em elementos da dança contemporânea, um trabalho de Cristiano Reis (Bailarino da Cia. De Dança da Fundação Clóvis Salgado), aluno do curso. Na encenação há registros de bailes da tradição dos anos 50 bem como os atuais. "Estão em cena pessoas e seus afetos. Desejos escondidos e revelados, encontrados e perdidos. Para ver os personagens talvez seja preciso microscópio... Pois, o que acontece não está representado e sim apresentado... Pede-se ao público o olho sensível e não o olho legível. Busca-se a experiência cinestésica, o teatro como experimento estético e estésico. O teatro como veículo de intervenção e sensação da própria cidade. Sensação do outro. Afinal, todos estarão perto. E poderão até dançar neste teatro de in-vento...", finaliza Bya. Clique para ver a ficha técnica do espetáculo.
A peça fica em cartaz até dia 28, na avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha em apresentações diárias, sempre às 20h, com entrada franca, mediante distribuição antecipada de senhas. O local tem capacidade para 40 espectadores. No percurso da preparação da montagem os atores realizaram diversas pesquisas (imagens, textos, ações corporais, músicas) para a composição de suas personagens e a própria elaboração do texto espetacular.
A diretora informa ainda que o espetáculo dialoga com a própria arquitetura de Niemeyer, e também com as artes plásticas (instalações), com a geografia, história, vídeo instalação (VJs), fotografia (slides), moda, design e comportamento.