Dissertação investiga causas da anorexia e discute valores estéticos da sociedade

Em dissertação de mestrado, defendida em junho junto ao curso de pós-graduação em Sociologia, da Fafich, a pesquisadora Viviane Loyola buscou traçar um panorama da sociedade que hoje vive sob a ditadura da beleza magra e estimula a crescente incidência de doenças como a anorexia.

Motivada pela atualidade do tema, Viviane iniciou seu estudo a partir da constatação da existência de muitos websites pró-anorexia. Gerenciadas, na maioria das vezes, por garotas adolescentes, tais páginas eletrônicas promovem apologia da doença: trazem, por exemplo, depoimentos e dicas de como deixar de se alimentar para perder peso e manter a aparência "ideal".

Viviane Loyola explica que, na contemporaneidade, a aparência funciona como mecanismo de legitimação social. "Aparência é atributo de poder, de ascensão", esclarece. O corpo magro é o atual modelo de beleza, e, por outro lado, há rejeição ao obeso. "O pânico à obesidade e, sobretudo, a forma pejorativa como é vista a pessoa acima do peso ideal incitam a obsessiva busca pelo emagrecimento", conclui a pesquisadora. Segundo Viviane, tem-se hoje a idéia de que ser magro é saudável e de que estar acima do peso sugere descuido.

Números
A anorexia é uma das doenças que mais crescem entre a população feminina do mundo. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) recolhidos em 1999, revelam que nos Estados Unidos uma em cada 100 mulheres de 12 a 18 anos é anoréxica. No Brasil, a proporção cai para uma em cada 250 adolescentes. Uma das causas da doença, segundo a pesquisadora, diz respeito à insatisfação das pessoas em relação ao próprio corpo.

Em seu trabalho, Viviane teve acesso a dados de dissertação sobre a doença, defendida em 2002, na Faculdade de Medicina. A pesquisa médica revelou que, em Belo Horizonte, dos 1.450 entrevistados - alunos de ensino médio de escolas públicas e privadas - 52% sentem-se insatisfeitos com a imagem e 30% fazem algum tipo de dieta. Além disso, cerca de 20% dos adolescentes provocam vômito e 10% fazem uso de diuréticos ou laxantes.

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