A Universidade Federal de Minas Gerais tornou-se protagonista de uma experiência modelo no desenvolvimento da aqüicultura no Brasil. A UFMG é sede do Laqua (Laboratório de Aquacultura da Escola de Veterinária), um complexo de pesquisa e de produção na área de piscicultura, a criação de peixes. Pioneiro na América Latina, o Laqua foi planejado para desenvolver toda a cadeia produtiva do cultivo - desde a produção do alevino até o beneficiamento - e tornou-se referência na atividade que promete fazer do Brasil um dos maiores produtores de pescado do mundo: a aqüicultura, ou seja, a criação de peixes, e outros organismos aquáticos. A SEAP apostou no laboratório devido à necessidade estratégica de desenvolver o setor aqüícola nacional através do conhecimento e do desenvolvimento de pesquisas e tecnologia na área. “Nosso maior potencial de crescimento está na aqüicultura”, sustenta o ministro Gregolin. A aqüicultura é uma das atividades econômicas que mais cresce no Brasil (a taxas de 20% ao ano, muito mais do que outros setores como avicultura ou suinocultura) e deve ter importância cada vez maior no desenvolvimento socioeconômico de estados como Minas Gerais, com grande potencial para o cultivo de peixes em função da riqueza de recursos hídricos e clima. “Minas é um dos estados do Brasil com maior potencial para a piscicultura”, afirma o pesquisador Daniel Crepaldi, um dos coordenadores do projeto da UFMG. O setor, no entanto, precisa de informação para crescer de forma economicamente viável e ambientalmente correta. Hoje, o estado tem cerca de 14 mil piscicultores, a maioria produzindo com escassos recursos técnicos, sem orientação nem treinamento. Nesse sentido, o laboratório irá além da formação acadêmica, atuando também na difusão de tecnologias, com cursos de capacitação para produtores. A previsão da Universidade é que o Laboratório comece a oferecer cursos para criadores e técnicos a partir do próximo ano. “Nossa expectativa é que o Laqua seja um difusor de tecnologia”, avalia o professor Roberto Baracat, assessor especical da UFMG para a área de agroveterinária. Alternativa O aproveitamento das águas de reservatórios de grandes hidrelétricas para fins de criação de peixes deve representar um salto na produção de pescado no Brasil (de 1 milhão de toneladas de pescado por ano, podemos passar a produzir dez vezes mais). Parques já estão sendo implementados em Itaipu (PR) e no complexo do Castanhão, no Ceará, gerando renda e alimento para as comunidades do entorno. Em Minas, a SEAP investe em estudos para criação de parques aqüícolas nos lagos de Furnas e Três Marias. Mais de R$ 1,1 milhão foram destinados ao estudo para delimitação dos parques. (Assessoria de Imprensa/SEAP)
Nesta sexta-feira, dia 11, às 14h30min, o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP/PR), Altemir Gregolin, vai a Belo Horizonte visitar a estrutura do complexo de 2 mil metros quadrados, que recebeu recursos da SEAP. Os R$ 527,3 mil destinados pela secretaria estão sendo utilizados na aquisição de equipamentos, incluindo um moderno sistema de recirculação completa de água que vai garantir energia limpa para a manutenção dos trabalhos. Inicialmente, os estudos serão voltados à produção de surubim (peixe nativo com potencial para cultivo) e de tilápia, espécie exótica de grande aceitação comercial.
A aqüicultura é, cada vez mais, uma alternativa à pesca extrativa, que enfrenta redução de estoques tanto nos oceanos quanto nos rios. A criação de peixe pode tornar-se fonte complementar (ou até principal) de renda e de alimento para comunidades que hoje vivem da pesca. E o desenvolvimento das técnicas de cultivo ajudará a reverter o problema da diminuição do pescado, percebido em muitos rios mineiros, como o São Francisco. Os mananciais poderão ser repovoados com alevinos produzidos em instituições como o Laqua. Num segundo estágio, o laboratório será capaz de produzir alevinos de espécies nativas (como dourado e matrinxã) para fazer o peixamento do São Francisco e seus afluentes, medida importante para a revitalização da Bacia.