Foca Lisboa |
Ao falar, nesta segunda-feira, aos membros dos Conselhos Superiores, reunidos na sala de sessões da Reitoria, o ministro da Educação Fernando Haddad, em visita à UFMG, disse que lhe cabia, neste fim de mandado, fazer um balanço do legado que o MEC estava deixando e, ao mesmo tempo, discutir o futuro da educação no país, ou seja, "trazer ao conhecimento de todos os avanços conquistados e defender a sua preservação". Antes da fala do ministro, o reitor, Ronaldo Pena, abriu a reunião traçando um retrato da UFMG, quando mencionou números relativos à população universitária, aos cursos de graduação, pós-graduação, especialização e ao ensino médio e fundamental, projetos de expansão física, grupos de pesquisa existentes, patentes nacionais e internacionais, incubadoras e empresas juniores, participação no Parque Tecnológica de Belo Horizonte (BHTec) e impacto da UFMG sobre a sociedade, especialmente por meios dos hospitais universitários e ações de saúde. "É preciso tornar público nesse momento o reconhecimento da UFMG ao governo federal pelo que tem feito em apoio às iniciativas de nossa Universidade, como as que se evidenciam nos canteiros de obras. Mantemos um diálogo de alto nível com o MEC e, por seu intermédio, com outros órgãos do governo, de que resultou a extraordinária recuperação dos orçamentos das universidades federais nos últimos anos. Estamos juntos, senhor ministro, na mesma luta pela universidade brasileira". Ruptura Segundo ele, ao se dar preferência ao ensino fundamental e médio, na verdade houve prejuízo a ambos. Para alterar esse quadro, o ministro mencionou obstáculos institucionais que tiveram de ser removidos como a proibição legal de expansão do ensino profissionalizante. "Investir no ciclo educacional como um todo foi o que aconteceu nos países que elegeram seu sistema de educação como fundamento estratégico para o projeto de nação", completou. Eixos Quanto ao segundo item, mencionou a Prova Brasil e o Enade que estão permitindo traçar uma fotografia do ensino no país, condição indispensável para o seu planejamento. Finalmente, sobre a formação de professores, acha o ministro que uma política nesse sentido tem de articular os níveis superior, médio e fundamental do ensino. Nesse sentido, julga que cabe importante papel à universidade, citando a propósito a criação de novas universidades públicas e novos campi universitários pelo país, além do projeto Universidade Aberta, de educação a distância, que já dispõe de 39 pólos no Estado de Minas Gerais, dos mil previstos para todo o país. "Queremos tornar a escola pública cada vez mais pública menos estatal", acrescentou. Ele salientou que a proposta de qualificação de professores para o ensino fundamental e médio terá o desafio de, dentro de dez anos, ofertar a pós-graduação a esses graduados. Para isso, será essencial o papel da Capes, que já dispõe atualmente, ao lado de um comitê científico, também de um comitê de educação básica. Finalmente, Haddad ressaltou que "há uma agenda em curso em todas as áreas da educação, que vem sendo construída a muitas mãos, pois não é possível fazer isso a partir de um gabinete em Brasília". Disse, finalmente, que está se formando no país a consciência de que sem a educação o Brasil não poderá consolidar os avanços que já alcançou tanto na área da economia quanto na área social". Debates
Para Haddad, o principal mérito da gestão do MEC no atual governo, que se iniciou com o ministro Tarso Genro, a quem sucedeu, foi romper com uma visão equivocada que separava a educação superior do ensino médio e fundamental. Segundo Haddad, esta é uma visão não apenas errada como estratégia, mas também equivocada do ponto de vista pedagógico"
O ministro assinalou que a gestão do MEC nos últimos anos privilegiou três eixos de atuação: a recuperação orçamentária das entidades educacionais públicas, a implementação de um sistema de avaliação e a formação de professores. No primeiro item, afirmou, a suplementação de recursos realizada pelo MEC permitiu a recuperação desses orçamentos, que haviam chegado ao fundo do poço em 1999, aos patamares de 1995. 'Não fizemos nada mais que nossa obrigação", enfatizou.
Após a palestra, o ministro foi aparteado pelos dirigentes universitários que lhe endereçaram inúmeras perguntas. Em seguida, ele se dirigiu à Praça de Serviços, no campus Pampulha, onde manteve encontro com a comunidade universitária para um debate sobre os rumos da educação no país, a convite do Diretório Central dos Estudantes( DCE/UFMG), Associação dos Professores Universitários da UFMG e Sindicato dos Trabalhadores das Instituições de Ensino Superior (Sindifes/BH).