A convite do diretor do Instituto de Ciências Exatas (Icex), professor Bismarck Vaz da Costa, o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Monteiro de Almeida Filho, realizou na tarde desta segunda-feira, 10, no campus Pampulha, a conferência Universidade Nova – proposta de reestruturação da arquitetura acadêmica da educação superior no Brasil. "A idéia está sendo discutida em praticamente todas as universidades brasileiras", comentou Bismarck, ao abrir o evento. "A Universidade é viva porque discute todos os seus paradigmas e seus problemas", completou. Naomar Monteiro dividiu sua exposição em três blocos. No primeiro, falou dos antecedentes da instituição universitária no mundo; no segundo fez uma análise e um diagnóstico da universidade brasileira atual; e por fim apresentou seu projeto. Anísio Teixeira Anos depois, a convite do presidente Juscelino Kubtscheck, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro fundariam a Universidade de Brasília. "Em 1961, este projeto antecipava em 40 anos o atual Processo de Bolonha", afirmou o reitor da UFBA. Problemas O expositor afirmou que a Universidade Nova "não tem novidade, pois é basicamente o resgate de idéias que já estavam nos dois projetos de Anísio Teixeira". A proposta baseia-se na a implantação de um regime de ciclos, criando uma nova modalidade de formação, o Bacharelado Interdisciplinar, que seria composto por dois anos de uma formação geral ou eixo básico. A partir desse ponto, o aluno poderia tornar-se um tecnólogo ou passar para a formação específica, o que exigiria um processo de seleção que poderia ser o exame único para todos os cursos, ou avaliações seriadas, ou avaliação com base no desempenho de trajetórias. "Isso não está fechado, queremos encorajar combinações dessas alternativas", afirmou, ao convidar os interessados a tomarem parte nas discussões da proposta, por meio do endereço eletrônico universidadenova@teclim.ufba.br. Debate Leia mais sobre o projeto da Universidade Nova no www.universidadenova.ufba.br/twiki/bin/view/UniversidadeNova. Leia também artigo do reitor da UFMG, Ronaldo Pena, em que comenta a proposta, no endereço http://www.ufmg.br/conheca/index.shtml
Segundo Monteiro, a denominação Universidade Nova surgiu como homenagem a Anísio Teixeira (1900-1971), "uma das mais fecundas fontes do pensamento progressista na educação brasileira" e que reuniu os maiores intelectuais de seu tempo para elaborar o projeto da Universidade do Distrito Federal, inciativa destruída pela Ditadura Vargas.
Na opinião de Naomar Monteiro, a proposta de reestruturação universitária vem combater os principais problemas apresentados pelo atual modelo: precocidade na escolha do curso universitário, vestibular unificado - "não é lógico ter o mesmo exame para todas as profissões" -, altas taxas de evasão, crescente falta de autonomia da instituição universitária na definição dos currículos, e incompatibilidade dos cursos oferecidos no Brasil com os modelos de "todos os países de tradição universitária".
Questionado sobre o processo seletivo, Monteiro afirmou que uma das idéias em discussão é avaliação de desempenho. A respeito das políticas de ações afirmativas, comentou que se a Universidade Nova ganhou força sobretudo na UFBA e na UnB é porque são duas instituições "que têm aprofundado os projetos de ações afirmativas". E disse que pelo menos a metade das vagas para o Bacharelado Interdisciplinar deverão ser noturnas. "Enquanto perdurar a discriminação, precisamos reafirmar a reserva de vagas e cuidar para que os alunos não evadam", completou.