Conflitos urbanos e irrupções de jovens na França é o tema de conferência que o sociológico francês Dominique Duprez realiza, na próxima terça-feira, dia 24, na UFMG. Promovido pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat), o evento ocorrerá no auditório Sônia Viegas da Fafich, campus Pampulha, às 9h30, com tradução simultânea. Estudioso de temas relacionados a condições sociais em bairros urbanos de população de baixa renda, uso de drogas, criminalidade e desvios de comportamento, Dominique Duprez é diretor de pesquisa e presidente do setor de sociologia do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e diretor do Clersé da Universidade de Lille I, na França. Ele se encontra na UFMG desde o dia 10, a convite da cátedra Ford do Ieat, para desenvolver projetos com pesquisadores brasileiros. Além da conferência programada para a terça, ele deverá acompanhar, ainda debates do Seminário Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre os dias 25 e 27 de abril, em Belo Horizonte. O evento conta com o apoio do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG. A previsão é que Duprez retorne ao seu país em 3 de maio. Sobre a conferência que fará Universidade, Duprez divulgou a seguinte sinopse: "Há pouco mais de um ano, assistíamos a uma onda de conflitos urbanos sem precedentes na França. Após a morte, no dia 27 de outubro de 2005, em circunstâncias tão dramáticas quanto não elucidadas, de Zyed e Bouna, de 14 e 16 anos, os primeiros confrontos com a polícia e os incêndios de carros em Clichy-sous-Bois e Montfermeil ficaram, de início, limitados aos conjuntos habitacionais limítrofes da periferia de baixa renda do norte de Paris, que concentra todos os derivados de guetos e zonas sensíveis. "Em seguida, foram se estendendo para todo o departamento Seine-Saint-Denis, antes de se propagarem, ao longo da segunda semana, no interior e em diversas cidades francesas situadas muito além destas periferias cujas notícias já nos acostumamos a ver nos jornais. O fenômeno arrefeceu na terceira semana, pelo menos se julgarmos pelo número de carros queimados – indicador principal e muito imperfeito. Isso se deu antes da promulgação do estado de urgência no qual muitos viram um forte sinal de colusão entre a ordem pública e a ordem colonial (o decreto aplicado data da época da guerra da Argélia). A novidade é que estes conflitos constituíram um fenômeno nacional, e não mais de âmbito somente local. Durante três semanas, eles foram o principal assunto tratado pelo governo e pela opinião pública. Como explicar tal difusão? Quais são as principais causas das violências? Tal é a questão à qual ainda não conseguimos responder, apesar da massa de comentários e de interpretações que tentam ultrapassar a dificuldade de dizer o sentido do ocorrido naquelas noites de novembro de 2005. As conseqüências podem ser duradouras." Informações adicionais sobre a conferência pelo telefone (31) 3409-4123 e e-mail: info@ieat.ufmg.br.