Universidade Federal de Minas Gerais

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Sérgio Pena abre seminário da UFMG

Sergio Pena discute contribuições de Darwin para a Ciência

segunda-feira, 21 de maio de 2007, às 7h25

O professor Sérgio Danilo Pena, do departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB, fará nesta terça-feira, dia 22, às 10h, no auditório da Reitoria, conferência magna durante a abertura das comemorações dos 80 anos da UFMG. Considerado um dos mais importantes geneticistas do país, Pena abordará as contribuições da teses do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882) para o desenvolvimento da ciência.

“A maior contribuição intelectual de Darwin não foi, como é geralmente pensado, a teoria da evolução, mas a idéia da seleção natural”, sentencia Pena, ao lembrar que a seleção natural pregada por Darwin envolvia a combinação de duas forças - chance e necessidade –, essenciais para explicar, de forma natural, a emergência e evolução das diversas formas de vida e da terra. “Chance, na aleatoriedade do processo mutacional de geração de diversidade, e necessidade, no processo de reprodução diferencial dos indivíduos melhor adaptados ao ambiente”, detalha o professor do ICB.

A natureza se basta
Surgidas no século 19, as idéias de Darwin acabaram se contrapondo com os adeptos da chamada “teologia natural” - rebatizada hoje com o nome de desenho inteligente -, segundo a qual os seres vivos apresentam uma complexidade irredutível, evidência da sua criação por um ser divino.

“Darwin demonstrou que a natureza se basta: há um desenho aparente, mas não é preciso invocar a existência de um desenhista. As forças combinadas do acaso e necessidade, de mutações e seleção natural são capazes de explicar a emergência e evolução da vida na terra”, explica o professor.

As idéias de Darwin alcançaram tanta ressonância no meio científico que o conceito de seleção natural acabou transposto para outras esferas do conhecimento. Em alguns casos, com resultados nem sempre edificantes para a humanidade.

Um desses desdobramentos é o chamado Darwinismo social, que envolveu a aplicação da idéia de seleção natural para tratar sociedades humanas como sistemas que evoluem por competição entre indivíduos, grupos e nações. “O darwinismo social desembocou no movimento eugênico e no nazismo”, relembra Sérgio Pena.

Por outro lado, continua o geneticista, o princípio darwinista é a base de uma das mais revolucionárias estratégias modernas de criação de novos fármacos, a seleção in vitro. “A partir de numerosas moléculas candidatas (aptâmeros) chega-se ao composto mais ativo do ponto de vista biológico”, informa o professor.

Carreira
Nascido em Belo Horizonte em 1947, Sérgio Danilo Pena é formado em Medicina pela UFMG, doutor em genética humana pela Universidade de Manitoba (Canadá) e pós-doutor pelo Instituto Nacional para Pesquisa Médica, em Londres. Após alguns anos como professor da Universidade McGill, em Montreal (Canadá), retornou ao Brasil, onde se vinculou ao Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG, do qual é professor titular desde 1985.

A diversidade genômica humana e a formação e estrutura da população brasileira são dois dos principais interesses de pesquisa de Sergio Pena. Entre outros temas pesquisados por seu grupo estão a instabilidade genômica humana, a variabilidade de microssatélites, a estrutura populacional do Trypanosoma cruzi e o genoma do Schistosoma mansoni, informa a Revista Ciência Hoje, onde o autor assina a coluna Deriva Genética.

Sergio Pena é autor ou co-autor de três livros, 49 capítulos de livro, uma patente e 203 artigos científicos, a maioria em periódicos internacionais. Segundo o Science Citation Index, seus artigos já foram citados mais de quatro mil vezes. Orientou 24 teses de doutorado e 22 de mestrado.

Ele também é o fundador e diretor-presidente do Núcleo de Genética Médica de Minas Gerais (Gene), instituição pioneira na América Latina em serviços de diagnóstico pelo estudo do DNA, especialmente de determinação de paternidade.