Na próxima semana, encerra-se o terceiro módulo presencial do Curso de Formação Intercultural de Professores, voltado para representantes de sete povos indígenas de Minas Gerais - Xacriabá, Maxacali, Krenak, Pataxó, Caxixó, Xukuru-Cariri e Pankararu. Como parte da programação das aulas, haverá palestras de Betty Mindlin, especialista em Literatura Indígena da PUC/SP, e de Marcos Vinícios Bortolus, do departamento de Engenharia Mecânica da UFMG. Betty Mindlin apresenta três palestras, sobre as narrativas de várias etnias do estado de Rondônia, de segunda a quarta, de 8h30 às 11h. Já na parte da tarde, de 13h30 às 17h, o professor Marcos Vinícios Bortolus ministra aulas sobre ciência, tecnologia e cultura. Todas as atividades serão realizadas no auditório da Faculdade de Educação (Fae) da UFMG. Betty Mindlin é economista, com doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1984). Experiente na área de antropologia, com ênfase em etnologia indígena, Mindlin trabalha atualmente no registro da tradição e música, em mais de dez línguas, de professores e narradores indígenas É autora, entre outros, do livro Diários da Floresta (Ed. Terceira Nome, 2006), escrito a partir das anotações feitas ao longo da sua convivência com o povo Suruí Paiter, de Rondônia, entre 1978 e 1983. Marcos Vinícios Bortolus é engenheiro mecânico com doutorado em Energia pela Université de Toulouse III - Paul Sabatier (1995). Sua formação é especializada em Fenômenos de Transporte, área na qual atua, principalmente, sobre os temas de Turbulência, Simulação Numérica, Modelos de Parede e Transferência de Calor. Perspectivas Na primeira semana de atividades, iniciada no último dia 14, os alunos tiveram aulas que buscavam promover diálogo intercultural entre o conhecimento científico e o saber tradicional indígena. As aulas foram ministradas por Isaac Ashaninka e Fernando Yawanawa, professores convidados de grupos indígenas do Acre, com experiência em cursos de formação similares ao da UFMG. Curso O curso é gerido pela Universidade em parceria com o movimento indígena. Elaborado no final de 2004, a partir da demanda dos povos indígenas, o projeto obteve a aprovação da UFMG em 2005. Para funcionar, o curso obteve recursos do edital do Programa de Apoio à Implantação e Desenvolvimento de Cursos de Licenciatura para Formação de Professores Indígenas (Prolind), aberto pelo Ministério da Educação, que disponibilizou R$ 500 mil para a licenciatura. A Funai destinará R$ 372 mil anuais e a Secretaria de Estado de Educação, R$ 89 mil. A UFMG entra com o corpo docente e os equipamentos. Além do projeto da UFMG, foram selecionadas para o Prolind, em 2005, licenciaturas das universidades federais de Roraima, do Amazonas, de Campina Grande, da Bahia e de Tocantins; e as estaduais de Londrina (PR), da Bahia, de Mato Grosso do Sul, do Oeste do Paraná e do Amazonas.
Durante a semana de encerramento, lideranças dos grupos indígenas e professores da UFMG discutirão, em grupos de trabalho, a hipótese de criação de um núcleo de estudos superior indígena, o acesso e permanência dos estudantes indígenas na UFMG e a sistematização do próximo módulo. Nesta sexta, a professora Carmela Polito, pró-reitora adjunta de Graduação, apresentou aos professores e às lideranças indígenas um panorama dos cursos de graduação oferecidos pela UFMG.
Com estrutura diferenciada, o Curso de Formação Intercultural de Professores é composto por módulos presenciais de aprendizagem e grupos de trabalhos, que acontecem na UFMG, durante quatro semanas. Etapas intermediárias não presenciais, realizadas nas comunidades, também integram as atividades. O estudante, que também é professor na comunidade indígena, deve realizar projetos de pesquisa sob a orientação de monitores do curso. Ao final de cinco anos, 140 alunos estarão aptos a atuar como professores dos ensinos fundamental e médio.