No dia 30 de junho, às 20h, o Centro Cultural UFMG (avenida Santos Dumont, 174 - Centro) será palco do espetáculo Hotel Açucenas, que narra a história de diversas mulheres que vivem no referido hotel, um reduto de prostituição localizado à rua dos Guaicurus, próximo às praças da Estação e da Rodoviária. A peça, desaconselhável a menores de 16 anos, ficará em cartaz até 15 de julho. As histórias surgem a partir de uma imaginária interdição, que vem ordenar o fechamento do estabelecimento. Diante de um Hotel Açucenas paralisado, e da impossibilidade de continuar a vida que tinham, as mulheres recorrem a suas memórias singulares, como forma de reconstruir um lugar na cidade. Hotel Açucenas retoma o debate em torno da prostituição, sempre perpassado pelo discurso moral e suas relações com a sexualidade. O espetáculo é contruído dentro de um universo imaginário, em tempos de interdição do comércio sexual, em que as mulheres são convocadas a reivindicar seus direitos. Na peça, são discutidas as condições insalubres dos hotéis, a violência, o estigma, a profissão em segredo. O espetáculo estimula o debate em torno da organização coletiva das mulheres, o que, muitas vezes, é dificultado pela impossibilidade de se assumirem publicamente como profissionais do sexo. Individualidades Investigar a realidade da prostituição, e estar em contato direto com essa realidade, provoca a questão da possibilidade de recriação da realidade como forma de re-significar a vida. "Em cada encontro, com cada mulher, estivemos em busca do que é singular em cada experiência, atentos para o sentido que cada uma dessas mulheres dá as suas condutas, a sua história, aos acontecimentos que vivenciam e que as transformam", escrevem os organizadores do evento. Histórico A pesquisa culminou, em agosto de 2004, com o trabalho Fudidos-Intervenção Cênica no Espaço Urbano, apresentada no quarteirão fechado da Rua Guaicurus, projeto realizado com benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de 2005. Apresentações Confira a ficha técnica de Hotel Açucenas: Direção: Fábio Furtado.
A dramaturgia do Hotel Açucenas amparou-se na busca de histórias de vida, com pesquisa centrada sobre individualidades, embora não sejam sempre os indivíduos que estejam em causa, mas os grupos e as situações sociais. A pesquisa de campo foi mobilizada na busca de compreensão dos modos de existência diante da exclusão social, do desamparo.
O trabalho que culminou com a peça partiu do desejo das atrizes Lucilene França e Michelle Ferreira, graduadas no curso de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes da UFMG. Elas desejavam dar prosseguimento à investigação sobre as prostitutas da região central de Belo Horizonte, iniciada na Prática de montagem, no 6º período do curso, sob coordenação do professor Luiz Carlos Garrocho.
A peça é encenada aos sábados e domingos, às 20h. O teatro tem lotação máxima de 70 lugares. Os ingressos saem a R$10 e R$5 (meia entrada para estudantes e pessoas que doarem 6 camisinhas com selo do Imetro. As doações serão revertidas para as mulheres que trabalham nos hotéis da Rua Guaicurus).
Dramaturgia: Pollyana Costa Santos
Elenco: Lucilene França, Matheus Sant' Ana Horta e Michelle Ferreira.
Preparação Corporal e Vocal: O elenco.
Direção Vocal: Ernani Maletta.
Composição dos Cânticos: Desfaleço de Amor e Atire a primeira pedra, de Ernani Maletta, e Minha Alma, de Michelle Ferreira.
Criação de Cenário e figurinos: Wanda Sgarbi
Assistentes de Cenografia: Daniel Juliano, Endi Drumonnd e Wellington Santos.
Cenotécnico: Daniel Cardoso.
Assistente de Cenotécnico: Wellington Santos.
Costura de Cenário e Figurinos: Heloísa Ferreira Rocha.
Criação de Luz: Leonardo Pavanello
Técnico de luz: Enedson Gomes.
Criação de Sonoplastia: Maurílio Rocha
Técnico de som: Wellington Santos
Arte Gráfica: Tiago Oliveira
Fotografia:GutoMuniz
Filmagem: Byron O'Neill
Colaboradores da produção: Aline Carvalho, Daniel Carfa e Wellington Santos.
Assistência de Produção: Mariana Ferreira
Produção Geral: Michelle Ferreira
Realização: Flores de Jorge – Cia. Cênica