A vice-reitora da UFMG, Heloisa Starling, e o pró-reitor de Graduação, Mauro Braga, receberam, no início da noite de ontem (terça, 18), cerca de 40 representantes dos alunos da UFMG para esclarecimentos sobre a proposta da universidade para adesão ao Reuni – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais do Ministério da Educação –, que vai destinar recursos para as universidades com projetos de expansão para os próximos cinco anos. “Este encontro é parte de um processo de debates. Queremos informar os alunos, ouvir suas propostas e críticas, para incorporar o que for viável”, disse a vice-reitora. As universidades que aderirem receberão até 20% a mais de recursos para usar conforme seus critérios. Esse percentual foi calculado sobre o orçamento de pessoal (ativo) e de custeio. Uma das principais contrapartidas é que aumentem em pelo menos 20% o número de alunos na graduação. As instituições terão poder de escolha sobre a forma de crescimento. A proposta da UFMG prevê aumentar em cerca de 30 %, até 2012, a oferta de vagas no vestibular, e a contratação de 320 professores, já contando também com crescimento da pós-graduação. Esse aumento no número de docentes consumiria um terço dos recursos adicionais, o que representaria sobra expressiva para melhorias na infra-estrutura, bolsas de estudo para pós-graduação e apoio às atividades de graduação. Segundo Heloisa Starling, outras prioridades da UFMG incluem viabilizar o acesso de camadas ainda excluídas do ensino superior – através , por exemplo, da implantação de cursos noturnos, com a estrutura necessária – e criar cursos que explorem a transdisciplinaridade. O professor Mauro Braga ressaltou que a criação de novas graduações – há projetos em áreas como biotecnologia, estilismo e gestão de saúde pública – pretende “acompanhar as mudanças na construção e na demanda de conhecimento pela sociedade”. Estudantes Os alunos pediram atenção ainda, entre outros aspectos, para a necessidade de os cursos noturnos terem qualidade equivalente à dos diurnos. A vice-reitora respondeu que esta é uma prioridade da atual gestão, que pretende, inclusive, tornar disponíveis também à noite serviços e instalações, como bibliotecas, que hoje só funcionam no período diurno. Sobre a demanda de maior espaço físico a ser gerada pela oferta de novas vagas, os representantes da Reitoria anunciaram que a proposta da UFMG inclui a construção de prédios de salas de aula.
Os representantes de diretórios e centros acadêmicos fizeram perguntas e manifestaram preocupações. Sobre o risco de a expansão de vagas comprometer a qualidade do ensino e da prestação de outros serviços, o professor Ricardo Takahashi garantiu que não há sinais de que isso aconteça, uma vez que a proposta prevê proporção adequada entre professores e alunos, obras de infra-estrutura e aporte para suprimentos.
Valores
O Reuni prevê investimentos de R$ 2 bilhões, entre 2008 e 2011, na expansão e reestruturação das instituições federais de ensino superior. Entre as diretrizes do programa, estão a flexibilidade curricular nos cursos de graduação, para facilitar a mobilidade estudantil; a oferta de apoio pedagógico aos professores, para que eles tenham acesso a práticas modernas; e a adoção de mecanismos de inclusão social que dêem a estudantes mais pobres oportunidade de ingresso e permanência nas universidades públicas. A meta do governo federal é que 30% dos jovens entre 18 e 24 anos estejam matriculados na educação superior pública até o fim desta década.