Universidade Federal de Minas Gerais

Lucas Prates
Boaventtura.JPG
Conferência de Boaventura Santos (centro) teve professores Clélio Campolina Diniz (esquerda) e Leonardo Avritzer (direita) como debatedores

Boaventura diz que universidades devem praticar "extensão ao contrário"

quinta-feira, 20 de setembro de 2007, às 17h50

Os programas de extensão das universidades devem levar às salas de aula o que acontece fora delas, nas comunidades e nos movimentos populares, ao invés de pensar apenas em vender o conhecimento produzido ppor elas. Na avaliação do sociólogo português Boaventura de Souza Santos, que falou hoje para cerca de cerca de 600 pessoas em conferência no auditório da Reitoria da UFMG, esta é uma forma de ensinar os estudantes a respeitar outros saberes. O evento foi parte das comemorações do 80 anos da Universidade.

Boaventura acrescentou que essa é uma das maneiras de as universidades contribuírem para a "ecologia dos saberes", conceito criado por ele para pregar que o pensamento científico estabelecido não pode ser o único válido. É preciso incorporar o conhecimento de povos, culturas e extratos de populações marginalizados.

Em sua terceira visita à UFMG, o sociólogo elogiou a linha de ação desenvolvida na Universidade. "Seus grupos de trabalho têm relação forte e muito positiva com os movimentos sociais e as classes populares", disse Boaventura, que mantém contato freqüente com pesquisadores da UFMG.

Ele anunciou, junto com o professor Leonardo Avritzer, do Departamento de Ciência Política, a criação, com sede na UFMG, do Centro de Estudos Sociais (CES) da América Latina, versão autônoma local do núcleo dirigido por ele na Universidade de Coimbra. O novo centro reunirá 75 pesquisadores do Brasil, de outros países latino-americanos e de Portugal.

Democracia e autonomia individual
Assim como a Ciência não pode ser dominada por um pensamento único, Boaventura defende que o Direito tem que se abrir para além das normas estabelecidas, respeitando a realidade e as necessidades dos excluídos. "Não há como ampliar o acesso ao Direito sem mudá-lo. É preciso reinventar a noção de emancipação social", afirmou.

Sobre a idéia de radicalização da democracia, recorrente em seu trabalho, lembrou que o despotismo está em todo lugar: na família, na rua, na comunidade, na escola. "Não teremos democracia verdadeira se não se democratizarem todos esses espaços", disse Boaventura.

Ele explicou também suas idéias sobre autonomia individual. "Costumamos proclamar a autonomia das pessoas, mas como votar com independência se muitas vezes um emprego depende de um voto? Que condições têm as pessoas para comparar argumentos apresentados durante num debate na TV, por exemplo, se sua preocupação no momento é dar comida para o filho no dia seguinte? Que autonomia convive com o medo de uma bala perdida?", questionou o pensador português.

Boaventura, que viveu seis meses na Favela do Jacarezinho, no Rio – para produzir sua tese de doutorado sobre pluralismo jurídico –, destacou que o primordial é criar condições para tornar viável tal autonomia individual. "A autonomia não é um ponto de partida, e sim o ponto de chegada", concluiu.

Em sua conferência de hoje ele abordou também a questão da utilização da violência como forma de resolver diversas questões, seja no Iraque ou nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro. "Temos que encontrar outras formas de resolver as coisas. Ademais, é muito fácil fazer críticas à violência dos outros: queremos que sejam como nós no que temos de bom, mas não no que temos de ruim", ironizou.

Lucas Prates
publicoBoaventura.JPG
Sociólogo atraiu 600 pessoas à Reitoria da UFMG

O sociólogo português, que anualmente permanece durante seis meses nos Estados Unidos, defendeu que a aproximação entre as diferentes culturas deve ser baseada no respeito às respectivas realidades. Para efeito de exemplo, ele critica os que querem impor aos índios a noção de meio ambiente. "Para os índios isso não faz sentido, pois tudo é meio ambiente. É um equívoco querer tratar o diferente a partir de categorias de pensamento que não lhe são comuns", afirma.

Universidades pela internacionalização solidária
Em entrevista à imprensa, Boaventura elogiou as tendências reveladas pelo Congresso Internacional de Reitores Latino-americanos e Caribenhos, que aconteceu esta semana na UFMG. Ele lembrou que tem defendido o movimento das universidades em direção a uma "internacionalização solidária, como forma de resistência a uma globalização mercantilista".

Disse que programas de doutoramento devem ser geridos coletivamente pelo Brasil e outros países. Já sobre o ambiente universitário na América Latina, Boaventura se declarou otimista, por encontrar uma nova geração de cientistas sociais interessados nas diferentes realidades. "Surge um novo intelectual. Engajado. Que intervém publicamente. Tem raízes na sua terra, mas sabe que as formas de opressão estão globalizadas", definiu. O sociólogo acrescentou que vê com bons olhos também o movimento do governo brasileiro por maior investimento nas universidades públicas, através de recursos financeiros e de iniciativas diversas de inclusão.

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente