A UFMG estuda a adoção de um sistema de bonificação para candidatos ao vestibular egressos de escolas públicas. O anúncio, feito durante a segunda etapa do Vestibular 2008, foi tema de entrevista concedida pelo pró-reitor Mauro Braga ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, que foi ao ar no dia 9 de janeiro. Confira abaixo alguns trechos da entrevista. Correção da seletividade A proposta Nas duas etapas
O processo de ingresso no ensino superior é altamente seletivo. E essa seletividade não está associada só às escolas freqüentadas pelos jovens, mas também às oportunidades não-ortodoxas de educação: a vantagem de alguém que tem um computador em casa, hábitos de leitura e outros mecanismos de acesso à educação. Isso dá ao jovem um desempenho destacado no vestibular. A diferença de desempenho é pequena, mas suficiente para decidir a vaga. Para corrigir um pouco a defasagem e seletividade socioeconômica que envolvem o acesso ao ensino superior público, as universidades têm adotado os mais variados mecanismos. Na minha opinião, alguma atitude a universidade tem que tomar. Estudamos longamente essa matéria por meio de uma produção minuciosa de dados, e o resultado dessa reflexão, uma proposta de debate, está sendo submetida aos conselhos da Universidade.
Em linhas gerais, a idéia é contemplar, com uma pontuação de 10% acrescida ao desempenho do próprio estudante, os alunos da rede pública de ensino, desde a quinta série do ensino fundamental. É preciso que eles tenham freqüentado pelo menos sete anos em escolas públicas. A nossa alternativa é adicionar um percentual ao desempenho do estudante. Por isso, quanto melhor o desempenho, maior vantagem ele terá. Também controlaremos o desempenho mínimo para ingresso na universidade. A proposta conjuga duas coisas: benefício para estudante de escola pública, que vem de camada social menos favorecida, e uma exigência de desempenho mínima para prosseguir com os estudos na universidade.
A proposta sugere que o bônus seja dado em todas as provas. Se não for assim, não terá efeito importante. Até onde conseguimos simular, imaginamos um efeito expressivo. Se essa proposta tivesse sido adotada no Vestibular 2006 (o ano de referência), teríamos 50% de estudantes de escolas públicas, em vez dos 35% admitidos.