Marcílio Lana, Cartagena das Índias (Colômbia) – Os percentuais de investimento em ciência e tecnologia da América Latina e do Caribe, quando comparados aos de países desenvolvidos, são muito baixos, realidade que tem impacto direto sobre os índices de crescimento econômico dos países. A afirmação é do diretor do Centro de Gestão do Conhecimento e da Inovação (CCGI) da Universidade de Rosário, da Colômbia, Fernando Chaparro. Graduado em sociologia pela Universidade de Lovaina, Bélgica, mestre e doutor em sociologia industrial e economia do trabalho pela Universidade de Princeton dos Estados Unidos, o colombiano Chaparro confirma sua tese ao relacionar o Produto Interno Bruto (PIB) aos investimentos em ciência e tecnologia. “Os países com os mais altos índices de investimento em ciência e tecnologia são também aqueles que têm os maiores percentuais de desenvolvimento econômico”, compara. Relação direta O colombiano também faz uma correlação direta entre ingresso no ensino superior e produção do conhecimento. Realidade que, segundo Chaparro, é fácil de explicar por serem as universidades os principais agentes de desenvolvimento tecnológico e científico. Na América Latina e no Caribe, elas respondem pela produção de 85 a 90% do conhecimento. “Quanto menor é o percentual de pessoas que ingressam no ensino superior, menor é o número de profissionais e pesquisadores capacitados a desenvolver projetos”, determina. Essas foram posições defendidas por Fernando Chaparro durante a mesa-redonda “Educação Superior, Ciência e Tecnologia na América Latina e Caribe no Contexto Internacional”, que integra a agenda de atividades da Conferência Regional da Educação Superior (CRES 2008). Durante a mesa-redonda também foi apresentada uma síntese do Mapa da Educação Superior (Mesalc), estudo organizado pelo Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior (Iesalc) e coordenado pelo venezuelano Klaus Jaffé e o brasileiro José Renato Carvalho. Mais informações sobre o Mesalc podem ser obtidas na matéria “Desigualdade é a marca da educação superior na América Latina e no Caribe” ou no site da CRES 2008.
De acordo com dados apurados pela Cinda, instituição acadêmica internacional formada por universidades da América Latina e do Caribe, radicada no Chile, o Canadá foi o país que, em 2007, apresentou o mais alto índice de crescimento econômico. A razão está, segundo Fernando Chaparro, no percentual do PIB canadense destinado à ciência e tecnologia: 2%. Enquanto o Canadá está no topo da lista, inversamente, o Equador destina menos de 0,5% às áreas de ciência e tecnologia. “É uma relação direta. Quem pouco aposta em ciência e tecnologia recebe em troca baixos índices de desenvolvimento econômico”, enfatiza o diretor do Centro de Gestão do Conhecimento e da Inovação (CCGI) da Universidade de Rosário.