O reitor da UFMG, Ronaldo Pena, definiu hoje como uma "sucessão de equívocos" o episódio que resultou na ação da Polícia Militar no campus Pampulha, em 3 de abril deste ano, durante tentativa de exibição do filme Grass (Maconha), no Instituto de Geociências (IGC). A declaração foi dada após reunião do Conselho Universitário que analisou o relatório final da Comissão de Sindicância aberta pela Reitoria para investigar o assunto. "O relatório é claro, é conclusivo. Ficou claro que foi uma sucessão de equívocos, de erros, que começa com a professora Cristina (Augustin, diretora do IGC) autorizando que a polícia montada, que faz trabalho de proteção ao patrimônio e às pessoas no campus, fosse chamada", afirmou o reitor. Ronaldo Pena classificou a atitude da diretora do IGC como um erro político grave, mas ressalvou que ela não teve a intenção de transformar aquela situação em um episódio de violência. Por isso, segundo o reitor, o Conselho Universitário decidiu pela não abertura de processo administrativo contra a professora e contra o diretor da Divisão de Segurança Universitária (DSU)*, Mário Sérgio Brescia. A abertura do processo foi proposta por representantes dos estudantes no Conselho. Alguns conselheiros, inclusive o reitor, fizeram também declarações de desagravo em relação à atuação da vice-reitora, Heloísa Starling, no episódio. No dia da ação da PM, ela exercia a função de reitora em exercício, porque Ronaldo Pena estava em missão no exterior. A vice-reitora chegou a ser acusada, por estudantes, de ser a responsável por autorizar a entrada da polícia. O relatório da Comissão de Sindicância, no entanto, isenta Heloísa Starling de qualquer responsabilidade. A reunião do Conselho que analisou o relatório durou cerca de seis horas e terminou agora há pouco. Protesto No relatório apresentado hoje ao Conselho, os integrantes da Comissão de Sindicância responsabilizam a diretora do IGC por autorizar a entrada da Polícia Militar no campus, na noite de 3 de abril. Eles afirmam, no entanto, que a professora não pressupunha a presença de um grande número de policiais no local, nem os fatos que se seguiram. A comissão concluiu, também, que a presença da diretora do IGC e do diretor da DSU no local provavelmente evitaria os equívocos ocorridos na ocasião. A comissão sugeriu, ainda, que sejam melhor esclarecidos os critérios e procedimentos da atuação da PM no campus Pampulha, para evitar problemas semelhantes. Atualmente, a UFMG mantém convênio com a corporação para policiamento preventivo do campus. Leia mais: *Inicialmente, foi publicado que sigla da Divisão de Segurança Universitária era DSG. O correto é DSU, como está no corpo da matéria.
No dia da ação da PM, um estudante chegou a ser preso e dois ficaram levemente feridos. Na semana seguinte, em protesto contra a entrada da polícia no campus, um grupo de alunos ocupou por quatro dias o hall da Reitoria da UFMG.