O aluno de Licenciatura em Artes Visuais da Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, Tales Bedeschi, expõe, até hoje, 8 de julho, 12 xilogravuras que compõem a exposição Matriz Perdida, na Galeria da Passarela da Biblioteca Estadual Luiz de Bessa. As gravuras remetem o visitante à paisagem urbana de Belo Horizonte. Tales Bedeschi também é responsável pela montagem da exposição. A xilogravura é uma técnica de impressão baseada em matriz de madeira. O processo foi fundamental para o nascimento da cultura do impresso e para a disseminação da leitura e da imagem a partir do século XV, no ocidente. Contrastes As imagens das gravuras são baseadas em fotos tiradas do bairro Belvedere, na zona sul de Belo Horizonte, por alunos do curso de História da UFMG. Bedeschi utilizou as fotografias para talhar a matriz xilográfica em 12 etapas. A impressão de cada etapa deu origem a uma xilogravura da exposição, de modo que, reunidas, constroem a narrativa das mudanças do espaço urbano no bairro da capital mineira e na cidade como um todo. A primeira é um recorte da Serra do Curral que, segundo Bedeschi, parece um outdoor, porque somente a parte frontal da montanha, voltada à cidade, foi preservada. A segunda mostra pequenas construções ao pé da montanha. As seguintes revelam a construção de prédios de médio porte e, posteriormente, de grande porte, que vão tampando a paisagem natural, até que não se pode mais ver a montanha. Em seguida, é possível perceber a sobreposição dos edifícios. Tales pretende ampliar o conjunto das xilogravuras, até que a sobreposição de prédios talhados na matriz torne as imagens impressas irreconhecíveis. A continuidade do trabalho é baseada na idéia da anulação do ser humano na proliferação dos edifícios imensos que desfiguram a paisagem urbana. O uso da mesma matriz xilográfica para obter gravuras distintas subverte a lógica da impressão em série da gravura comercial. Explorar a reprodutibilidade da xilogravura e estudar suas possibilidades estéticas são os objetivos da pesquisa A reprodutibilidade da xilogravura como processo de criação, orientada pela professora da EBA Lúcia Pimentel, da qual Tales Bedeschi participa. Matriz Perdida é um dos desdobramentos do estudo. Além de aluno de Licenciatura, Bedeschi também é graduado em Artes Visuais, habilitação em Gravura, pela Escola de Belas Artes da UFMG. Ele ministra o Curso Livre de Xilogravura, realizado na EBA e no Centro Cultural da UFMG, e coordena o projeto ACasa, evento paralelo ao Festival de Inverno da UFMG, realizado em Diamantina. Matriz Perdida
Matriz Perdida revela diversos contrastes, presentes na impressão da gravura talhada na madeira em um fino papel de arroz e também na proposta conceitural das obras, que evidencia a construção do espaço urbano configurada pela arquitetura imponente dos altos edifícios. De acordo com Tales Bedeschi, a concepção das obras foi influenciada pelos questionamentos de Nelson Brissac sobre o desenho da paisagem urbana contemporânea, alterada por novas estruturas metropolitanas.
até 8 de julho
2ª a 6ª, de 8h às 20h
Sábados, de 8h às 12h
Galeria da Passarela
Biblioteca Estadual Luiz de Bessa
Rua da Bahia, 1889, Funcionários
Entrada franca