A UFMG reúne, no dia 22 de outubro, especialistas de renome internacional para discutir as perspectivas da educação superior na América Latina diante dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O seminário temático, promovido pelo curso de Doutorado em Psicologia do Desenvolvimento Humano, acontece às 13h30, no Auditório Sônia Viegas (Fafich), no campus Pampulha. O evento é aberto ao público, sem necessidade de inscrições prévias. Haverá tradução simultânea. Participam do seminário na UFMG o professor emérito de Psicologia na Universidade de Washington (EUA) Earl Hunt; o cientista político Charles Alan Murray, do American Enterprise Institute (Washington/EUA) e Eduardo Fleury Mortimer, professor da Faculdade de Educação na UFMG. Earl Hunt abordará um estudo internacional que compara as demandas do mercado de trabalho e a disponibilidade das habilidades em diferentes países. Discutirá o talento intelectual em países em desenvolvimento e o papel da escolaridade, com exemplos de situações nas quais as pessoas podem adaptar o pensamento ao ambiente ou modelar o ambiente de forma a combiná-lo com as forças cognitivas presentes. Segundo a coordenadora do evento, professora Carmen Flores-Mendoza, do Departamento de Psicologia da Fafich, Charles Alan Murray vem divulgando à imprensa norte-americana uma proposta inquietante: a de que, para boa parte dos jovens, o título universitário é de pouca utilidade, uma vez que informa ao empregador nada além de que “o jovem possui certa quantidade de habilidade intelectual e perseverança”. Murray sugere então a substituição da universidade por uma certificação profissional que qualifique pessoas jovens como aprendizes das carreiras escolhidas. Pisa Os convidados Charles Alan Murray é cientista político. Seu livro mais conhecido é o polemico The Bell Curve: Intelligence and Class Structure in American Life (1994) escrito em co-autoria com o psicólogo Richard Herrnstein. Em 2003 escreveu Human Accomplishment: The Pursuit of Excellence in the Arte and Science, 800 BC to 1950 no qual mostra uma forma de medir o grau de eminência das pessoas em cada domínio do saber. Recentemente publicou Real Education: Four Simple Truths for Bringing America's Schools Back to Reality (2008). Nessa última obra, inspirada na política educacional americana [No Child Left Behind], Murray discute quatro verdades: 1) as habilidades variam, 2) metade das crianças tem um desempenho abaixo da média, 3) muitas pessoas estão indo para a universidade e, 4) o futuro dos EUA depende de como as pessoas talentosas/superdotadas estão sendo educadas. Eduardo Fleury Mortimer é professor da Faculdade de Educação na UFMG. Graduado em Química, obteve seu doutorado na Universidade de São Paulo com a tese: Evolução do atomismo em sala de aula: Mudanças nos perfis conceituais. Durante sua estadia de doutorado, o professor Mortimer visitou a Universidade de Leed, Inglaterra, e publicou: Constructing Scientific Knowledge in the Classroom na revista Educational Researcher um artigo bastante citado na literatura acadêmica internacional como uma referência do sócio-construtivismo. Atualmente é pesquisador do CNPq, Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Educação de Ciência, editor de Educação em Revista, Contributing International Editor for Latin-American and Caribe of Science Education, e membro do corpo editorial de diversos periódicos internacionais em Educação e Educação de Ciência.
Desenvolvido pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Pisa é uma avaliação internacional padronizada, que enfoca medidas de habilidades e competências necessárias à vida moderna. Em 2006, o Pisa avaliou as competências de mais de 400 mil estudantes de 15 anos de idade em 57 países, por meio de um teste abrangente com duas horas de duração. O foco recaiu sobre a área de Ciências, mas a avaliação incluiu também Leitura e Matemática, além de informações sobre os estudantes e suas famílias e os fatores institucionais que possivelmente explicam as diferenças de desempenho. O último PISA, cujos resultados foram divulgados em dezembro de 2007, colocava o Brasil na 52ª posição, uma das últimas posições.
Earl Hunt Hunt é especialista em cognição, sistemas de inteligência artificial e em técnicas relativas às ciências sociais e biológicas. Ele tem ocupado posições em diversos comitês editoriais e foi editor de revistas científicas de grande peso como a Cognitive Psychology e Journal of Experimental Psychology: General. O professor Hunt tem publicado aproximadamente 220 artigos, livros e capítulos.