O forte temporal que atingiu diversas regiões de Belo Horizonte na noite de ontem causou série de estragos no campus Pampulha. Hoje, pela manhã, as maiores evidências da força do temporal eram as dezenas de árvores caídas em todos os pontos da Universidade. De acordo com relato inicial da Pró-Reitoria de Administração, ninguém se feriu. A ocorrência mais grave foi a queda de árvore em carro estacionado na Escola de Música, que exigiu a presença do Corpo de Bombeiros para solucionar o problema. Durante o temporal – que teve duração de meia hora –, diversas unidades também ficaram sem luz, e, segundo noticiário da rádio UFMG Educativa, uma pessoa chegou a ficar presa em elevador na Escola de Engenharia, por cerca de 40 minutos. A falta de luz atingiu mais de 100 mil consumidores na capital, como noticiou a Cemig. Os problemas foram causados também pelos ventos, que chegaram a 50 km/h e trouxeram granizo, sobretudo nos bairros Água Branca e Eldorado, em Contagem, e nas regiões da Pampulha e Noroeste da capital, ainda conforme dados divulgados pela Cemig. No campus Pampulha o temporal acarretou também queda de brises e vidros de janelas do prédio da Reitoria e alagamento na avenida Mendes Pimentel. As águas entraram ainda no subsolo da Reitoria, onde funcionam o Centro de Computação e a TV UFMG. Segundo o coordenador da emissora universitária, Mário Quinaud, dez funcionários se encontravam no local no momento do temporal. "A água inundou corredor, saguão, banheiros, copa e salas da ilha de edição e de gravação", relata. Não houve danos a equipamentos, e os próprios funcionários retiraram a água que corria na sede da TV. As chuvas também afetaram o funcionamento da rádio UFMG Educativa, cujos transmissores, instalados em Contagem, saíram do ar. No momento, técnicos realizam diagnóstico para solucionar o problema. Além disso, antena da emissora instalada no prédio da Biblioteca Central está fora do ar. É por meio dela que a rádio recebe o sinal da Radiobras. Ainda hoje técnicos devem reestabelecer o sinal. Fragilidades A pró-reitora explica que a troca definitiva não foi feita porque a instalação de novas coberturas exige elaboração de projeto e abertura de licitação. O processo está em curso. "Já estamos finalizando licitação para a sede do Teatro Universitário", relata. Os prédios mais atingidos – ICB, ICEx e Química – terão o problema solucionado apenas após o período chuvoso. Conforme explica Ana Maria Motta, a estrutura que suporta o telhado, ainda antiga, é de madeira, e a obra será mais extensa. "O novo projeto deverá alterar essa estrutura para que suporte telha metálica", diz. Outro problema sério e recorrente enfrentado pela comunidade universitária no período de chuvas é a inundação da avenida Mendes Pimentel. O alagamento é provocado pelas águas do córrego Engenho, que corta o campus na altura do anel rodoviário em direção ao aeroporto da Pampulha. A canalização, feita há cerca de 40 anos, segundo Ana Maria Motta, já não suporta o volume de águas na cidade. "Desde que foi feita, Belo Horizonte passou por grandes transformações, seu solo ficou mais impermeabilizado e a rede não é suficiente para receber as águas pluviais e de chuva", avalia. Ela acredita que em um ano a situação deverá ser alterada devido à construção da Bacia de Detenção de Cheias, pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), nos moldes que foi feito na Barragem Santa Lúcia. As obras começaram há cerca de dois meses, no local onde o córrego entra no campus - anel rodoviário. Ali, será construída uma barragem, para onde o leito do córrego será desviado. Ao serem escoadas para a tubulação já existente, e que corta o subsolo da área da UFMG, as águas são "contidas" por um encanamento mais estreito, de 90 centímetros. Isso permite que seja liberado volume adequado à capacidade do canal, evitando as enchentes no campus. Hoje, o volume de água é tão grande que para evitar o rompimento da tubulação foi feita abertura na altura da avenida Mendes Pimentel. Por esse motivo, é a região mais afetada do campus durante as chuvas. "A construção da bacia de contenção vai resolver este problema. Além disso, ele é um projeto social e ambiental importante para toda a região da Pampulha", diz a pró-reitora.
Em entrevista ao site da UFMG na manhã desta quinta-feira, a pró-reitora de Administração Ana Maria Motta disse que o órgão está providenciando levantamento dos estragos provocados pelo temporal, e anunciou as medidas preventivas que estão sendo tomadas para evitar a ocorrência de inundações e outros prejuízos no campus. Ela lembra que, em setembro, a instituição – como de resto toda a cidade – sofreu as conseqüências de forte chuva de granizo. Telhados de diversas unidades de ensino foram quebrados. Logo após, eles receberam tratamento temporário com manta sintética e chapa, colados nos buracos e rachaduras. Infiltrações ainda ocorrem, pois o procedimento, paliativo, não veda todas as fissuras.
Imagens captadas na manhã de hoje pelo radialista Samuel Tou mostram árvores caídas ao lado dos prédios da Reitoria e da Biblioteca Central