As centenas de alunos que lotaram o auditório da Reitoria, nesta segunda-feira, dia 2, durante a abertura da Semana de Recepção aos Calouros, foram estimuladas pelo reitor Ronaldo Pena a fazer uma reflexão “sobre as responsabilidades individuais e sociais que pesam sobre aqueles que ocupam vagas em uma universidade pública”. Ao dar boas-vindas “à nova fornada de jovens” que chega à UFMG, o reitor também destacou a contribuição que a instituição poderá dar à sua formação profissional. “Aqui, as possibilidades de aprendizado são ilimitadas. Dependem apenas do interesse de cada um”. Já a vice-reitora Heloisa Starling, que apontou a UFMG como uma das cinco melhores universidades do país, fez um relato sobre as diferenças de interpretação entre a UFMG e o Tribunal de Contas da União (TCU), que recentemente apontou supostas irregularidades na relação que 16 universidades mantêm com suas fundações de apoio. Ela explicou os motivos que levaram a instituição a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os termos do acórdão do TCU. "Aguardamos uma solução pela via constitucional. O nosso receio é que um novo elenco de normas e exigências colocadas pelo Tribunal impeça o funcionamento da Fundep, trazendo consequências como o fechamento do Hospital de Venda Nova e de algumas alas do Hospital das Clínicas”, disse a vice-reitora, que aproveitou para fazer uma defesa da Fundep, instituição que, segundo ela, tem presença em diversas atividades da UFMG e que sempre prestou suas contas com lisura e transparência. Criada em 1974, a Fundação sempre se submeteu, segundo a vice-reitora, a auditorias externas e internas. Trote e assistência Em seguida, a presidente da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), Rocksane de Carvalho Norton, abordou as políticas institucionais de apoio ao estudante. Segundo Rocksane, a UFMG tem uma das menores taxas de evasão e isto se deve em grande parte ao seu programa de assistência . Parte dos benefícios da Fump é direcionada ao financiamento de moradia, alimentação e saúde para esses estudantes. Além disso, a Fump oferece outro leque de serviços que permite não só a continuidade dos estudos, mas a garantia de que os alunos mais pobres consigam desenvolver suas potencialidades, com acesso a cursos de línguas, intercâmbios, participação em congressos e compra de equipamentos e materiais. Os recursos que mantinham a assistência estudantil provinham de contribuição semestral paga pelos estudantes. A obrigatoriedade desta contribuição foi considerada inconstitucional pelo STF. Rocksane informou que os recursos fornecidos pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil não cobrirão todos os programas existentes na UFMG. Para compensar, a Fump lançou uma campanha de contribuição voluntária. Bônus e diversidade Ela explicou que medidas como essa se enquadram no rol das chamadas “ações afirmativas”, sendo “necessárias quando se constata a exclusão de um grupo, sejam mulheres, pessoas do campo, indígenas e pessoas com deficiências”. Para Nilma, a adoção do bônus é resultado de complexas discussões e representa uma “mudança cultural que busca compreender como a desigualdade pode ser superada”. Ela disse que a Comissão já propôs diversas iniciativas para auxiliar o processo de inclusão dos jovens que ingressam na UFMG . Entre elas, um censo que será realizado com o objetivo de se conhecer melhor as características dessa diversidade. Reuni Mauro Braga disse que a recepção aos calouros ao mesmo tempo em que era a “repetição de um rito” também representava um momento muito singular no ano em que se inicia a implantação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Segundo ele, a UFMG contará, em 2012, com 32 cursos a mais do que tinha em 2007. A maioria das vagas será aberta no período noturno. A programação de abertura da Semana do Calouro foi encerrada com a palestra A expansão da educação superior no Brasil: inclusão, diversidade e qualidade, feita pela secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci.
O diretor para Assuntos Estudantis (DAE), Seme Gebara, abordou a “tradição” do trote e pediu que o “bom senso e a inteligência prevaleçam em detrimento da coerção e da violência”. Seme comentou que casos de trotes violentos não são comuns na UFMG, mas que os que ocorrerem serão tratados como crime. Ele também detalhou as atribuições da DAE. “Estamos de portas abertas para o diálogo sobre qualquer tema do interesse dos alunos, inclusive para o fomento a atividades organizadas pelos estudantes”.
A professora da Faculdade de Educação, Nilma Lino Gomes, que integra comissão de estudos criada para acompanhar as medidas de inclusão social na UFMG, analisou o impacto da implantação do sistema de bônus no vestibular 2009, que acresce 10% na nota do aluno que estudou todo o ensino médio e os últimos quatro anos do ensino fundamental em escola pública e mais 15% para os que também se autodeclararem pardos ou negros.
“Esta é uma atividade simbolicamente muito importante, pois os estudantes são a razão de ser da universidade”. Foi assim que o pró-reitor de graduação, Mauro Braga, destacou a importância de um evento de recepção aos novos alunos. Ele lembrou aos calouros que a formação acadêmica de cada um será custeada por recursos públicos, “pagos, inclusive, por pessoas cujos filhos não terão a mesma oportunidade”.