Com a participação de cerca de 200 pessoas, o auditório da Reitoria foi palco, durante a tarde de hoje, do seminário Jornalismo Independente – liberdade de imprensa, direito à informação e democracia no Brasil. O evento foi mediado pelo reitor Ronaldo Pena. As qualidades de um bom jornalista, a concentração da propriedade dos meios de comunicação, o poder da mídia, o sensacionalismo, as novas tecnologias de informação, o conceito de jornalismo independente, a relação entre o Estado e a imprensa, o direito de resposta e a revogação da lei de imprensa pelo STF foram os temas postos em destaque pelos debatedores - Luis Nassif, jornalista; Venício Lima, professor de Comunicação Social da Universidade de Brasília (UnB) e Luciano de Araújo Ferraz, professor de direito da UFMG. “As informações estão à disposição. A internet é uma base de dados impressionante. Isso tem duas implicações importantes. Por um lado, as pessoas têm agora condições de se defender, no meio virtual, de eventuais denúncias da imprensa e da mídia em geral. Por outro lado, fica mais fácil produzir um escândalo. Um simples problema burocrático pode ser detectado e transformado pela mídia numa denúncia sensacionalista de grandes proporções. A resposta é transparência. Os políticos e as instituições terão que ser o mais transparentes possíveis”, alertou Nassif, ao analisar o impacto do desenvolvimento tecnológico sobre o modelo político vigente no país. Venício Lima, por sua vez, disse que, se entendermos independência como algo livre de qualquer sujeição, não é possível falar de jornalismo independente. “Essa ideia de uma imprensa neutra e objetiva é uma invenção americana”, afirma ele. O professor criticou ainda a propriedade cruzada dos meios de comunicação, isto é, um mesmo grupo empresarial controla um emissora de rádio, uma rede de televisão, um jornal impresso, uma revista e um provedor de internet. Segundo ele, a propriedade cruzada gera um monopólio ou oligopólio da informação, o que não contribui para a construção de uma sociedade democrática. Por fim, Venício Lima afirmou que o direito de resposta tem natureza dupla. “Além de possibilitar a defesa da honra de quem foi lesado, o direito de resposta restaura para a coletividade o direito à informação clara”, argumenta, Luciano Ferraz abordou o jornalismo do ponto de vista jurídico. Ele criticou a forma como os meios de comunicação têm trabalhado. “A presa pelo furo jornalístico atropela os direitos fundamentais. De vez em quando, lemos num jornal que fulano, procurado pela redação, não foi encontrado para comentar a situação. O jornalista telefona de madrugada no domingo para o escritório da fonte; obviamente não a encontra e, como tem pressa em apresentar a denúncia, publica a matéria e ainda diz que procurou o acusado”, critica. Ele defendeu a ponderação entre as liberdades de imprensa e os direitos individuais, como a pressunção da inocência e a inviolabilidade da honra e da privacidade. O evento terminou às 17h40. Por motivo de saúde, Sepúlveda Pertence, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cancelou a sua participação. sugestões de reportagens: portal.ufmg@gmail.com