O segundo país mais populoso do mundo e sétimo maior em área, com 23 línguas oficiais e uma variedade cultural, étnica e religiosa raramente observada em outros lugares. A pluralidade da Índia foi o foco da palestra ministrada hoje na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (Face) pelo professor Abhijit Karkun, da Jawaharlal Nehru University, daquele país. Aproximadamente 70 pessoas compareceram ao auditório 1 da Face para o evento promovido pelo Centro de Estudos sobre a Índia (CEI) e pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI). A palestra foi assistida pelo reitor Ronaldo Tadêu Pena e o cônsul honorário da Índia em Belo Horizonte, Elson de Barros Gomes Júnior. Construção da educação indiana De acordo com o pesquisador, desde o Gurukkul, modelo educacional tradicional na Índia, os principais fatores que transformaram a educação foram a religião e o contato com etnias diferentes. O budismo foi fundamental para o ensino na linguagem comum e para a popularização da produção do conhecimento. No século 17, com a interferência britânica na Índia, a cultura do país entrou em choque com o modelo de sociedade europeu. “A Inglaterra criou grande impacto, disseminando a educação em inglês e despertando a Índia para as reformas sociais”, contou o professor. Segundo ele, então ganharam espaço a educação primária, a universitária e o modelo europeu de ensino, com a relação professor-alunos em salas de aula. Apesar da disseminação do ensino europeu, mantiveram-se modelos alternativos, como o Shantiniketan, hoje uma universidade, e a escola Gandhi e Sabarmati Ashram, que ensinava trabalho manual, agricultura e alfabetização, e hoje é um museu. Índia e sociedade Para ele, o desenvolvimento educacional deixa mais à mostra os desafios que o país enfrenta relativos a pobreza, desemprego e sistema de saúde. Hoje são cerca de 300 milhões de pessoas na linha de pobreza, e número semelhante constitui a classe média urbana na Índia: entre 300 e 400 milhões de pessoas. “Essa é a classe base da sociedade indiana, eles são a força de trabalho e movimentam a economia com hábitos de consumo. ‘Temos que nos divertir na vida’ é o lema deles”, disse o professor. Abhijit Karkun concluiu a palestra abordando a ideia da maioria das pessoas de que a Índia tem sofrido mudanças drásticas nos últimos anos. Para ele, isso realmente acontece se observados os hábitos da população, mas as bases e a cultura da sociedade indiana permanecem.
De tempos em tempos Abhijit Karkun lembrava ao público: “vocês acham que eu esqueci da educação? De forma alguma. Isso faz parte do que é a educação na Índia”. O professor fez uma retrospectiva da cultura indiana desde o início da história do país, apontando desde elementos da arquitetura indiana ate as bases do conhecimento e da religião.
Abhijit Karkun colocou a educação como catalisadora do desenvolvimento social da Índia. “A influência do alcance da educação e do contato com outras culturas provocou o desenvolvimento de vários setores, como literatura e ciência, mas também levou ao ‘despertar do ser’. As pessoas começaram a se questionar sobre a vida social e sobre o papel delas”, explicou o professor.