Quatro pesquisadores da UFMG lançam amanhã, dia 22 de agosto, em Belo Horizonte, o livro Areia, animal, arquivo e alcachofra: quatro ensaios inclassificáveis (editora Tradição Planalto). Eduardo Jorge de Oliveira (responsável ainda pela organização da obra), Luciana Andrade Gomes, Maria Elisa Rodrigues Moreira e Maria Tereza Gomes de Almeida Lima compartilham os problemas da classificação nas obras de escritores como Wilson Bueno, Jorge Luis Borges e Italo Calvino, além do cineasta Peter Greenaway e do amador teatral Antonio Guerra. Ensaios Em "Jorge Luis Borges e Italo Calvino: disseminações e diluições de textos outros”, Maria Elisa Rodrigues Moreira discute o espaço da multiplicidade e do diálogo entre diversos textos e referências culturais que resultam também em conhecimentos múltiplos. Nessas redes textuais, ciência, literatura, filosofia e matemática, entre outros saberes, articulam-se enciclopedicamente, compondo verdadeiros arquivos pelos quais proliferam teorias e ficções. Maria Elisa – que faz doutorado em Literatura Comparada na UFMG – aponta elementos que permitem que se pense a obra desses escritores como verdadeiras bibliotecas. Luciana Andrade Gomes, em “Poéticas do hipertexto: A metáfora do mundo como uma biblioteca na literatura e no cinema”, aborda a reabertura da ideia de enciclopédia nas obras de Jorge Luis Borges e Peter Greenaway, pensando assim um espaço hipertextual de articulação contínua entre literatura e cinema. A partir do estudo de Borges e Greenaway, a estudante de mestrado em Teoria da Literatura pela UFMG amplia as discussões sobre hipertexto, redes e rizomas na contemporaneidade, abrindo espaço para novas reflexões no campo da literatura e das outras artes. Por fim, Maria Tereza Gomes de Almeida Lima, em “Álbuns de recortes: uma leitura reticular”, analisa a produção do amador teatral são-joanense Antonio Manoel de Souza Guerra, que de 1960 a 1984 confeccionou 13 “álbuns” de recortes teatrais. Seus primeiros objetos foram montados a partir dos “papéis” que o teatrólogo guardou desde 1905. Relacionando os textos verbais e não-verbais que compõem o material pesquisado, Maria Tereza, doutoranda em Literatura Comparada na UFMG, estabelece o diálogo entre textos de diversos gêneros, diferentes linguagens e variadas áreas do conhecimento – literatura, teatro, jornal, história, fotografia. O livro tem preço sugerido de R$ 25. Outras informações sobre o lançamento pelo telefone (31) 3225-9973.
O lançamento vai acontecer das 11h às 13h, na livraria Café com Letras (rua Antonio de Albuquerque, 781, Savassi).
Eduardo Jorge de Oliveira, em "Um zoológico distante, invisível", aborda a representação animal na obra do escritor paranaense Wilson Bueno, assim como as questões de organização e classificação nos zoológicos. Nesta visita à obra de Bueno, Eduardo Jorge, que cursa mestrado em Teoria da Literatura na UFMG, ainda reflete sobre a questão das vozes animais nas obras de poetas como Carlos Drummond de Andrade e Jacques Roubaud e também na teoria literária, com breve análise de procedimentos do Formalismo Russo.
Na abertura do livro, trecho de Ítalo Calvino marca bem o papel da literatura perante os problemas de classificação e o processo de reflexão desses autores: "A realidade do mundo se apresenta a nossos olhos múltipla, espinhosa, com estratos densamente sobrepostos. Como uma alcachofra. O que conta para nós na obra literária é a possibilidade de continuar a desfolhá-la como uma alcachofra infinita, descobrindo dimensões de leitura sempre novas".