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A memória foi o tema da primeira mesa-redonda do simpósio Interdisciplinaridades nas neurociências, aberto hoje. O professor Gilberto Xavier, da USP, destacou que a memória se define pela recordação e que vários fatores influenciam no processo de armazenamento das informações, como o fator afetivo e emocional. “No caso de experiências traumáticas, é normal a pessoa fazer um esforço para não se lembrar, uma vez que a lembrança é desagradável. Com o passar do tempo, o indivíduo pode ter dificuldades para acessar essa informação, mas ela está lá e o influencia”, explicou. “Quando não há recordação de um fato, a pessoa pode não ter arquivado aquela informação, ou seja, se esquecido, ou apenas não conseguir acessá-la.” Gilberto Xavier salientou ainda que o cérebro é uma grande rede associativa e há a necessidade de diferentes níveis de análise para se estudar a memória. “O sistema nervoso está em constante transformação.” O professor Gustavo Gauer (UFMG), que abordou a Neurofenomenologia da recordação e simulação episódicas, ressaltou que a memória episódica é formada, entre outros fatores, pela revivência, pela volta no tempo e pela crença no que aconteceu. Isso faz com que os eventos recordados sejam diferentes dos imaginados. Uma metáfora entre a mente e o computador foi traçada pelo professor Victor Haase (UFMG). “Segundo essa metáfora, a mente é um sistema de processamento da informação, mas, na verdade, o cérebro é resultado de um processo de seleção natural.” Ainda de acordo com Haase, existem diferentes sistemas de armazenamento das informações verbais, espaciais e de outros tipos. A doutoranda Letícia Rezende apresentou seu projeto, Perfil proteômico do tálamo e aspectos cognitivos em modelo experimental de neurodegeneração, cujo objetivo é verificar a relação da ausência de vitamina B1 com modelos de degeneração, como disfunções neuroquímicas e comportamentais, entre elas a deficiência de aprendizado e memorização. A mesa-redonda Memória foi coordenada pelo professor Leandro Malloy-Diniz, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Temas Além da memória, depressão, transtorno bipolar, epilepsia, musicorerapia, doença de Alzheimer e doença de Parkinson serão alguns dos temas abordados durante o simpósio. A programação completa pode ser conferida no site www.ufmg.br/3simposioneurociencias. O evento é organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Neurociências, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB).
O simpósio Interdisciplinaridades nas neurociências se estende até amanhã. De acordo com os organizadores, o objetivo do evento é propiciar a divulgação do conhecimento produzido por diversos grupos do país e debater as condições de produção científica e a formação de recursos humanos.