Teve início oficialmente, esta manhã, a segunda etapa do projeto desenvolvido na UFMG que visa à redução de emissão de dióxido de carbono (CO2) por indústrias poluentes. O convênio de cooperação técnica e científica foi assinado pela Universidade e pelos parceiros: a empresa Amatech – Ama Soluções Tecnológicas, Fapemig e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais. Os pesquisadores Geraldo Magela de Lima e Jadson Cláudio Belchior, do Departamento de Química, que se dedicam há dois anos ao projeto, produziram esferas cerâmicas que atuam como filtro e capturam moléculas de gás carbônico nos sistemas de exaustão das indústrias. Diferentemente de outros processos de absorção do gás, este tem custo muito baixo e prevê a reciclagem do CO2, transformando-o em insumo para a fabricação de tecidos e plásticos, por exemplo. A segunda etapa pretende ampliar a capacidade de captura de 40% para 60% e pesquisar formas de lidar com o gás carbônico já lançado à atmosfera, entre outros objetivos. A solenidade de assinatura do convênio reuniu, além dos pesquisadores envolvidos no projeto, o reitor da UFMG, Ronaldo Pena, o pró-reitor de Pesquisa, Carlos Alberto Tavares, o diretor de Planejamento, Gestão e Finanças da Fapemig, Paulo Cleber Pereira – que representava o governo do estado – e o diretor da Amatech André Rosa. A empresa já investiu cerca de R$ 1 milhão. A segunda etapa terá custo total de R$ 2,1 milhão – R$ 1,3 milhão em recursos do governo do estado e R$ 800 mil da Amatech. Ronaldo Pena afirmou que, diante de perspectivas negativas para o futuro do clima global, a iniciativa se destaca principalmente pela promessa de “importante contribuição para melhorar as condições de vida no planeta”. Depois de ressaltar a vertente tecnológica das atividades do Departamento de Química da UFMG, mais conhecido como área básica que ajuda a formar profissionais de diversas áreas, o reitor lembrou a importância da parceria com as empresas. “Além de um governo ético e centros de pesquisa comprometidos com o conhecimento, o país precisa de empresas que compreendam sua função social. Não devemos copiar ou comprar modelos, mas desenvolvê-los”, ele disse. Reciclagem Segundo Geraldo Lima e Jadson Belchior, a pesquisa, cuja segunda etapa vai durar 36 meses, fornece tecnologia preventiva e abre perspectivas para medidas corretivas em larga escala. Lima lembrou que o processo de mudanças climáticas “é crescente e até agora irreversível”, e também por isso é importante que os estudos se estendam para a busca de soluções que visem reduzir o dióxido de carbono existente na atmosfera. O pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Carlos Alberto Tavares, chamou a atenção para os recursos privados que viabilizam a aplicação de tecnologias desenvolvidas nas universidades e para o papel desempenhado pela UFMG. “A inovação tecnológica é o caminho para o desenvolvimento do país, e a Universidade tem participado ativamente desse processo.” Leia mais em matéria do Boletim UFMG.
O depósito de patente para o produto foi feito em março deste ano, e a Amatech poderá comercializá-lo a partir de dezembro. O depósito internacional deverá ser feito até fevereiro de 2010, com titularidade dividida entre a UFMG e a Amatech. André Rosa, diretor da empresa, lembrou que um dos próximos passos é a elaboração de uma estrutura para instalação das esferas de cerâmica nas chaminés das fábricas. E destacou que a tecnologia reproduz o ciclo da fotossíntese, com a reciclagem do gás carbônico. A própria esfera cerâmica poderá ser reutilizada até dez vezes. Ele afirmou sua satisfação com a força e os resultados da parceria com a UFMG. “É fácil acreditar nas pessoas quando elas têm capacidade”, disse André Rosa.