Discutir o interesse público das cidades e as micropolíticas de ocupação do espaço urbano que favoreçam a criatividade, participação, coexistência, convívio e ações colaborativas é o objetivo da oficina Cidade: modos de usar, uma das 21 que serão oferecidas durante o Festival de Verão UFMG 2010. A atividade será ministrada pela artista plástica, mestre em arquitetura e doutora em geografia Renata Márquez, professora da Escola de Arquitetura da UFMG, e pelo arquiteto, mestre em arquitetura e pesquisador Wellington Cançado, professor de design e arquitetura na UFMG. Alguns textos que inspiraram a proposta da oficina serão discutidos como momentos introdutórios ou de reflexão: Morte e vida de grandes cidades, de Jane Jacobs, de 1961; A vida: modo de usar, de Georges Perec, de 1978; além de textos da revista Urbânia nº 3, da editora Graziela Kunsch; e projetos do livro Espaços colaterais, de autoria dos professores Renata e Wellington, de 2008. “Além disso, a oficina será um lugar de apresentação e desenvolvimento de propostas simples e viáveis de interferência nos fluxos urbanos”, explica Renata. A professora salienta que todos os cidadãos podem interferir no processo de “morte e vida” das cidades. “Serão discutidos mecanismos e potencialidades de pequenas ações urbanas e da criação de redes de vizinhança e estratégias de comunicação comunitária e colaborativa”, diz. A oficina incentivará os participantes a pensar micropolíticas: intervenções, eventos, panfletos, cartilhas, manuais, blogs, mídias locativas e práticas espaciais relacionados à vida urbana. Durante a oficina, serão discutidos também projetos e ações de arquitetos, artistas, cidadãos e comunidades que inventam “modos de usar” a cidade. “Como exemplos poderíamos falar da construção de mobiliário de lazer pelos próprios moradores, blogs comunitários, mapeamentos colaborativos na internet, uso efêmero de espaços públicos por vizinhanças ou grupos – piquenique, bazar de trocas, horta”, afirma a professora. Crítica “As ruas, como consequência, tornam-se vazias de acontecimentos, de convívio, de diversão, de trocas. A homogeneização vira a regra da paisagem e o espaço público um perigo iminente. O simples ato de passear, caminhar, visitar lugares torna-se uma experiência inóspita e desencorajadora; os pedestres parecem excluídos da vida urbana”, ressalta Renata Márquez. Cidade: modos de usar As inscrições para as oficinas serão abertas no dia 1º de fevereiro e poderão ser efetuadas no site da Fundep ou nos postos de atendimento da Fundação, no campus Pampulha e no Conservatório UFMG, das 8h às 18h. A taxa de inscrição é R$ 20. Leia também: Festival de Verão da UFMG é alternativa cultural durante o carnaval
De acordo com a professora Renata Márquez, a oficina também estimulará uma reflexão sobre o modelo urbanista moderno, que, segundo ela, propõe uma concepção desumanizada de progresso e uma vida urbana baseada na eficiência e na circulação de veículos. Para fundamentar essa crítica, ela recorre a autores como a canadense Jane Jacobs (1916-2006), que escreveu: “Talvez nos tenhamos tornado um povo tão displicente, que não mais nos importamos com o funcionamento real das coisas, mas apenas com a impressão exterior imediata e fácil que elas transmitem”.
Vagas: 20
Carga horária: 20 horas/aula
Período: 13 a 16 de fevereiro
Horário: 14h às 18h30
Local de realização: Escola de Arquitetura da UFMG - rua Paraíba, 697, Funcionários, Belo Horizonte
Inscrições para o Festival de Verão serão abertas em 1º de fevereiro