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“É o esporte que escolhe a gente e não o contrário.” Para o medalhista olímpico do salto triplo e atual professor universitário Nelson Prudêncio, que participou nesta sexta-feira, 26, de mesa-redonda na Faculdade de Educação Física, Fiosioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, o bom rendimento em determinada modalidade esportiva é consequência do funcionamento metabólico de cada indivíduo. “Os atletas que obtêm resultados expressivos em competições apenas têm uma carga genética propícia e a desenvolvem com treinamento”, argumentou. Ao lado do diretor da Unidade, Emerson Silami, e do coordenador do Centro de Excelência Esportiva, Leszek Szmuchrowski, Prudêncio relembrou a história do atletismo brasileiro, sua trajetória como atleta e ressaltou a importância das universidades para o desenvolvimento do esporte no Brasil. “As universidades precisam apresentar programas e modelos para serem implantados nas escolas”, disse. De acordo com o ex-atleta, a escola não é lugar de treinamento, mas o ambiente propício para vislumbrar talentos. “Nós, professores de educação física, temos que ter um 'olhômetro'. Precisamos olhar para um garoto e pensar: ele pode render em determinada área.” Prudêncio lamentou que, ainda hoje, o atletismo seja percebido por muitos como “um negócio de correr e pular”, mas afirmou que as condições para a prática do esporte no país vêm melhorando desde o fim da década de 1970. Presidente da comissão de atletas da Confederação Brasileira de Atletismo, Nelson afirmou que a entidade vem oferecendo, a longo prazo, a infraestrutura necessária para a prática do atletismo no Brasil e já está investindo na formação de atletas visando às Olimpíadas de 2016. O evento foi realizado em parceria com a Caixa Econômica Federal. Trajetória Em pouco tempo, Prudêncio transformou-se no principal atleta brasileiro da modalidade. Nas Olimpíadas de 1968, no México, ele chegou, por alguns minutos, a deter o recorde mundial. Mas na mesma competição o soviético Viktor Saneyev saltou 17,37 metros e ficou com o ouro. Prudêncio ganhou a prata ao saltar 17,27 metros. Quatro anos depois, ganhou a sua segunda medalha olímpica: bronze, nos Jogos de Munique. Em 1987, foi eleito um dos dez melhores triplistas do Jubileu de Diamante da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo). Doutor em atletismo pela Universidade de Campinas (Unicamp), Prudêncio é professor da Universidade Federal de São Carlos (SP).
O ex-atleta contou que trabalhava como torneiro mecânico quando foi convidado para praticar o salto triplo pela primeira vez, aos 20 anos. “Eu só podia treinar no sábado, por causa do trabalho. Então tenho que agradecer a minha carga genética.”