O Museu do Holocausto, em Berlim, reproduz fielmente os ruídos propagados nos campos de concentração de judeus. Lá, o visitante sente na pele o frio das grandes construções de concreto e o desespero de se ver acuado em um labirinto. No Museu Histórico de Amsterdã, a experiência é mais agradável, mas não menos real: o frequentador fica com a sensação de estar pedalando cidade afora, pois lá existe uma bicicleta que, quando movimentada, projeta imagens feitas nas ruas. E, em Belo Horizonte, no recém-inaugurado Espaço TIM UFMG do Conhecimento, há mesas sensíveis ao toque que permitem a criação de organismos virtuais e linha do tempo interativa com animações sobre a evolução da vida na terra. Não importa se em Berlim, Amsterdã ou Belo Horizonte, os museus contemporâneos se transformaram em grandes aliados do aprendizado, justamente porque incorporam novas tecnologias para aprimorar a “cumplicidade” dos visitantes com os objetos observados. Evoluções como essa são tema das reflexões do Laboratório de Estudos Museu e Educação (Leme), da Faculdade de Educação da UFMG. Foi-se o tempo em que a relação entre uma criança e uma peça de museu era mediada pelo olhar contemplativo e distante. “Pesquisas recentes em educação revelam que a interação física, envolvendo movimentos do corpo, como pegar, sentir e experimentar, aumentam em grande escala a compreensão de objetos desconhecidos”, explica a pesquisadora Ana Paula Bossler, integrante do Laboratório. Esta semana, de 5 a 9 de abril, o grupo realiza, na Faculdade de Educação, o encontro Tecnologia e Educação, que discutirá áreas de interseção entre museus e escolas. Aberto a alunos da graduação, pós-graduação e educadores de museus, o curso oferece sessões práticas que trabalharão temas como animação com massinha de modelar e blogs. Em encontros como esse, o Leme busca favorecer a troca de experiências: “Se uma ação torna a presença de alunos mais interativa e divertida em um museu, é importante que ela seja analisada e adotada por outras instituições do gênero”, explica Ana Paula. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por email. Os interessados devem mandar uma solicitação para paula.bossler@gmail.com, ou entrar em contato com o Leme pelo telefone (31)4102-3331, com Luciana Zenha Coautoria O Leme também desenvolve pesquisas a respeito da origem dos museus e seus discursos, além de ações de extensão para a formação de agentes culturais (monitores) e professores que atuem em instituições da Região Metropolitana de Belo Horizonte. (Boletim UFMG n. 1689)
O grupo dedica-se, desde 1999, a entender o que faz do museu um lugar de propagação do conhecimento e o que pode ser feito para torná-lo mais atrativo e proveitoso. No ano passado, o Leme finalizou um relatório a respeito de cinco museus em Belo Horizonte – Histórico Abílio Barreto, Mineiro, de Ciências Morfológicas da UFMG, de Ciências Naturais da PUC Minas, de Artes e Ofícios – e o Instituto Inhotim, em Brumadinho. Uma das conclusões do estudo aponta que a maioria dessas instituições hoje se preocupa em envolver os professores na formulação de programas de visitas para escolas. “Quase todos os museus analisados oferecem informações aos professores antes da elaboração do circuito da visita. Eles passam a ser coautores do roteiro, o que ajuda a atender melhor às necessidades de seus alunos”, afirma Ana Paula Bossler.