Ficção, documento, arte ou simplesmente forma de percepção do real? Para a professora Patrícia Franca-Huchet, da Escola de Belas-Artes (EBA) da UFMG, a fotografia é, na verdade, “insodável”, uma vez que pode ser usada em todos os domínios do saber. “Definir o que é fotografia é interessante, porque podemos abordá-la historicamente, culturalmente, economicamente”, diz. A docente é uma das organizadoras do colóquio A construção do real: imagem, documento, ficção, que será realizado hoje e amanhã, dias 15 e 16, no auditório Álvaro Apocalypse da EBA. O evento marca a reestruturação do grupo de pesquisa Bureau de estudos sobre a imagem e o tempo, que agora passa a se dedicar às práticas artísticas cujos propósitos se voltam para o estatuto da imagem, com abordagem aberta à história, literatura, e à antropologia do visual. “Esse grupo funcionava como Concepções contemporâneas da arte e era mais voltado para a área da curadoria e motangem de exposições”, explica. Um dos convidados do Colóquio é o professor da Université de Paris VIII André Rouillé, autor do livro Fotografia entre Documento e Arte Contemporânea, publicado no Brasil pela Editora Senac. “No livro ele distingue a arte dos fotógrafos da fotografia dos artistas”, comenta Patrícia. De acordo com ela, a primeira denominação se refere aos fotógrafos que o são por profissão, enquanto a segunda diz respeito aos artistas que envolvem a fotografia em suas práticas. Rouillé ministra, no próximo dia 15, a palestra O documento possível ou as verdades relativas da fotografia. De acordo com o professor francês, nos últimos 25 anos do século XX a fotografia passou do domínio da impressão para o domínio da alegoria, por isso é possível falar sobre em verdade da impressão – na foto documentária –, verdade alegórica – na foto da arte – e verdade da rede – na foto numérica. “Hoje todo mundo tem acesso à fotografia, mas a velocidade das imagens as deixa um pouco esvaziadas de sentido”, afirma Patrícia. Ela conta que, durante uma viagem recente, constatou que “todo mundo fotografa igual”. "As poses são sempre as mesmas, porque a pessoa já fotografa pensando em colocar no orkut, ou enviar por email”. Entretanto a professora ressalta que a percepção de uma imagem depende de seu contexto e da bagagem cultural de cada indivíduo. “O que eu vejo não é que você vê”, alerta. Para ela, “o contexto onde as coisas acontecem determinam a relação do espectador com a fotografia. “É diferente observar uma fotografia em uma galeria de arte e em um cartaz publicitário, por exemplo”, conclui. Convidados Nesta sexta, dia 16, às 17h, haverá o lançamento do livro A Fotografia entre documento e arte contemporânea, na Livraria Quixote (rua Fernandes Tourinho, 274). As inscrições para o evento podem ser feitas pelo endereço bureau.estudos.imagem.tempo@gmail.com. Basta enviar nome completo, telefone e endereço. Confira a programação completa 15/04/2010 - quinta-feira 16/04/2010 - sexta-feira 17h Lançamento do Livro A Fotografia entre documento e arte contemporânea, de André Rouillé. Livraria Quixote (rua Fernandes Tourinho, 274)
Além de André Rouillé, o Colóquio terá participação dos pesquisadores César Guimarães, Rosângela Pereira de Tugny, Maria Angélica Melendi, Stéphane Huchet, Fernanda Goulart, Anna Karina Castanheira Bartolomeu e Hélio Alvarenga Nunes, todos da UFMG e da professora Susana Dobal, da Universidade de Brasilia, que também é organizadora do evento.
8h30 Abertura
9h00 Anna Karina Bartolomeu
9h45 Fernanda Goulart
10h30 Intervalo (15 minutos)
10h45 Maria Angélica Melendi
11h30 César Guimarães
12h15 Debate
Debatedora: Susana Dobal
14h00 Susana Dobal
14h45 André Rouillé
17h00 Debate
Debatedor: Stéphane Huchet
9h00 Hélio Nunes
9h45 Rosângela de Tugny
10h30 Intervalo (15 minutos)
10h45 Patricia Franca-Huchet
11h30 Stéphane Huchet
12h15 Debate
Debatedor: César Guimarães