Em 1980 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a erradicação da varíola no mundo. Três décadas depois, o feito ainda pode ser considerado como o mais importante da virologia humana, de acordo com o coordenador do programa de pós-graduação em Microbiologia do ICB, Cláudio Antônio Bonjardim. Transmitida pelo Orthopoxvírus variolae, a varíola foi a primeira doença infecciosa extinta pela vacinação preventiva. “Isso foi possível porque esse vírus tem a capacidade de infectar basicamente humanos”, afirma Bonjardim. O mesmo não acontece com vírus como o do HIV, por exemplo, ou da Influeza (que causa gripe), que podem se hospedar em outro animais. “Até existem vacinas para essas doenças, mas sem muita eficácia”, lembra o pesquisador. Apesar de a doença ter sido erradicada, o Orthopoxvírus variolae continua conservado em alguns laboratórios nos Estados Unidos e na Rússia. “Esses laboratórios cuidam para que esse vírus não seja usado para fins escusos. Mas ainda há um temor de ele possa ser usado com arma química”, alerta Bonjardim. Esse receio se tornou mais forte sobretudo após os atentados de 11 de setembro. “É um vírus altamente disseminável. Qualquer espalhamento mínimo dele no ar poderia trazer um enorme dano”, diz. Segundo o pesquisador, atualmente os estoques da vacina são restritos, pois desde 1980 não se realiza vacinação contra varíola em larga escala. “A vacina pode trazer efeitos colaterais, então, muitas vez, ao invés de ser benéfica, a vacincação pode trazer danos para a pessoa”, explica. Passado, presente e futuro O evento terá participação do coordenador da Unidade Técnica de Informação, Gestão do Conhecimento e Comunicação da Organização Pan-Americana de Saúde, João Batista Risi Jr. “Ele participou da fase final da campanha de vacinação e vai falar sobre a história da doença”, conta Bonjardim, que falará sobre Prospeção de potenciais drogas antipoxvirais. O Fórum vai abordar ainda a emergência da vacina bovina no Brasil e os aspectos imunológicos das infecções humanas por orthopoxvirus na era pós erradicação da varíola. “A ideia é falar também do presente e do que vai ser feito, como o desenvolvimento de novos antivirais”, afirma o pesquisador. O evento é promovido pelo programa de pós-graduação em microbiologia do ICB e será realizado das 14h às 17h. A participação é aberta ao público e não é necessário inscrição prévia. Confira a programação na página do ICB. Seminário internacional O evento terá palestrantes dos Estados Unidos, França, Índia, China, Japão, Rússia, México, Canadá, Itália, Noruega e outros países. Os painéis discutirão lições de países endêmicos da varíola, programas do legado utilizando a experiência da varíola, desafios da saúde global para o século 21, perspectivas históricas de eventos relacionados à erradicação da varíola, entre outros. O encontro será realizado no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública, no campus da Fiocruz. Mais informações no endereço http://smallpox2010.org (Com Fiocruz)
Outra preocupação recente é com a reemergência da doença em bovinos, que pode ter como consequência a infecção humana. Todas essas questões serão discutidas em Fórum no próximo dia 14, no anfiteatro III e saguão do ICB.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também realiza seminário sobre o tema, de 24 a 27 de agosto, no Rio de Janeiro. O Simpósio Internacional 30 anos de Erradicação da Varíola reunirá profissionais da saúde com o objetivo de que iniciativas e novas parcerias possam auxiliar na erradicação de outras doenças, como a poliomielite.