Estudos do pesquisador Felipe Santos Nunes, do programa de pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais do Instituto de Geociências (IGC), revelam que a atividade de extração da castanha-do-brasil é também uma alternativa eficiente para evitar a destruição da Floresta Amazônica. Em dissertação defendida em março deste ano, Nunes expõe conclusões que sinalizam que é possível aliar o aumento da rentabilidade do processo extrativista à prevenção ambiental, a partir de investimentos em seu beneficiamento e extração. “O estudo mostra que as áreas da floresta com vocação para o extrativismo podem ser rentáveis sem que sejam utilizadas para agricultura e pecuária, atividades mais agressivas ao ecossistema”, afirma Nunes. Para simular as situações de comparação entre produtividade e rentabilidade do produto, foi escolhida a região de Madre de Dios, Peru, que faz fronteira com o departamento de Pando na Bolívia e o estado do Acre no Brasil. “Optamos por essa área porque lá encontramos uma cadeia produtiva consolidada de castanha-do-brasil, além de uma altíssima densidade de castanheiras”, explica o pesquisador. A partir dos dados coletados em trabalhos de campo na região, ele criou, a partir de modelos espaciais, três cenários baseados nos diferentes níveis de beneficiamento e produtos comercializados. O primeiro indicou que, quando a castanha era vendida com casca (sem beneficiamento), a renda anual da região, obtida em dólares, era de US$3,67 milhões. A segunda situação serviu para estimar a rentabilidade da castanha sem casca (beneficiada) e o resultado foi bem mais significativo: US$9,45 milhões por ano. No terceiro e último cenário, analisou-se a rentabilidade da castanha beneficiada e certificada, e o resultado da rentabilidade anual foi de US$10,2 milhões. As três simulações tomaram como referência área de um milhão de hectares. Segundo Felipe Nunes, os dados demonstram que a extração da castanha do Brasil, quando realizada com os subsídios necessários, é rentável e contibui para a preservação da Floresta Amazônica. Ele explica que, como a renda com a castanha beneficiada e/ou certificada é maior, os coletores não precisariam obrigatoriamente recorrer a outras atividades durante o ano, após o período de extração, para aumentar a renda familiar, como a pecuária e a agricultura. “Os coletores em Madre de Dios são concessionários, e não proprietários das terras. Além disso, muitos deles não têm acesso aos processos de beneficiamento do produto”, conta o pesquisador, lembrando que a exploração da castanheira, mesmo realizada somente na época chuvosa (entre os meses de dezembro e abril), é uma das principais atividades econômicas da região, empregando cerca de 30 mil pessoas. Acesse aqui a reportagem completa, publicada na edição 1690 do Boletim UFMG.