Balas, produtos de limpeza, pasta de dentes, pastilhas para garganta, medicamentos e cosméticos. O que todos esses produtos possuem em comum é o mentol em sua composição. Amplamente utilizado na indústria, o produto químico é encontrado em forma natural em óleos essenciais de plantas do gênero mentha. Mas há formas de obtê-lo a partir de outras substâncias. Coordenado pela professora Elena Goussevskaia, um grupo de pesquisadores do Departamento de Química da UFMG desenvolveu uma tecnologia para produzir mentol sintético utilizando óleo essencial de eucalipto. Com isso, um produto abundante no Brasil poderá ser transformado quimicamente em outro de maior valor agregado. Como quase todo o mentol usado hoje no país é importado, a tecnologia da UFMG pode resultar também em economia para as contas nacionais. O novo produto é resultado da aplicação de um processo químico inovador - o uso de um catalisador que transforma o citronelal, presente no óleo de eucalipto da especie Citiodora, em mentol. "Utilizamos uma pequena quantidade de catalisador não corrosivo que depois é facilmente separado por meio de reação por decantação ou centrifugação, permitindo sua recuperação e reutilização em outro processo", conta a pesquisadora Patrícia Robles-Dutenhefner. Rendimento Além disso, segundo Patrícia, como o procedimento é mais simples, com poucas etapas, o escalonamento industrial da tecnologia poderá ter custos reduzidos, tornando a produção mais barata que a dos concorrentes internacionais. Atualmente, o consumo mundial de mentol natural chega a 15 mil toneladas por ano e 3 mil toneladas da versão sintética. O Paraguai e a Índia atendem 80% desse mercado. Pedido de patente nacional para a tecnologia já foi solicitado. (Com Sebrae)
Os testes de laboratório demonstraram ótimo rendimento do processo, sendo que o mentol produzido possui as mesmas características de aroma do produto disponível no mercado. O processo utiliza ainda condições mais brandas de temperatura e pressão, o que implica menor gasto de energia.