A Uniclon Biotecnologia – empresa pré-incubada na Inova UFMG, cujos sócios são pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas e da Enzytec Consultoria em Biotecnologia – desenvolveu conjunto de enzimas de alta qualidade para testes de diagnóstico bioquímico in vitro. A principal inovação da tecnologia é a aplicação de conhecimento de engenharia de proteínas e bioinformática que permitem modificar a estrutura química das enzimas e, assim, gerar novas variedades da molécula. O resultado é um conjunto mais eficiente, mais estável e de menor custo de fabricação. O novo produto atende à demanda de empresas que fabricam e comercializam kits de diagnóstico e que, hoje, precisam importar as enzimas. Exames de diagnóstico in vitro servem para identificar e quantificar substâncias químicas em amostras de tecidos, sangue, urina, secreções do corpo humano, entre outras. Vários tipos de exames, como os reagentes de glicose, ácido úrico, colesterol e triglicérides, utilizam enzimas fabricadas sinteticamente em suas formulações. As enzimas são proteínas com atividade catalítica, ou seja, elas aceleram reações químicas que regulam diversos processos biológicos no organismo. "Em Minas Gerais, há um parque industrial muito dependente desses componentes, que vêm de fora do país", ressalta o professor Vasco Azevedo, sócio da Uniclon. "Nós vimos aí uma oportunidade de negócio, já que dominamos a técnica de engenharia de proteínas para produzir enzimas para esses exames", diz. Diferenciais "O processo envolve recursos de bioinformática e o conhecimento registrado em bancos de dados, tornando-o ágil e menos dispendioso, pois exige menos tempo em laboratório e menor quantidade de testes para desenvolver uma enzima", explica Santos. Além desses diferenciais, o método possibilita o melhoramento de mais de um parâmetro funcional da enzima ao mesmo tempo, o que na maioria das vezes não é permitido nos métodos tradicionais. "Produzimos uma enzima melhor e mais barata", diz Santos. Outra vantagem para o mercado-alvo da tecnologia está no aspecto logístico. As empresas que montam os kits poderão substituir a importação de matéria-prima e contar com suporte técnico e atendimento diferenciado. As primeiras enzimas desenvolvidas para produção em escala comercial pela Uniclon foram para detectar o nível de triglicérides no sangue. Estágio Os pesquisadores pretendem registrar pedido de patente dessas variedades da molécula, obtidas por engenharia de proteínas. Atualmente, não há, no país, empresa que produza e forneça enzimas para reagentes de exames in vitro.
Vasco Azevedo e Túlio Santos desenvolveram processo que permite aperfeiçoar qualquer proteína por meio do conhecimento da relação entre a estrutura da enzima e seus parâmetros funcionais. Assim, modificando certos elementos da sequência de aminoácidos, características como a velocidade de reação e a estabilidade físico-química podem ser melhoradas.
Os testes em escala das novas enzimas já foram concluídos. A próxima fase do projeto consiste em validar esses resultados em uma planta-piloto com o objetivo de evidenciar as especificações técnicas exigidas pelas empresas que montam os kits de diagnóstico.